Por Bruno Soares, cofundador e CEO da Feedz, de Florianópolis
O processo de contratação de um funcionário é longo e oneroso para as empresas. Uma vez que não é simples encontrar pessoas disponíveis no mercado que tenham fit com o negócio, a equipe e o cargo. Enquanto o profissional ideal não é encontrado, a equipe fica sobrecarregada com o acúmulo de funções, tendo o desempenho reduzido. Considerando este cenário, parece que depois da contratação da pessoa ideal, está tudo perfeito. Mas não é bem assim, se o processo de recrutamento e as práticas de retenção não forem feitas da melhor maneira possível, o risco de turnover, ou seja, do funcionário novo deixar a empresa logo após a contratação, é grande.
Além de gerar retrabalho, o turnover é caro para o negócio e prejudicial para o desempenho e a motivação da equipe. Para evitá-lo, o primeiro passo é olhar as causas. Neste artigo, comento sobre os cinco principais motivos pelos quais pessoas recém-contratadas podem não se adaptar ao negócio e sair.
1- Desalinhamento com a cultura: Como a empresa funciona, como funcionários se comportam e a forma que o trabalho é executado são elementos que fazem parte da cultura. Se o recém-contratado não estiver alinhado com a cultura e com os valores do negócio, dificilmente se adapta-rá à rotina e se sentirá pertencente ao ambiente. Isso faz com que ele repense sua atuação e, por vezes, peça para sair. Para evitar essa situação é crucial que ainda na etapa de seleção os pilares da cultura do negócio sejam apresentados, e seja avaliada a compatibilidade do candidato neste quesito. Pessoas que não têm os mesmos valores que o negócio dificilmente se adaptarão a eles, além disso, quando não há fit de valores, é muito custoso psicologicamente também para o colaborador, gerando ansiedades e insatisfações.
2- Onboarding deficitário: Logo que um funcionário novo chega é necessário realizar o onboarding para que ele conheça e se adapte aos processos e as rotinas do negócio. Se isso não é feito, ou é mal feito, o novo colaborador se sentirá perdido e desamparado, não conseguindo executar seu trabalho em plenitude, gerando desmotivação. A melhor forma de evitar isso é desenhar um processo de onboarding completo, com apoio nos primeiros meses, apresentação de processos, pessoas e documentos, além de reuniões com a equipe para ambientação.
3- Falta de transparência: Muitas empresas prometem “mundos e fundos” para o candidato no recrutamento e quando este chega para trabalhar, descobre que não é como imaginava. Algumas vezes a função não corresponde com o que foi dito, ou a estrutura do negócio é diferente da descrita e até mesmo questões culturais e salariais são maquiadas na hora da entrevista. A melhor forma de reter um colaborador é ser sincero sempre, desde o processo seletivo, falando a verdade sobre as funções diárias, funcionamento e momento do negócio, cargos e salários, além, como já pontuei, da cultura empresarial.
4- Falta de políticas de retenção: Muitas vezes as pequenas empresas não conseguem competir com as grandes no quesito de proposta salarial, mas o principal diferencial que apresentam é um ambiente mais agradável de trabalhar e políticas de retenção que se traduzem em benefícios. Não se preocupar em entender as necessidades reais do colaborador, para este se manter engajado em seu cargo, é a mesma coisa que estar esperando por sua demissão. As empresas precisam investir em práticas que impulsionem a motivação e o engajamento dos funcionários, principalmente dos novos, para que eles enxerguem valor em continuar atuando no negócio.
5- Falta de feedback: Um colaborador novo precisa saber se está indo por um bom caminho. Por mais que seja um profissional experiente, ele ainda não está familiarizado com os processos e as métricas de sucesso da empresa em que começou a atuar. Não dar feedbacks contínuos ao funcionário é o mesmo que o vendar e pedir para que ache um caminho. Profissionais que se sentem perdidos tendem a procurar outros lugares para se encontrar. Por isso, é muito importante dar feedbacks de como está sua atuação, mostrar o que está sendo feito de positivo e o que poderia melhorar, para que o colaborador possa se sentir parte de uma equipe e direcionar melhor o seu trabalho.