Em um mercado em transformação cada vez mais acelerada, sempre estamos vendo novos modelos de negócios sendo criados, conseguindo criar propostas de valor interessantes que despertam o interesse das pessoas, se conectam com suas necessidades e também extraem valor de áreas que antes não eram exploradas.
Como o Airbnb, ao liberar a capacidade das pessoas venderem estadias em espaços que antes ficavam ociosos ou o Uber e o Lyft, que potencializaram a capacidade do carro próprio virar uma fonte alternativa de renda, criando uma nova categoria de serviço de transporte.
Outro exemplo é a Netflix, eliminando a espera pelos filmes de lançamento que acontecia antigamente nas locadoras de vídeo.
Mas não só as empresas disruptivas que têm modelos de negócios revolucionários. Muitas empresas já consolidas ganham dinheiro de formas que nem imaginamos.
Na verdade, uma das coisas mais estranhas no capitalismo moderno são os modelos de negócios que fazem grandes corporações terem lucros gigantescos.
É Fácil imaginar que o dinheiro vem da venda dos produtos que eles fabricam, mas esse formato é cada vez mais raro. Vamos ver abaixo alguns exemplos:
McDonald’s, muito além dos hambúrgueres
O McDonald’s, com mais de 37 mil restaurantes no mundo, não ganha dinheiro vendendo sanduíches ou batatas fritas, e sim através de um sistema de compra dos terrenos onde as lanchonetes vão operar, e alugando os imóveis para os franqueados. Isso fez com que a corporação se tornasse uma das maiores donas de imóveis do mundo.
Coca-cola, bebendo lucros direto da fonte
A Coca-Cola Company, há muito tempo, deixou de ter como foco de negócios a produção e engarrafamento dos refrigerantes e passou a licenciar o direito de produção para terceiros. Assim, a companhia tem muito menos ativos fixos do que seus números grandiosos poderiam indicar. Aqui no Brasil, por exemplo, a produção é licenciada, com operações em todas as regiões do país, envolvendo toda a cadeia produtiva e logística. A Coca-Cola recebe pela liberação de uso da marca e suas receitas.
Apple, tecnologia para criar
A Apple antigamente produzia seus computadores de forma verticalizada. Chegou a ter fábricas nos Estados Unidos e vários outros países. Mas descobriu a cadeia de produção na China, e hoje se transformou em uma empresa de projetos. Na Apple são projetados o computadores e dispositivos, os chips, o software que roda nos produtos, as lojas Apple e até a sede da empresa teve grande parte projetada in house. A produção é totalmente terceirizada, e a Apple faz o acompanhamento dos fornecedores para que tudo saia dentro das especificações projetadas. Além disso, a Apple está dando cada vez mais atenção aos Serviços, como iCloud (armazenamento em nuvem), Apple TV+ (Streaming de videos), Apple Music (Streaming de Músicas), que geram valor através da integração do seu ecossistema com a criação de conteúdos de terceiros e, aos poucos, da própria Apple. Vender produtos, no longo prazo, terá cada vez menos pro no faturamento da companhia. E esse modelo de negócios se mostrou altamente rentável e ajudou a tornar a Apple em uma das empresas mais valiosas do Mundo, ultrapassando 1 trilhão de dólares.
Voando alto para gerar valor
As grandes companhias aéreas, que antes eram donas dos aviões que voavam em suas rotas, hoje fazem leasing das aeronaves e tem como principal ativo o direito de rotas mais concorridas e de Slots nos principais aeroportos. A maior vantagem competitiva das companhias é aonde elas podem voar onde elas podem pousar. Esse novo tipo de valor determina inclusive as fusões e aquisições das empresas do segmento, que vem se consolidando a passos rápidos. As empresas que tem solos nos pontos mais disputados (por exemplo: na ponte aérea SP-RJ) e em rotas mais lucrativas, têm vantagens competitivas.
Mas nem tudo são flores…
Com novos modelos de negócios, a abordagem tradicional de valoração de uma empresa está também se transformando, com cada vez mais ênfase nos ativos intangíveis, como marcas, propriedade intelectual, ideias e inovações.
Isso faz com que a avaliação de valor seja mais complexa e que, ao mesmo tempo, a posição das empresas seja potencialmente mais frágil.
Como exemplos do que pode dar errado: uma nova tecnologia pode revolucionar o mercado e derrubar a posição de determinada empresa, um novo modelo de negócios pode gerar disrupção e sugar valor da operação atual dos concorrentes e um impacto imprevisível na marca pode destruir o valor de mercado de uma companhia.
As empresas precisam ficar atentas a essas transformações e criar estratégicas para fortalecerem suas marcas, sua propriedade intelectual, seus processos de geração de inovação, buscando sempre criar propostas de valor que consolidem sua posição e as distanciem de seus concorrentes.
A disrupção de mercado precisa partir da própria empresa ativamente.
Ela não pode ficar esperando o mercado se movimentar, e tem que estar sempre atenta a qualquer ameaça para poder agir em tempo hábil. E, claro, nunca esquecer dos clientes e consumidores, estabelecendo canais de relacionamento e comunicação para compreender cada vez melhor as necessidades das pessoas.