Há alguns anos o conceito de Transformação Digital vem sendo propagado por pesquisas, estudos de consultorias e por empresas de tecnologia que vendem soluções na área.
O grande objetivo de digitalizar os processos e ter uma visão global da empresa em uma base consolidada de dados, permitindo muito mais do que o trabalho remoto, é a integração total do negócio.
Muitas empresas iniciaram essa evolução com velocidades diferentes e de acordo com demandas do mercado e níveis de investimentos.
Mas, de repente, a pandemia forçou as empresas a comprimir grande parte da digitalização no espaço de dias ou de poucas semanas.
Uma quarentena, com a maioria dos trabalhadores obrigados a ficar em casa, fez com que o trabalho remoto fosse imprescindível nos segmentos de atuação em que isso era possível.
Uma transição complexa em todos os sentidos
Além do trabalho remoto as empresas se viram forçadas a utilizar os mais diversos meios digitais para oferecer seus produtos e serviços e para gerenciar seus processos internos.
A necessidade de repensar os modelos de negócios em meio a crise global em que ninguém sabe direito o que está acontecendo, e nem quando vai terminar, criou um clima de incerteza quase insuportável.
Mas é na incerteza e nos momentos de grandes desafios que as lideranças verdadeiras tem que mostrar seu valor.
Não foi uma transição fácil pra muitas organizações, com falhas nas operações e perdas de produtividade.
Quem estava adiando a mudança percebeu em tempo real todos os problemas que até então estavam sendo varridos para debaixo do tapete.
Cultura e atitude
Mais do que os problemas tecnológicos inerentes a qualquer mudança de paradigma, isso acontece porque o processo de transformação digital envolve muito mais do que tecnologia, isso porque depende diretamente da cultura organizacional e da atitude das pessoas.
Além de processos claros e bem definidos, é preciso ter engajamento das pessoas, interação entre líderes e liderados, espírito de time e senso de propósito.
Assim, cumulativamente, se constroem as bases para uma transformação digital consistente e duradoura, além do período de necessidade imediata e de senso de sobrevivência causados pela crise.
É necessário um pensamento de longo prazo na cadeia de tomada de decisões para que se estruturem as bases do futuro da empresa no mundo digital, incluindo processos, gestão humana, logística, marketing e alta gestão.
Sem as pessoas não há negócios
Os líderes precisam sempre ter em mente que, mesmo com os avanços dos algoritmos e dos sistemas de Machine Learning, na maioria dos casos ainda são as pessoas que utilizam a tecnologia para realizarem suas atividades dentro da empresa e nas interações com os clientes.
E, quando se tenta improvisar ou cortar etapas, aumenta muito a chance do fracasso com dissonâncias cognitivas, quebras de expectativas, desentendimentos e erros.
As lideranças estão em cheque
Este é um momento que com todas as adversidades e dificuldades existentes, serve para os gestores repensarem como podem direcionar as pessoas no mesmo sentido e, mostra que as empresas que já tinham uma cultura mais voltada para a interação, horizontalizada, com mais espírito de equipe e processos claramente definidos, foram as que tiveram uma maior capacidade de se adaptar e continuar funcionando com um índice menor de problemas.
Isso deu espaço e tempo para que se pensasse em novas ideias para adaptar as ações da empresa ao novo cenário de mercado, em que segmentos inteiros tiveram suas atividades prejudicadas, e em que novas oportunidades passaram a se apresentar para quem pudesse percebê-las e se adaptar.
Também é imprescindível compreender que tecnologia é ferramenta, precisa ter propósito e um motivo para ser utilizada.
A boa aplicação de tecnologias depende da atitude das pessoas, da adoção por parte dos usuários, sejam funcionários, clientes ou consumidores finais, para funcionar e gerar resultados.
Hoje há uma miríade de opções que podem atender as necessidades das empresas à primeira vista, mas é a partir da interação positiva das pessoas é que o sucesso pode acontecer.
As empresas se desenvolvem a partir da evolução das atitudes das pessoas que delas fazem parte. Para que esse processo evolutivo aconteça, toda empresa necessita de competência na gestão estratégica, alinhamento de propósitos e um foco total nas pessoas. Assim a transformação digital pode realmente acontecer.