Antes da pandemia, o Brasil já era um dos países com mais trabalhadores estressados e ansiosos no mundo, de acordo com a International Stress Management Association (ISMA).
Uma das formas das empresas combaterem estes problemas, que têm catalisado índices de afastamentos, é investir em programas de saúde internos voltados ao bem-estar físico, mental e emocional dos profissionais.
Com a recomendação de quarentena para conter a expansão do coronavírus, empresas adaptaram essas ações ao home office para manter os resultados positivos alcançados e zelar pela saúde mental dos funcionários.
A Softplan, de Florianópolis, é uma das que já vem apostando em um programa de saúde, o Softplan+Saúde, que tem parceria com a Unimed Grande Florianópolis.
“Para as empresas, esses programas são importantes porque permitem que os gestores possam conhecer melhor os principais problemas de saúde dos funcionários, e tomem medidas para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas, e consequentemente, a produtividade. Já para os colaboradores, é importante porque atende uma demanda crescente, sobretudo dos mais jovens, de cuidar cada vez mais da saúde de forma preventiva”, destaca Marcello Alberton Herdt, consultor médico da empresa.
Entre os benefícios estão: ambulatório dentro da empresa com médico, enfermeira e psicólogo, dia da fruta, massagem e cultivo de horta, atividades como ginástica laboral, meditação e yoga, além de vacinação contra a gripe e incentivo ao uso de bicicleta para o deslocamento casa-trabalho.
Em home office, os funcionários agora possuem aulas de ginástica laboral, yoga e meditação online, além de terem atendimento médico e psicológico de forma remota.
Renata Boschetto, coordenadora de Desenvolvimento Humano e Organizacional da Softplan, explica que a empresa acredita na cultura de bem-estar como pilar para uma vida mais plena e produtiva:
“Temos muitos depoimentos de colaboradores que mudaram hábitos, e que relatam que as aulas de yoga e meditação ajudam a aumentar a concentração e foco, auxiliando, inclusive, em tomadas de decisões durante a jornada”.
Esse também foi o caso da Involves, especializada em trade marketing, que mesmo com os funcionários trabalhando de casa, as atividades de alongamento laboral e de yoga continuam remotamente, e recebem vídeos com dicas de exercícios de ergonomia e atividades físicas.
Além disso, para manter a interação durante o isolamento, a empresa tem incentivado os profissionais a mandarem fotos de como foi o dia de home office e compartilharem as curiosidades e dificuldades do dia a dia.
“Sabemos que é um momento de ansiedade e é preciso cuidar das pessoas à nossa volta. Queremos demonstrar o apoio a todos com quem trabalhamos e mostrar que podem contar com a gente”, conta André Krummenauer, CEO da empresa.
A Pulses, startup de Itajaí que tem soluções de clima organizacional medidos de forma contínua, decidiu não só não demitir nesse momento, mas também ouvir os colaboradores quinzenalmente através do Termômetro de Crise, uma pesquisa de clima focada nos impactos do coronavírus no cotidiano.
A plataforma, que inclusive está disponível gratuitamente para outras empresas, avalia tanto questões relacionadas à produtividade e adaptação ao home office quanto aos níveis de ansiedade e preocupação.
Com os resultados em mãos, os diretores puderam perceber que o time estava se sentindo mais ansioso e estressado por conta da quarentena.
Por isso, começaram a desenvolver iniciativas que pudessem ajudar, como um grupo de apoio emocional com psicólogos, um momento diário para a prática de exercícios guiados por um educador físico e happy hours remotos com jogos, toda sexta-feira, para descontrair.
“No cenário de isolamento, ouvir o colaborador é uma forma de reduzir o distanciamento, e também de acolher e demonstrar preocupação com o que ele tem a dizer. Ao sentir que está sendo ouvido, o trabalhador passa a confiar mais na empresa e seus níveis de ansiedade tendem a reduzir. Pedir feedbacks também pode trazer soluções inovadoras para o seu negócio”, defende Cesar Nanci, CEO da startup.