Segundo dados da Secretaria de Previdência e Trabalho, o Brasil já registrou mais de 1 milhão de acordos entre empresas e trabalhadores para reduzir jornadas, salários ou suspender contratos durante a crise do coronavírus.
A medida está se mostrando eficaz para que os negócios ganhem um fôlego e não demitam seus funcionários, mas algumas empresas estão indo além e dando um passo a mais pela valorização das pessoas.
Na Pulses, startup de Itajaí que tem soluções de clima organizacional medidos de forma contínua, não só não haverá demissões como os profissionais estão sendo ouvidos quinzenalmente através do Termômetro de Crise, uma pesquisa de clima focada nos impactos do coronavírus no cotidiano.
A plataforma, que inclusive está disponível gratuitamente para outras empresas, avalia tanto questões relacionadas à produtividade e adaptação ao home office quanto aos níveis de ansiedade e preocupação.
Com os resultados em mãos, os diretores puderam perceber que o time estava se sentindo mais ansioso e estressado por conta da quarentena.
Por isso, começaram a desenvolver iniciativas que pudessem ajudar, como um grupo de apoio emocional com psicólogos, um momento diário para a prática de exercícios guiados por um educador físico e happy hours remotos com jogos, toda sexta-feira, para descontrair.
“No cenário de isolamento, ouvir o seu colaborador é uma forma de reduzir o distanciamento, mas também de acolher e demonstrar preocupação com o que ele tem a dizer. Ao sentir que está sendo ouvido, o trabalhador passa a confiar mais na empresa e seus níveis de ansiedade tendem a reduzir. Pedir feedbacks também pode trazer soluções inovadoras para o seu negócio”, comenta Cesar Nanci, CEO da Pulses.
Na WK Sistemas, empresa de Blumenau referência em software de gestão de empresas (ERP), pela primeira vez, em apenas 48 horas, mais de 160 funcionários foram alocados em home office para garantir a segurança da equipe.
A empresa disponibilizou todos os equipamentos necessários, como cadeiras e computadores, para que o time conseguisse trabalhar com conforto e ergonomia.
Além disso, reforçou sua comunicação com seus profissionaiss através de videoconferências, mantém a ginástica laboral online e segue com suas tradicionais ações em datas comemorativas.
“Na Páscoa, por exemplo, o próprio coelhinho foi pessoalmente entregar ovos para todos os colaboradores, claro, tomando todas as precauções que o momento pede. Nós também fizemos questão de entregar um presente para todas as profissionais mães no Dia das Mães. É uma forma de demonstrar todo o nosso carinho e preocupação com o bem-estar com a nossa equipe”, destaca Cláudia Rutzen, diretora administrativa da empresa.
Também em Blumenau, a empresa de soluções em tecnologia HBSIS Ambev foi uma das primeiras de Santa Catarina a colocar todos os funcionários em home office. A medida também vale para suas unidades em Maringá (PR) e Sorocaba (SP).
Ao todo, são 900 funcionários em regime de teletrabalho e, quem não tinha equipamento adequado para o trabalho remoto recebeu assistência da empresa.
As reuniões dos times, as aulas de idiomas que ocorriam na sede e seleções para programas de treinamento e para novas vagas passaram a ser feitas por webconferência, assim como a integração dos novos profissionais.
“Neste momento delicado, a saúde e a segurança vêm em primeiro lugar. O home office já fazia parte de nossa rotina e a extensão dessa prática em nada afetou nossas atividades”, reforça Fabiana Reinert, diretora de gente e gestão da empresa que, como hub de inovação da cervejaria, segue as diretrizes de um comitê da companhia que, diariamente, discute e atualiza as informações sobre o coronavírus.
Em Florianópolis, a cultura organizacional desenvolvida pela Involves desde o início da empresa há mais de 10 anos fez a diferença.
Em um período em que o time de mais de 250 pessoas está em home office, uma pesquisa interna revelou que 97% dos funcionários da scale-up especializada em trade marketing estão considerando a experiência de trabalhar em casa boa.
A empresa disponibilizou todos os equipamentos necessários para o trabalho, como cadeiras e computadores, e manteve canais de comunicação ativos.
Além das reuniões estratégicas, os encontros online são feitos para atividades de ginástica laboral, yoga e para conversar sobre diversos temas.
“Comunicação reforçada, transparência máxima, proximidade com o cliente e experiência das pessoas são os quatro pilares mais presentes para enfrentarmos a crise. Ao abrir para o time o nosso grau de vulnerabilidade do negócio à crise, a resposta foi um engajamento ainda maior, que aumenta nossa resiliência para cruzar a tempestade , ressalta André Krummenauer, CEO da Involves.
Ainda na capital, preocupada em preservar a saúde física dos funcionários, familiares e pessoas próximas, a Checklist Fácil opera em home office desde o dia 17 de março.
“Buscando instruir e auxiliar os colaboradores neste momento, estamos produzindo continuamente materiais de comunicação interna com dicas e recomendações para tornar o home office o mais agradável possível”, explica Natalia Gill, analista de endomarketing na Checklist.
Dentre os assuntos abordados estão boas práticas de home office, dicas de como realizar boas reuniões remotas, sugestões de exercícios físicos e de cuidados com saúde mental, além de uma série de vídeos em que os colaboradores compartilham a rotina em casa e local de trabalho.
A empresa também permitiu a retirada de materiais de expediente e escritório, desde computadores e monitores até cadeiras.