A pandemia causada pelo coronavírus trouxe para o mercado uma crise que causou impactos significativos nos resultados das empresas. Esse impacto pode variar de acordo com a indústria, o tamanho, o modelo de negócio, a região, entre outras variáveis.
O estudo Panorama PMEs: os impactos da Covid-19 e os passos para a retomada, elaborado pela Resultados Digitais, Endeavor Brasil e Pequenas Empresas Grandes Negócios, com 1.180 empresas, buscou entender qual foi o nível de impacto gerado nas pequenas e médias empresas brasileiras.
Confira abaixo os principais pontos:
Aproximadamente 77% das empresas entrevistadas no estudo tiveram impacto negativo na sua receita, sendo que aproximadamente 39% do total de respondentes sofreu redução em mais de 40% da receita, considerado pela nossa equipe um percentual muito alto.
Por outro lado, 22,3% das empresas destacaram no estudo que não tiveram impacto negativo na receita. Dentro desse grupo 13,5% dos entrevistados tiveram algum tipo de impacto positivo.
Esse percentual de 13,5% revela que, apesar de ser a minoria entre os participantes da pesquisa, há empresas no mercado que estão conseguindo aproveitar o momento para ainda assim crescer.
Setores de eventos, turismo e lazer são os mais impactados com a queda na receita
Entrando mais a fundo na análise desse impacto nos segmentos de mercado, já era esperado que os setores que demandam por aglomerações e volume de pessoas se locomovendo seriam os mais afetados durante a crise.
O resultado do estudo comprovou que o segmento de eventos, junto com o setor de turismo e lazer, foram os mais impactados, com um percentual médio de queda na receita de -67,4% e -80,8%, respectivamente.
Apesar de notar esses destaques de segmentos com maior queda, é visível que todos os setores que contaram com respondentes na pesquisa ficaram com queda na receita. Mas há sim empresas de alguns segmentos que acabam sofrendo impacto menor ou até se beneficiaram com o contexto atual.
As pessoas ainda continuam com as necessidades básicas, como alimentação e higiene pessoal. A diferença para muito do que é considerado básico está na forma de compra, que agora é cada vez mais digital. Por isso vemos o comércio eletrônico aumentando em diferentes categorias.
Um movimento que deixa clara essa mudança de cenário é o aumento no volume de vendas de vouchers de compra antecipada, uma importante alternativa para gerar fluxo de caixa mais rapidamente.
Impacto no caixa: mais da metade só têm até 6 meses de disponibilidade de caixa para se manter
Outro impacto notado como resultado do estudo é o curto período de tempo que as empresas dispõem de caixa para conseguir manter suas operações.
O gráfico abaixo mostra que mais da metade das PMEs só têm disponibilidade de caixa para até 6 meses.
Considerando a data das respostas (a pesquisa foi realizada entre os dias 14 e 29 de maio de 2020), há garantia de caixa até o final do ano, aumentando a perspectiva de que a receita volte a crescer até lá.
Estimativa de tempo (em meses) que as PMEs conseguem operar com o caixa atual (Fonte: Estudo Panorama PMEs).
Por isso é importante alertar sobre a importância desse indicador. Contar com caixa e receita recorrente é o oxigênio necessário para que as empresas consigam passar por este período de crise.
Nesse caminho, buscar formas de adaptar o modelo de negócio para o momento, encontrar soluções para efetuar vendas online e até desenvolver novos produtos ou serviços são medidas que as empresas já estão adotando para superar essa mudança de cenário.
O impacto é maior ou menor de acordo com o segmento
Ainda que o estudo não contempla análises setoriais detalhadas, a crise afeta as empresas de diferentes formas, de acordo com o segmento.
A população diminui, por exemplo, a intensidade das viagens, o que acaba afetando a cadeia de toda a indústria de aviação/turismo/hotéis.
Demais empresas da cadeia de turismo e viagens, como agências de viagens e hotéis acabam por ter um forte impacto devido às recomendações de quarentena e lockdown em algumas cidades, além do menor fluxo de turistas viajando no período.
Além da maior parcela de compra online, as pessoas também estão mudando comportamentos de compra.
Estudos recentes mostram que alguns produtos têm maior procura durante a crise se comparados com períodos normais.
Jogos online tiveram um volume de buscas no Brasil muito maior no período da crise.
Assim também é com pijamas. As pessoas estando mais tempo em casa, a busca por receitas na internet aumentou muito.
Junto com elas, buscas por itens como máquinas para fazer pães viram seus pedidos aumentarem desproporcionalmente ao esperado para o período.
O brasileiro adapta seus hábitos e comportamento e isso fica refletido nos diferentes segmentos.
Observamos nos nossos dados um impacto negativo em todas as indústrias, mas intensificado em alguns segmentos como varejo e pequenos comércios, eventos e turismo e lazer.
A maioria das empresas desses setores oferta produtos ou serviços que tiveram procura reduzida pelo fato dos consumidores estarem em suas casas.
Além disso, a maioria das empresas de comércio local tem suas receitas em campo.
Ou seja, a jornada de compra pode se iniciar online, mas sua continuidade e fechamento se dá offline.
Por outro lado, muitas empresas de e-commerce e de software & cloud têm seus modelos adaptados para que o processo de venda se concretize sem a necessidade de presença física.
Na maioria das vezes no setor de software & cloud, o próprio produto ou serviço é consumido remotamente.
O estudo completo pode ser conferido clicando aqui.