Bactérias que produzem material orgânico para garantir a multiplicação de células humanas e tecidos feitos em laboratórios que simulam pequenas partes do corpo. Esse é o resultado de pesquisas de ponta realizadas em Florianópolis e que podem colocar Santa Catarina no mapa das soluções inovadoras no combate ao coronavírus.
A partir de agora, a startup Biocelltis, referência na produção de pele humana in vitro, passará a fazer tecido pulmonar, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina (Fapesc).
O material servirá para analisar a ação do coronavírus no pulmão, assim como confirmar a eficiência de medicamentos na cura da doença.
O tecido será produzido em três dimensões (3D), permitindo maior semelhança ao órgão humano.
A iniciativa foi aprovada no edital 07/2020 da Fapesc para fomento de soluções contra a pandemia e seus efeitos.
A empresa receberá R$ 95 mil para elaboração do produto, que será desenvolvido em parceria com o Departamento de Biotecnologia da Universidade de São Paulo (USP).
A diretora de operações da Biocelltis e coordenadora do projeto, Fernanda Vieira Berti, destaca que a ideia surgiu a partir de uma necessidade global de criação de um modelo para os testes pré-clínicos que realmente simule como o medicamento age no tecido pulmonar:
“Pensamos que a nossa plataforma seria um produto potencial para que se possa fazer essa avaliação. Temos o biomaterial, que é padrão, mas que pode ser direcionado para a construção de diversos tecidos em laboratório”.
COMO FUNCIONA
Na prática, a Biocelltis desenvolve um biomaterial que é produzido a partir da ação de bactérias e que permite a multiplicação de células humanas.
Essas matrizes serão encaminhadas para São Paulo para que a USP possa semear as células pulmonares.
O resultado é a proliferação delas até a criação de um tecido em 3D.
Depois da finalização desse processo, que será acompanhado pela equipe catarinense, vem o trâmite para disponibilizar o material para pesquisas envolvendo o coronavírus e possíveis medicamentos.
A CEO da Biocelltis, Janice Koepp, explica ainda que reconstruir tecido humano é uma inovação e que grandes empresas dominam o mercado:
“Hoje no Brasil são poucas as indústrias de biotecnologia, e muito poucas ainda no ramo que nós atuamos, que são produtos para a saúde, cosméticos e veterinários”.