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Método ágil: muito além da velocidade

Por Roberto Ribas, Chief Strategy Officer (CSO) da BriviaDez


Um dos pilares e maiores desafios do processo de transformação que todas as empresas dos mais variados segmentos estão enfrentando é a capacidade de conceber, desenvolver e entregar novos produtos e serviços com mesma velocidade com que as expectativas de seus consumidores evoluem. Desenvolver modelos ágeis é chave para organizações que tentam acompanhar o ritmo de um mundo em constante transformação.

Isso gera uma corrida frenética para a implantação de novos modelos de trabalho e incorporação de novas metodologias. É corriqueiro escutarmos em alguns ambientes corporativos frases do tipo: “precisamos ser como a Spotfy e montarmos tribos, squads e chapter” ou “temos que agir como a Amazon” ou ainda “…a partir de agora, todas os projetos são desenvolvidos em design sprints seguindo o modelo da Google”. Temos que ser isso, parecermos com aquilo, como se a simples cópia de um modelo aplicado pelas grandes empresas de tecnologia do Vale do Silício fosse a solução de todos os problemas e sinônimo de sucesso na implantação de um mindset ágil e um modelo de trabalho que permita ganhar uma certa vantagem competitiva no mercado.

Modelo ágil, sem dúvida alguma, é compulsório para qualquer marca manter-se relevante para seus consumidores, desenvolvendo experiências significativas, e acompanhar a velocidade com que suas expectativas mudam. A idéia de formar equipes multidisciplinares e autônomas oferece uma alternativa atraente às estruturas burocráticas de comando e controle que ainda dominam o mundo corporativo. Mas, é preciso fazer isso levando em consideração a realidade do seu negócio. Não basta apenas importar modelos consagrados em outras estruturas. Estudar tais modelos e entender quais são suas grandes vantagens e conceitos nos quais se baseiam é um belo ponto de partida. Sem dúvida alguma acelera o processo.

Ser orientado pela entrega de valor e centrado no cliente é a grande chave. Para nós da BriviaDez, essa sempre foi uma premissa e um valor fundamental que buscamos aplicar no dia a dia desde sempre. Por isso, não hesitamos em repensar e reestruturar nosso organograma, desmontarmos estruturas verticais e hierárquicas e colocarmos nosso cliente verdadeiramente no centro, disponibilizando um squad com todas as competências necessárias para atender às suas necessidades e expectativas.

A partir daí, estudamos diferentes metodologias, entendemos suas melhores práticas e aplicamos aquelas que se adaptavam à amplitude de nossas entregas. Somos uma empresa de estratégia, experiência e comunicação. Desenvolvemos plataformas de marca que, ao mesmo tempo que proporcionam a seus consumidores experiências significativas, são capazes de aprender em cada interação e evoluir entregando experiências ainda melhores. Isso exige uma série de competências e pessoas das mais variadas formações e backgrounds metodológicos diferentes.

Desenvolvemos uma metodologia proprietária que chamamos de Scrumban, que unifica práticas e cerimônias do Scrum com o controle visual e gestão do Kanban e pitadas de colaboração e ideação do design thinking e estamos aplicando em todos os squads da operação. No gerúndio mesmo, afinal entendemos que trata-se de um processo cíclico e constante. Sendo que, ao longo deste processo, já pudemos consolidar alguns aprendizados, tais como:

Invista em treinamento. Por mais que as práticas e cerimônias sejam de simples entendimento é preciso investir muito em treinamento e sensibilização do time. Ainda mais quando os squads são formados por pessoas de diferentes formações e diferentes áreas de conhecimento, desde comunicação e design até tecnologia e ciência de dados. Treinamento é importante para que haja o entendimento claro de todos sobre a forma correta de aplicar o método e sensibilização para fortalecer a percepção de valor e responsabilidade em fazer acontecer.
Resista ao máximo ao desejo de medir o sucesso estritamente pela velocidade operacional. Em vez disso, pense na velocidade do ponto de vista do seu cliente. Como já falamos anteriormente, definir agilidade como um simples sinônimo de velocidade é um pensamento simplório e limitante. Há muitos outros fatores envolvidos. É, de fato, um novo comportamento composto por premissas importantes como: colaboração, horizontalidade, tomada de risco e principalmente foco na entrega de valor para o cliente.Você está conseguindo atender às suas expectativas (não de tempo, mas sim de valor).

Desapegue do controle. As pessoas estão organizados em squads que focam em atender as demandas e expectativas dos seus clientes. E são medidos por isso. E possuem autonomia para isso. Aqui está um ponto fundamental: Descentralização do controle e foco na geração de valor geram um ciclo de confiança e comprometimento do time com as pessoas e as pessoas com o time.

Desapegue de espaços físicos. Mindset ágil exige reunir diferentes competências em um único time. Muitas vezes, estas competências pertencem a pessoas que moram em locais diferentes. No nosso caso, essa premissa é muito importante. Estamos espalhados em 7 sedes diferentes no Brasil e em Portugal. É muito difícil estarmos todos fisicamente no mesmo lugar. Nossos times são organizados pela sua capacidade de atender o cliente e não pela cidade em que moram.

Maximize a capacidade de aprendizado. Além de entregar com velocidade, a equipe precisa ter a preocupação constante de aprender com cada ciclo de entrega. É importante desenvolver formas de medir o resultado e, a partir, delas, refletir constantemente sobre o que podemos melhorar tanto no produto quanto no processo.

Não espere pelo briefing. Construa-o. Este é um dos principais paradigmas a ser quebrado, principalmente quando falamos de equipes de comunicação. Em um modelo ágil, o entendimento do problema e o direcionamento de solução não podem ficar restritos a uma pessoa ou a um documento específico. A integração, colaboração e aprendizado adquiridos constantemente permitem com que todos os membros do time construam repertório e sejam capazes de contribuir no direcionamento da melhor solução para o problema apresentado.

Procure entender a real necessidade de negócio e expectativa e evite simplificação da entrega em formatos pré-estabelecidos. É importante questionar e desconfiar de briefings prescritivos e orientados a formatos. Normalmente, eles carregam um certo vício de origem e uma certa miopia.

Enfim, ser ágil é fundamental. Precisamos conceber, testar, aprender e corrigir rápido. Só assim conseguiremos nos manter relevantes neste contexto de constante transformação, no qual a expectativa de nossos clientes muda com uma velocidade cada vez maior. Mas, a velocidade é apenas parte da equação. Há outros pilares importantes que precisam ser levados em consideração.

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