Reagir rápido ao cenário econômico incerto não depende apenas de uma boa administração interna. Ainda mais no mercado brasileiro, em que 99% das empresas são familiares e somente 43% delas apostam em planejamento para o futuro do negócio, de acordo com consultoria a PwC.
É neste contexto que ganham espaço os conselhos consultivos, que reúnem em sua estrutura profissionais externos com formação variada para apoiar a tomada de decisão.
Roberto Vilela, consultor empresarial e mentor de negócios, avalia que na crise econômica, ter uma visão de mercado que ultrapassa os muros da própria empresa é crucial para a estratégia de fortalecimento:
“Diferentemente de um conselho administrativo, que é fixo e composto por pessoas ligadas diretamente ao negócio, no conselho consultivo você traz a visão de profissionais com expertise em determinadas áreas, com o objetivo de avaliar ações para fortalecimento. Ou seja: é uma visão externa, sem preconceitos ou sentimentos ligado ao pertencimento do negócio. É uma estratégia interessante porque dá ao gestor um panorama muito realista em relação ao cenário econômico como um todo, e não apenas da rotina da empresa”.
Para ele, um dos grandes benefícios de um conselho consultivo neste momento é contar com a opinião de especialistas sem abrir mão da questão do custo-benefício:
“É uma forma de investimento muito interessante porque o conselho consultivo não é formado por profissionais com dedicação exclusiva ao seu negócio, o que habitualmente significa um custo menor. Além disso, são pessoas ligadas ao cotidiano de diversas frentes, como a área comercial, de marketing, de produto, de tecnologia. Elas trazem uma bagagem muito ampla e expertise que é fundamental para a assertividade neste momento”.
A rotina dos conselhos consultivos
Com a pandemia, a rotina dos conselhos consultivos também passou por mudanças:
“Reuniões esporádicas passaram a ser mais frequentes no ambiente virtual. Além disso, entendo que o conselheiro atua de forma muito mais ampla do que na discussão pontual da reunião. Ele contribui com insights frequentes, compartilha sua visão e experiência de mercado, além de apoiar diariamente a tomada de decisão, com sua experiência em outros negócios e trabalhos. Tudo isso sem comprometer, por exemplo, o sigilo das informações, mas tornando a atuação muito mais estratégica”.
A visão do especialista é evidenciada em pesquisas recentes. Segundo a consultoria KPMG, ao menos 90% dos conselheiros ouvidos já haviam apoiado as empresas a se organizarem para o enfrentamento da crise ainda em março, através de busca de recursos, renegociação com fornecedores a ações para preservação do capital humano. Ou seja: a visão estratégia foi um diferencial para a rápida adaptação dos negócios em tempos de pandemia.