Premiado e reconhecido como um dos melhores do mundo, o mel de Santa Catarina continua de excelência na safra 2019/2020.
A produção atual já é considerada acima da média e deverá superar as 6,5 mil toneladas.
A estimativa é apontada pelo levantamento feito pela Epagri e Federação das Associações de Apicultores e Meliponicultores de Santa Catarina (Faasc) junto aos produtores do estado.
“O tempo mais seco permite que as abelhas saiam mais das colmeias e diminui a umidade do néctar, aumentando o rendimento no favo e as abelhas gastam menos energia para desidratá-lo. Quando chove bastante, as abelhas não saem da colmeia, consumindo o mel estocado e há mais riscos de perda de qualidade do produto na colheita”, explicou o chefe da Divisão de Estudos Apícolas da Epagri, Rodrigo da Cunha.
Além disso, de acordo com ele, o estado tem uma série de fatores que, naturalmente, favorecem o cultivo de um mel diversificado e até mais puro:
“Estas características diferenciam o produto catarinense que já conquistou outros países. São pelo menos seis premiações em concursos internacionais como melhor mel do mundo”.
Ao contrário de algumas lavouras, as áreas de relevo acidentado podem ser exploradas pela apicultura.
“Isto acaba se transformando em outra vantagem, porque as colmeias ficam distantes de fontes de contaminação. O resultado é um mel mais limpo, bom, inclusive, para o aproveitamento orgânico”, acrescenta.
A soma de todos estes fatores e o cultivo de uma tradição que passa de pai para filhos dão identidade à apicultura catarinense. Ela é tão singular que em Santa Catarina já são produzidos 100 tipos diferentes de mel e não só a partir da polinização das flores.
Nos anos pares, como 2020, os apicultores de Santa Catarina têm um tipo diferente de mel para colher: o melato de bracatinga. Comum na região do Planalto Sul do Brasil, Santa Catarina fica com a maior porção da produção.
O mel de melato é produzido pelas abelhas a partir da coleta de secreções de partes vivas de plantas ou de excreções de insetos que se encontram sobre estas plantas.
Em Santa Catarina, as abelhas produzem o melato a partir das excreções de um inseto chamado cochonilha, que infesta as árvores de bracatinga, normalmente entre os meses de janeiro e junho.
O mel de melato de bracatinga é um dos principais produzidos no estado, tradicionalmente, a cada dois anos, período em que corresponde ao ciclo de vida da cochonilha.
O mel de melato de bracatinga é classificado como de característica única, não cristaliza e é de cor escura. Para o consumo humano, além de excelente qualidade nutricional é rico em ácidos com propriedades de ação anti-inflamatória e antioxidante.
Com toda esta diversidade e o empenho do produtor rural, o Governo do Estado, por meio da Epagri, atua em apoio aos apicultores catarinenses, com trabalho de orientação técnica voltado ao aumento da produtividade e, consequentemente, da valorização dos produtores.
Segundo a presidente da empresa, Edilene Steinwandter, dos cerca de nove mil produtores no Estado, pelo menos seis mil são atendidos pela Epagri.
“Somente em 2019, prestamos mais de 15 mil atendimentos aos produtores catarinenses de mel. Buscamos sempre a melhor orientação, as melhores técnicas, pensando na alta produtividade e na aproximação entre o produtor e o consumidor com qualidade de excelência”, salienta.
Ao mesmo tempo em que o trabalho técnico avança, há um esforço conjunto envolvendo a participação de outras instituições como a Federação das Associações de Apicultores e Meliponicultores de Santa Catarina (Faasc) e Sebrae/SC para vencer desafios envolvendo questões de mercado, fiscalização e valorização do pequeno produtor.
No âmbito da fiscalização, é fundamental que o mel e os produtos derivados tenham procedência certificada e inspeção dos órgãos sanitários autorizados para serem comercializados.