O ecossistema tecnológico de Santa Catarina ganha força com o incentivo de políticas públicas ao setor.
Uma delas é a Rede de Centros de Inovação, uma iniciativa do Governo de Santa Catarina que oferece mecanismos de apoio ao empreendedor, desde o momento da ideia até a fase em que o negócio está pronto para encarar o mercado, crescer e escalar.
Os resultados demonstram que essas iniciativas têm contribuído para o desenvolvimento econômico regional, promovendo a geração de emprego e renda.
Alguns exemplos são o Orion Parque Tecnológico, em Lages, que gerou mais de R$ 1 milhão em faturamento no ano passado. O Ágora, em Joinville, que reúne 32 operações, a Rede de Centros de Inovação de Florianópolis, que impactou mais de 1,8 mil pessoas no último semestre.
Para o secretário da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável, Rogério Siqueira, a contribuição da ciência, tecnologia e inovação em tempos de coronavírus é essencial para enfrentar os atuais desafios de saúde, e também no avanço aos esforços produtivos da recuperação econômica pós-pandemia:
“Inovar não é inventar algo, inovar é explorar ideias, é ir além, é apontar soluções. E este é justamente o propósito dos centros de inovação de Santa Catarina que se conectam e, em sinergia propagam conhecimento e transformam a vida das pessoas. A proposta do Governo de Santa Catarina é justamente gerar oportunidade com políticas de Estado perenes para o crescimento. Para isto, a importância de agregar as diferentes formas de pensar, unindo governo, academia e setor produtivo numa espiral de prosperidade, esperança e confiança”.
O município de Lages, com uma economia ligada principalmente à pecuária, registra crescimento no ecossistema inovador.
O Orion Parque Tecnológico, construído com recursos do estado há quatro anos, conta com 90% de ocupação. Só em 2019, gerou mais de um R$ 1 milhão em faturamento.
Neste período de pandemia, 37 MEIs e pequenos negócios, além de 20 projetos sociais, estão participando gratuitamente do programa de apoio e reestruturação dos seus negócios.
“A pandemia nos fez pensar em como poderíamos auxiliar o nosso ecossistema, e resolvemos olhar além, em como poderíamos ajudar aqueles negócios que mais teriam dificuldades durante e após a pandemia. Então abrimos uma aceleradora de pequenos negócios, para escutar, conversar e capacitar aqueles que mais iriam sofrer pela falta de gestão, de inovação e de marketing. O que era inicialmente uma ação solidária se mostrou um promissor produto, acertando uma dor latente dos pequenos negócios locais. Estamos mostrando o quanto podemos agregar valor em mais de 90% dos estabelecimentos comerciais do país”, destaca Roberto Rogério do Amaral, presidente do Instituto Orion.
Os programas de aceleração são feitos por meio de treinamentos, em plataforma virtuais e aulas online semanais.
O município de Jaraguá do Sul foi o segundo a receber um dos Centros de Inovação, que faz parte da política do Governo do Estado para impulsionar ambientes de tecnologia e novos negócios nos principais polos regionais.
Com dois anos de existência, o habitat conta com nove empresas incubadas e uma âncora, entre elas startups que atuam com negócios imobiliários, gestão de eventos, produtos e serviços digitais, além de tecnologias industriais. Um exemplo é o laboratório de internet das coisas da Weg, multinacional com sede na cidade.
Com histórico de investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação, a multinacional do setor de eletromotores não agiu diferente neste período de pandemia.
Depois de uma intensa corrida contra o relógio, em um trabalho que envolveu mais de 100 colaboradores, a empresa adaptou sua planta e iniciou a produção dos ventiladores pulmonares para UTI.
Fruto de iniciativa do Perini Business Park, maior parque empresarial multissetorial da América do Sul, nasceu o Ágora Tech, o parque tecnológico de Joinville, onde o Centro de Inovação Ágora Hub integra a rede catarinense de inovação.
No primeiro ano de atividade, atraiu grandes corporações e comitivas internacionais. Neste período, sediou mais de 350 eventos, como reuniões, oficinas, workshops e palestras e em 2020 segue com novos programas e projetos, para continuar a conectar para inovar.
O habitat inovador reúne 32 operações, entre empresas de tecnologia, entidades, operações estruturantes e serviços de apoio, além de espaços de convivência, como locais para descompressão e network, auditório para 220 pessoas, salas de treinamento e de reunião e praça de alimentação.
Com o propósito de conectar para inovar e encorajar futuros empreendedores, lançou o Ágora.Start, uma iniciativa para estimular o empreendedorismo, por meio de conexões entre empresas, estudantes, universidades e players do mercado de tecnologia e inovação.
Outro projeto é o Perini City Lab, que pretende transformar o parque multissetorial de Joinville em um espaço de testes a céu aberto para diversas tecnologias voltadas às cidades inteligentes.
Embora tenha cerca de 50 mil habitantes, Videira possui um dos melhores índices de desenvolvimento humano catarinense, é berço da vitivinicultura e tem o empreendedorismo e a inovação no DNA da população.
Para fortalecer o desenvolvimento de novas tecnologias, o município criou o Centro de Inovação Dante Martorano, que também passou a integrar a rede estadual.
Construído e mantido com recursos municipais, o habitat fica localizado em uma parte do Terminal Rodoviário Írio Zardo.
Desde o início da pandemia, o Centro de Inovação Videira, em parceria com empresas e entusiastas, passaram a produzir máscaras de proteção. Foram atendidas mais de 40 instituições e entidades em mais de 15 municípios da região, totalizando aproximadamente 500 unidades de face shields.
Porém, devido à pandemia, reduziu temporariamente seu atendimento presencial. No entanto, não deixou de participar ativamente do ecossistema, realizando diversas ações por meio de plataformas digitais como webinars, palestras e workshops, além do Minuto Inovação, que tem o objetivo de aproximar os cocreators do Programa Nascer à comunidade.
Em breve, o edital de ocupação dos ambientes de incubação, pré-incubação e coworking será publicado e a expectativa é ocupar o espaço com ideias e empresas inovadoras.
Conhecida como a Ilha do Silício, a cada mil pessoas em Florianópolis, 25 trabalham na área de tecnologia.
Uma das ações que contribuem para este reconhecimento é a Rede Municipal de Centros de Inovação, gerida pela Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), em parceria com a Prefeitura e que foi agregada à rede estadual, de forma pioneira pelo Governo de Santa Catarina.
Só no último semestre, a rede somou 1.809 pessoas impactadas, por meio de 158 ações, como a realização de eventos, capacitações, visitas técnicas, atendimento aos empreendedores e missões técnicas.
Atualmente, é formada por quatro centros credenciados: CIA Downtown, Cia Primavera, Cia Sapiens Parque e Soho.
Um dos principais fatores que favorecem o sucesso deste formato é a ideia de cocriação. Neste contexto, destaca-se o CIA Primavera, primeira unidade da rede, composta por mais de 40 empresas residentes e 10 da incubadora MIDITEC, atingindo quase 100 empresas, que compartilham do mesmo espaço físico todos os dias.
Como porta de entrada do potencial empreendedor e como um ponto de apoio de quem já atua ou que deseja atuar em Florianópolis, cada centro de inovação da rede possui um escritório de promoção da inovação.
Só neste quesito, foram 18 atendimentos no primeiro semestre. Agora, o trabalho continua, já que soluções inovadoras serão decisivas para acelerar a retomada da atividade e do crescimento da economia no estado pós-pandemia.