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Uma em cada cinco empresas de SC planeja investir já durante a pandemia

Apesar das perdas de faturamento acumuladas nos últimos quatro meses por causa da redução da atividade econômica e da possibilidade de que os efeitos da crise sanitária se estendam por mais tempo, uma em cada cinco empresas do estado pretende realizar investimentos ainda durante a pandemia.

Esta é uma das conclusões da quarta edição da pesquisa Impacto do coronavírus nos negócios de Santa Catarina, promovida pelas federações empresariais da Indústria, do Comércio, Serviços e Turismo, com apoio do Sebrae/SC, divulgada nesta quarta-feira, dia 29.

São 18,9% das empresas entrevistadas que informam estar em busca de crédito para novos investimentos e projetos.

É um percentual significativo, pois contrasta com a estimativa de perda de faturamento que totaliza R$ 36,7 bilhões nos setores pesquisados, o que representa 8,4% do PIB estadual.

Essa redução é de R$ 15,3 bilhões no comércio, R$ 12,8 bilhões nos serviços e R$ 8,6 bilhões na indústria.

A análise anterior apresentava que até o final de abril a perda de faturamento em todos os setores tinha sido de R$ 19,6 bilhões.

A pesquisa mostra o retorno das atividades econômicas. Um indicador disso é que, com adaptações, 87,5% das empresas já retomaram as atividades, embora de maneira desigual entre os portes, visto que o micro e pequeno negócio apresentam maiores dificuldades.

O levantamento também mostra que 25% das empresas estão com o funcionamento normalizado, 40,5% se readaptaram e 21,8% estão com produção reduzida.

No outro lado, 11% estão fechadas temporariamente e 1,5%, definitivamente.

Em linha com os dados divulgados esta semana pelo Ministério da Economia, o estudo registra um movimento de retomada do emprego.

Caiu o número de empresas que reduziram o quadro e aumentou a quantidade daquelas que geraram mais postos de trabalho.

Na primeira edição da pesquisa, três em cada quatro (76,8%) empresas catarinenses mostraram ter reduzido a quantidade de trabalhadores contratados.

Na atual medição, esse índice caiu praticamente pela metade e agora são 36,9%.

Na outra ponta, 10,1% das empresas dizem ter aumentado seus quadros.

Trata-se de um volume significativamente maior do que o de 1,6% registrado na terceira edição e que já representava o dobro dos levantamentos anteriores.

As medidas previstas na MP 936/2020 são determinantes para a manutenção de emprego e renda, consideram os entrevistados da pesquisa.

O acesso ao crédito é crucial para a manutenção ou retomada das atividades, no entanto, apenas uma em cada três empresas que buscaram, obtiveram empréstimo, ainda que o número de financiamentos obtidos desde maio tenha aumentado 2,3 pontos percentuais.

No total, 45,1% das empresas consultadas disseram ter procurado financiamento e somente 16,6% do total o obtiveram.

Os entrevistados consideram que o acesso ao crédito poderia ter evitado as falências registradas durante a pandemia.

O levantamento indagou os motivos dessas falências e as respostas indicam que 48% foram motivadas pela pandemia (redução de faturamento).

Das demais, 12% são atribuídas a outros problemas não relacionados à pandemia e 40% pelo fato de as empresas já estarem em situação delicada, agravada durante a ocorrência do coronavírus.

Neste contexto, 36% das entrevistadas afirmam que as falências poderiam ter sido evitadas caso houvesse acesso ao crédito.

Além do objetivo de realizar novos investimentos e projetos, os principais motivos para a busca de crédito são para fluxo de caixa (58%), pagamento de custos fixos (32,4%) e pagamento da folha e salários (20,3%).

MICRO E PEQUENA EMPRESA

Em relação aos pequenos negócios, as atividades mais prejudicadas são dos segmentos da economia criativa, como atividades culturais e artísticas, transportes escolares e turísticos, e eventos. Nesses ramos, seis em cada dez empresas seguem fechadas.

O diretor técnico do Sebrae/SC, Luc Pinheiro, destaca que a situação dessas empresas é a mais dramática:

“Sabemos que os segmentos devem ser os últimos a voltar com atuação completa e, consequentemente, os últimos a se recuperarem economicamente. Por isso é importante olharmos para esses negócios e buscarmos auxiliar na criação de soluções inovadoras que os ajudem a passar por esse período de crise”.

O estudo revela também a primeira recuperação de empregos nas micro e pequenas empresas desde o início da pandemia, o percentual de empresas que estão demitindo caiu de 37,7% para 21,8%, enquanto 4% têm saldo positivo de empregados.

O segmento também se valeu das prerrogativas da MP 936/2020. No faturamento diário, os pequenos negócios tiveram uma queda de 77% até o dia 12 de abril, período em que as restrições de isolamento social eram mais intensas.

A partir daí, as pequenas empresas vêm se recuperando com a volta gradual do funcionamento das atividades, tendo acumulado 58,1% de aumento no período até junho.

Da mesma forma, a pesquisa mostrou ainda que o acesso ao crédito vem aumentando com uma maior taxa de sucesso na obtenção de empréstimos na rede bancária, sendo que um a cada três pequenos negócios conseguiram empréstimo, incremento de 13% na taxa de sucesso.

COMÉRCIO E SERVIÇOS

“Com a leve recuperação do comércio e a contínua dificuldade dos serviços, os dados demonstram a necessidade de elaborar alternativas para a retomada segura da economia”, analisa o presidente da Fecomércio, Bruno Breithaupt.

Para ele, “a pesquisa também atua como instrumento para a construção de uma gestão estratégica e de políticas integradas para essa retomada segura das atividades, observando as questões econômicas, sociais e de saúde pública. Identificando pontos críticos e áreas mais sensíveis, permitindo o direcionamento assertivo dos esforços para os setores mais fragilizados”.

INDÚSTRIA

O levantamento ouviu 445 indústrias e mostra que cerca de 32% dos estabelecimentos do setor realizaram algum tipo de adaptação no processo produtivo para a retomada das atividades.

Cerca de 40% do segmento está com redução na produção, um percentual bem inferior aos 68% da edição anterior.

Há uma queda estimada em 19,9% na produção industrial desde 17 de março, com retração de R$ 8,6 bilhões na produção industrial, sendo R$ 7,7 bilhões nas vendas ao mercado interno e R$ 790 milhões nas exportações.

Quanto ao acesso ao crédito, em torno de metade das empresas do setor entrevistadas disse não ter buscado financiamento. Entre as demais, uma a cada duas empresas não obteve sucesso.

Conforme a análise, a indústria foi a que mais utilizou as prerrogativas da Medida Provisória 936/2020, afetando 40% dos empregos do setor.

Segundo os resultados do levantamento, 40% das indústrias suspenderam contratos de trabalho no período.

Já a redução de jornada e de salário foi adotada por 42% das empresas do setor, ou seja, 24,3% dos trabalhadores.

Foram ouvidas 1,6 mil empresas de 6 a 12 de julho e a margem de erro da pesquisa geral é de 2,9%.

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