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Perseverando na crise: casos de sucesso de empresas catarinenses em plena pandemia

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A pandemia do coronavírus foi decretada em 11 de março de 2020 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Nesses meses, já tivemos várias fases de enfrentamento à esta que é uma das maiores crises de todos os tempos em escala global. Os impactos foram sentidos em todas as áreas, apresentando desafios sem precedentes para governos, empresas e pessoas.

Crises geram a situação paradoxal em que, ao mesmo tempo em que muitas empresas sofrem, outras podem aproveitar condições específicas de mercado para crescerem. Crises podem gerar oportunidades, mas em uma pandemia não há espaço para oportunismos. É legítimo que toda empresa procure novas formas de gerar negócios, potencializando seus pontos fortes e suas conexões com o mercado. 

Segundo a FIA, em nível macroeconômico, a coronacrise se divide em quatro etapas: recolhimento, replanejamento, retomada e sustentação e, essa estrutura se repete no microcosmo das empresas. Os gestores e colaboradores tiveram que repensar os negócios e recolher os exércitos, replanejar as ações para buscar uma retomada e, ainda estamos em busca de uma situação estável de sustentação pós-pandemia. Vai levar um tempo, mas chegaremos lá.

Alguns setores foram praticamente dizimados nesse processo e levarão muito tempo para se recuperarem: aviação, turismo, bares e restaurantes, shoppings e vestuário, esses foram os mais atingidos, seguidos por: construção, veículos e indústrias. Grandes setores que possivelmente terão retomada lenta e dolorosa. 

É preciso que se entenda que para muitos setores não haverá uma volta à normalidade anterior. Um novo parâmetro terá que ser perseguido, um “novo normal” tomará lugar. E, para muitas empresas, esse novo normal significará o desaparecimento. Quando um setor tem um choque de demanda e os consumidores não podem mais consumir os seus produtos e serviços, infelizmente é preciso se reinventar e buscar novas formas de existir. 

Em contrapartida às dificuldades desses setores ameaçados, várias empresas conseguiram reformular rapidamente suas estratégias e criar novas propostas de valor para o mercado. Os conceitos de inovação, destruição criativa e geração de valor forem usados de forma inteligente para criar novos espaços e conquistar mercados e novos negócios em plena crise. 

Especialmente em Santa Catarina, estado reconhecido pelo alto nível de empreendedorismo, temos exemplos muito interessantes de crescimento nesse momento. Abaixo cito alguns: 

Nanotecnologia contra o vírus: a TNS Nanotecnologia, de Florianópolis, desenvolveu o Protec-20, a partir de tecnologia de nanopartículas de prata. O produto pode ser aplicado em tecidos em ambientes hospitalares para reduzir em 99,99% a existência de vírus e bactérias. A empresa conseguiu escalar a produção em quatro semanas para atender a nova demanda gerada pela pandemia e, está crescendo em ritmo acelerado.

Uma flanela especial: a Outfog, de Blumenau, desenvolveu uma flanela com características específicas para resolver um problema que surgiu com a obrigatoriedade de uso das máscaras. Os óculos inevitavelmente embaçam. A flanela desembaçante foi lançada em junho de 2020 e já está sendo vendida em centenas de lojas em todo território brasileiro. O produto, que dura por 500 aplicações, se transformou em um chamariz de clientes para as óticas que tinham movimento reduzido após a quarentena e conseguiram atrair mais clientes para conhecer a novidade. E a empresa já está preparando o lançamento de novos produtos para aproveitar a demanda do mercado. 

Pagamento por biometria facial: a Payface, startup com sede em Florianópolis, desenvolveu tecnologia própria de reconhecimento facial para pagamentos em diversos meios, de cartões de crédito, private labels (cartões de varejistas), wallets (carteiras virtuais), adquirentes, subadquirentes e gateways de pagamento. O consumidor passa a fazer suas compras usando apenas o rosto, sem precisar mostrar o cartão de pagamento no momento da compra, diminuindo filas, evitando contato físico e reduzindo o risco de contágio. 

Capacitação para influenciadores digitais: a quarentena gerou uma necessidade das pessoas mostrarem seu trabalho por meios online. E, para fazer isso da maneira correta, é preciso treinamento e orientação. Pensando nisso, a startup catarinense Influencer Challenge lançou um programa de treinamento para novos influenciadores digitais. A capacitação acontece durante oito semanas, totalmente online. O objetivo é desenvolver as habilidades das pessoas para construir conteúdo e atrair público nas plataformas digitais. 

Produtos simples, de alto apelo e giro rápido: a Bandana Brasil, de Pomerode, foi criada no meio da crise para vender bandanas e acessórios criativos. A empresa desenvolveu uma bandana multiuso que pode ser utilizada inclusive como máscara e, atende muito bem atletas que precisam respirar melhor durante a corrida e não gostam das máscaras de tecido coladas ao rosto. A empresa começou as operações em maio de 2020 e já está vendendo nas regiões sul e sudeste, em dezenas de lojas.

Com esses cases de sucesso mostramos que somos terreno fértil para a inovação e a geração de novos negócios, mesmo em situações adversas e imprevistas. Bons exemplos para o Brasil e para Mundo, que devem ser celebrados. 

Em qualquer segmento, seja de tecnologia ou produtos de consumo, seja na indústria ou nos serviços, é possível inovar e criar novas propostas que atendem as demandas e necessidades das pessoas, mesmo nesse momento de crise global. 

Os empreendedores precisam estar atentos ao mercado para poderem repensar estratégias, reinventar modelos de negócios e gerar valor para as pessoas. É assim que vamos sair da crise mais fortalecidos.

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Estrategista de marcas, especialista em inovação de marketing, fundador da Nexia Branding e sócio-fundador do Fluxo.

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