Por Roberto Vilela, consultor empresarial.
Manter a atividade empresarial em meio a uma crise econômica global sem precedentes é mais do que desafiador. Envolve uma série de decisões e nem sempre é fácil para um negócio passar por esta situação sem apoio profissional. Em condições normais, por exemplo, o IBGE destaca que apenas 40% das empresas brasileiras seguem abertas depois de cinco anos da fundação. O dado é de 2017 e aponta a necessidade de profissionalização da gestão e da tomada de decisão para a redução de riscos.
Neste cenário é que desponta a mentoria de negócios como uma opção viável do ponto de vista econômico e estrutural. Diferentemente do modelo de contratação via CLT, o mentor de negócios é um profissional com ampla experiência e expertise em diversos tipos de empresas, que soma ao seu currículo estudo contínuo para unir prática e teoria no ambiente da tomada de decisão.
Entre as vantagens desse tipo de trabalho para empresas que estão tentando superar a crise está o fato de que o mentor não tem ligação emocional com o negócio. Desse modo, traz para a empresa uma visão muito mais crítica e cristalina, levando em consideração fatos, oportunidades, erros e acertos. Não entram nesta análise preferências pessoais, comuns especialmente nos negócios familiares.
A falta de ligação emocional com o negócio é também essencial para uma análise assertiva das oportunidades. Uma pesquisa de 2016 do Sebrae mostrou que 88% dos gestores abriram seus negócios com recursos familiares e 37% deles apostaram no empreendimento porque tinham o sonho de ter um negócio próprio. Sob essa ótica nem sempre é fácil tomar a melhor decisão sem pesar sobre ela o próprio sentimento de sucesso ou fracasso, comprometendo assim a assertividade.
Outro ponto crucial da mentoria na retomada de um negócio é o fato de que o mentor é também um elo muito importante para reconectar uma empresa ao mercado em que atua. Ao escolher um profissional que cultiva e valoriza o networking, a aproximação do negócio com novas oportunidades de mercado se dá mais facilmente.
No pós-crise, se destacarão negócios com algumas características distintas: resilientes, adeptos à inovação, prontos para abrirem mão de produtos/serviços de pouca adesão e abertos a mudanças em todas as frentes da empresa. Para colocar estas características em prática sem queimar o caixa – algo essencial no cenário de aproveitamento de recursos em que nos encontramos – ter o apoio de um mentor é também uma saída inteligente. Um profissional sem ligação direta com a empresa, com a opção de trazer outras experiências de mercado para diversificar os negócios e sem o fator alto custo fará com que muitos negócios se sobressaiam. Basta ao gestor ter a visão assertiva sobre a importância de investimentos que priorizam o conhecimento e a razão em detrimento da emoção, que neste momento pode significar o fim de um sonho empresarial.