As mudanças de comportamento que a pandemia do coronavírus e o isolamento social trouxeram à realidade é pauta em todos os setores.
Com essa nova realidade, a indústria da moda, é uma das mais afetadas. O especialista em marketing e branding, D.J. Castro, já colaborou com marcas conhecidas como Beagle, Von der Volke, Dudalina, entre outras.
Ele analisa que, ao mesmo tempo em que a indústria da moda é uma das primeiras a ser afetada, é também uma das que mais tem chances de se reinventar:
“Por mais que não sabemos a duração da pandemia, saber lidar com esse momento e enxergar as inúmeras possibilidades com a crise imposta por ela, é essencial. Oportunidades virão, e agarrá-las para inovar no setor é imprescindível”.
ETAPAS DA CRISE
De acordo com a Fundação Instituto de Administração (FIA), em nível macroeconômico, a crise econômica se divide em quatro etapas: recolhimento, replanejamento, retomada e sustentação de empresas.
Mas o que chama atenção de muitas pessoas, empreendedores, gestores e stakeholders é o crescimento significativo de alguns segmentos e a criação de novas empresas, principalmente, no cenário da moda.
Os conceitos de inovação, destruição criativa e geração de valor foram usados por empresas de forma inteligente para criar novos espaços, conquistar mercados e novos negócios em plena crise.
“Os consumidores são a chave de toda mudança. A forma como consumimos é o que vai definir o novo formato da moda, a população é que mudará a cultura do consumo”, conta o especialista.
Ele cita alguns exemplos de marcas catarinenses que inovaram em meio à crise:
Free Force
Uma loja de roupas e acessórios de alta tecnologia para ciclistas, de Pomerode, com matéria prima de ponta e design exclusivo, que resultam em produtos de qualidade superior para todos que andam de bicicleta.
D.J Castro explica que atuou diretamente no marketing digital da empresa buscando enxergar a demanda do público alvo:
“Foi feita a reestruturação de estratégias da empresa, buscando ter uma equipe de vendas mais especializada e próxima do cliente, resultado em um aumento efetivo de demanda para produtos de ciclismo ofertados pela merca. Para gerar mais resultados, também foram feitos conteúdos específicos para as redes sociais, com promoções para se conectar com o consumidor final. O resultado foi o crescimento do engajamento do público, especialmente no início da crise. A marca evoluiu no relacionamento com os clientes, lançando novos produtos, intensificando o engajamento nas redes sociais com uma equipe de atendimento e comercial mais presente e disponível para lojistas, gerando, assim, um crescimento de mais de 50% nas vendas diretas”.
Bandana Brasil
Produto simples, de alto apelo e giro rápido, a Bandana Brasil, também de Pomerode, foi criada no meio da pandemia para vender bandanas e acessórios criativos.
A empresa desenvolveu uma bandana multiuso que pode ser utilizada, inclusive, como máscara e atende atletas que precisam respirar melhor durante a prática de esportes, e que não se adaptaram com o uso de máscaras de tecido coladas ao rosto.
A empresa começou as operações em maio deste ano e já está vendendo nas regiões Sul e Sudeste, em dezenas de lojas.
O especialista conta que ao auxiliar no desenvolvimento e estratégias da marca foi possível desenvolver identidade e conceito da marca, bem como a abordagem de venda:
“A Bandana Brasil foi um negócio criado do zero em plena pandemia do novo Coronavírus. Ela veio da necessidade do público, algo multifuncional que serve como máscara e bandana”.
Flanela Outfog
A Outfog, de Blumenau, desenvolveu uma flanela com características específicas para resolver um problema que surgiu com a obrigatoriedade de uso das máscaras.
A flanela possui compostos orgânicos que favorecem a formação de um filme sobre a lente que altera a tensão superficial da água, quebrando assim as microgotículas que causam o embaçamento.
Recomendada para óculos de grau, óculos de sol, óculos de natação, visor de capacete, vidro de carro e óculos de snowboard, possui boa aderência na lente por até 36 horas e pode ser utilizada por até 500 vezes.
O produto foi lançado em junho e já está sendo vendido em centenas de lojas em todo o país.
“Essa marca também nasceu da necessidade do público, tanto das óticas como das pessoas que utilizam óculos. A estratégia inicial foi focada nas óticas, sendo uma marca de produtos inovadores. Nesse processo, com a orientação estratégica, suporte e consultoria, desde que a flanela foi lançada, já são mais de 200 mil unidades vendidas e cerca de quatro mil pontos de venda distribuídos em todo o Brasil. Atendendo uma necessidade imediata, a flanela já está no top 10 da Loja Integrada, plataforma de e-commerce para criação de lojas virtuais voltada para pequenas e médias empresas”, destaca o especialista.
D.J Castro conta que as marcas que tem tido mais sucesso nesses tempos complexos são as que tem por trás uma cultura de inovação:
“Muito mais do que ter um setor de inovação, a cultura é fundamental para construir um ambiente favorável ao desenvolvimento de ideias e a criação de novas propostas de valor para o mercado. As empresas que tem a cultura inovadora sempre conseguem sair na frente e reagir com mais rapidez às mudanças de mercado”.
Para ele, as empresas que inovarem, entrarem para o online e planejarem, irão sair na frente:
“São essas empresas que conseguem unir as pessoas para repensar as estratégias, reconfigurar os recursos, se reconectar com o público para gerar novos negócios, mesmo na crise. Para atender as mudanças de comportamento dos consumidores e suas novas necessidades, é necessário inovar em produtos e serviços, criar novos processos, desenvolver novos mercados e repensar os modelos de negócios”.