A poupança continua sendo a principal opção dos brasileiros quando se fala em investir, mas muitos não sabem como a rentabilidade dela funciona. A rentabilidade da nova poupança, que é como são chamadas as aplicações feitas após 2012 está diretamente relacionada à Taxa Referencial, a chamada TR.
A TR é um instrumento criado nos anos 90 e que ainda gera impactos na economia. Além da poupança, a taxa costuma aparecer também no mercado de financiamento imobiliário e no FGTS.
O que é a TR
A principal função da Taxa Referencial é atuar como um indicador para a atualização monetária de operações. Em resumo: ela é usada para corrigir valores em aplicações financeiras e operações de crédito que naturalmente oscilam com o passar do tempo.
Sua criação, entretanto, teve outro objetivo, que era de servir como parâmetro para os juros no país, da mesma forma como hoje ocorre com a taxa Selic. Isso antes do plano Real e a estabilização econômica que conteve o descontrole inflacionário.
Com o tempo, nesse aspecto, a TR foi substituída aos poucos por outros indicadores, da mesma forma como financiamentos imobiliários foram sendo atualizados por outros índices.
A taxa referencial e os investimentos
Hoje, a principal função da TR é servir como referência para aplicações financeiras.
Como a remuneração da Caderneta de Poupança, está atrelada a essa taxa, se ela aumenta, o investidor ganha mais, se diminui, recebe menos.
Desde o mês de agosto de 2012, existe uma regra na nova poupança que faz com que sua rentabilidade seja alterada em função dos juros da economia.
Assim, se a Selic supera os 8,5% ao ano, a rentabilidade será de 0,5% ao mês acrescida da TR.
Caso a Selic fique abaixo desse valor, o investimento renderá o correspondente a 70% da Selic acrescida da variação da TR.
Para aplicações realizadas na Poupança anteriormente a essa data, a regra continua sendo a mesma de antes, com remuneração de 0,5% ao mês mais a TR.
Como é calculada a TR
A fórmula de cálculo da TR segue a equação: TR = 100 x {[((1 + TBF) / 100) / R] – 1}.
Para encontrar a variável R, por sua vez, é preciso usar a fórmula:
R = (a + b) x TBF
Nela, a variável “a” é uma constante de valor 1,005, “b” é definido pelo TBF e divulgado pelo Banco Central (BC) e “TBF” é a tarifa básica financeira divulgada diariamente pelo BC.
Simplificando: é preciso encontrar a Taxa Básica Financeira, chamada de TBF. Ela será aplicada na fórmula de cálculo da TR. A TBF é calculada de acordo com as taxas de títulos públicos prefixados no Tesouro Nacional, sendo a média ponderada das taxas de juros praticadas no mercado secundário nas negociações envolvendo esses ativos.
Identificado o valor da TBF, cabe ao Banco Central aplicar um redutor para então chegar à TR. Assim, é natural que a TR fique abaixo da TBF, podendo em alguns casos, chegar a zero. Entre 2010 e 2020, ou seja, considerando um intervalo longo, a média dessa taxa ficou entre zero e 0,25%.
O que é importante saber sobre a taxa referencial
A questão é que desde a criação do plano Real, a TR já não tem tanta importância no controle da economia, entretanto, ela ainda interfere na rentabilidade de investimentos.
Considerando o cenário atual, os juros da economia ocupam patamares mínimos históricos, significa que investir em ativos atrelados à TR não tende a gerar resultados tão expressivos em termos de retorno financeiro quanto outras soluções de renda fixa.
Além da poupança, a TR impacta também ativos como os Títulos de Capitalização, aplicações oferecidas por bancos no modelo de sorteio.
Neste caso, a rentabilidade costuma ser a TR mais um valor fixo. Mesmo o FGTS, que é um direito trabalhista, tem alíquota de 8% do salário bruto do trabalhador descontada de maneira mensal e alocada em um fundo com rentabilidade de 3% ao ano mais a TR.
Na prática, observando as regras de cálculo da TR e seu histórico nos últimos 10 anos, basta saber que se trata de uma taxa que apresenta valores significativamente baixos, podendo chegar a zero, o que faz com que não seja um índice interessante para quem pensa em rentabilidade.