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Você vai cair na fraude do Pix?

Foto: Pixabay

Vish, era só o que me faltava. “Aquilo que deveria ser apontado como uma das maiores revoluções do sistema financeiro brasileiro agora é passível de fraude, Neto?”

Olha, se você for levar em consideração boa parte das reportagens que saíram sobre o novo sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central, talvez realmente acredite nessa informação.

E vou confessar: depois de quase dois anos de muito trabalho, discussões, adequações e testes, ver essa abordagem em boa parte da mídia causa, no mínimo, uma indignação em quem conhece um pouco além do básico sobre o PIX.

Já participei de vários eventos sobre o PIX e em todos eles a pergunta “e a segurança disso?” ecoava reincidentemente. É impressionante como algo novo assusta, vira um criadouro de fake news e pode, inclusive, ser questionado como algo desnecessário.

O PIX foi idealizado, conduzido e desenvolvido pelo Banco Central, juntamente com os bancos, fintechs e entidades reguladoras. Juntos, realizaram um trabalho fenomenal, construído por todos os agentes do mercado financeiro para democratizar a gestão financeira e facilitar a rotina e a circulação do dinheiro. 

A única coisa que decepciona é ver muita gente se valer de vídeos de origem duvidosa para estabelecer uma barreira na inovação, criticar o projeto e desinformar a população.

Não, você não vai cair na fraude do PIX.

Simplesmente porque ela não existe. O sistema é seguro, de alta rastreabilidade e conta com o que há de mais moderno em segurança da informação. Você só tem acesso mediante login e senha da sua conta bancária, da mesma forma que faz para realizar TEDs e DOCs.

“Neto, mas e se algum sequestrador ou bandido colocar uma arma na minha cabeça e mandar eu transferir o dinheiro?”. Bom amigo, neste caso ele poderia fazer isso para roubar qualquer outra coisa, além do dinheiro.

Se já não bastasse isso, o sistema é altamente rastreável: a digitalização do dinheiro registra a esteira de transferências, registrando origem e destino, permitindo que se identifique exatamente o beneficiário final dos recursos transferidos.

Assim, você até pode ser coagido a fazer uma transferência, mas o bandido estará em maus lençóis já que ficará muito fácil para as autoridades policiais identificarem o destinatário dos recursos e prendê-lo. 

Eu acredito que ninguém vai conseguir “raspar” todo o saldo da sua conta facilmente com o PIX. Primeiro porque ele não é um aplicativo separado da sua conta e, segundo, porque as instituições financeiras trabalham com previsão de comportamento e limites de transações.

Isso significa que, se eventualmente você precisar transferir um valor muito mais alto do que o habitual, com certeza seu banco irá reter o pagamento e pedir sua confirmação por telefone ou mesmo pessoalmente antes de liberar a transação.

A instituição onde você mantém conta pode exigir que você cadastre com antecedência o beneficiário do pagamento via PIX para transações que envolvam valores elevados e cujo beneficiário não é uma pessoa com quem você se relaciona habitualmente.

As regras de segurança continuam e com o avanço da tecnologia, tornarão as transações ainda mais destemidas. Atualmente há recursos tecnológicos que permitem a autenticação via selfie, verificação da geolocalização do correntista, definição de limites e botão de pânico.

Do ponto de vista de segurança, o PIX é tão ou mais seguro que os sistemas tradicionais de transferência. O que muda é a facilidade de se transferir, reduzindo-se o número de informações necessárias para que a transação seja realizada, a velocidade com que o dinheiro circula e a possibilidade de você realizar suas transações sem limitação de dia e horário, ou ainda ter que esperar o próximo dia útil para o dinheiro entrar na conta.

Até o momento, nenhuma fraude ligada ao campo tecnológico desse sistema foi detectada. Ele segue totalmente seguro e transparente.

“Mas Neto, se não existe a possibilidade de fraude, por que se fala tanto nisso?”.

Aqui entra uma questão muito sensível:  a segurança por trás da estruturação do PIX não garante a segurança em relação às atitudes dos seus usuários. A única possibilidade de ocorrer alguma fraude neste sentido, portanto, é o fator humano.

E, como bem sabemos, é a ingenuidade das pessoas que, em boa parte de casos de golpes ligados a dinheiro, fala mais alto. O que ocorre é que muitas pessoas ainda caem em ataques realizados através da engenharia social, quando criminosos aplicam golpes convencendo-as a, de alguma forma, a transferir valores para eles.

O velho golpe do bilhete premiado, o recente golpe da clonagem do Whatsapp, os e-mails maliciosos que levam os internautas a clicarem em links fraudulentos, a oferta de produtos pela metade do preço em lojas virtuais fakes, são exemplos de engenharia social.

E esse tipo de golpe ou fraude pode ser evitado facilmente com uma questão muito simples: informação. Sempre desconfie de promessas lucrativas ou pedidos de dinheiro imediatos.

Se você usar o PIX da mesma forma que utiliza uma TED ou DOC já sabe que vai movimentar seu dinheiro com facilidade e segurança. Sabe que não precisa baixar nenhum aplicativo a mais para usar o PIX, basta cadastrar sua chave dentro do aplicativo da sua conta bancária. E, claro, sabe que nenhum vídeo de um super expert do qual ninguém ouviu falar até então, alertando sobre cuidados no uso do PIX, realmente faz sentido.

Inovação e informação não têm erros. Apenas atitudes impensadas e ingenuidade. E ambas podem ser combatidas facilmente. E aí, já cadastrou (com segurança, dentro da sua conta bancária) a sua chave PIX? Não fique de fora da maior revolução do mercado financeiro.

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Diretor de operações da PagueVeloz

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