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Retrato de um Brasil de baixa formação: faltam vagas ou candidatos não estão preparados?

Foto: Rawpixel.com/AdobeStock

O Brasil vive um momento ímpar de sua história. Um olhar mais atento ao cenário atual, a despeito da polarização política que vivenciamos, nos faz perceber que muitos dos desafios atuais têm raiz mais profunda do que a pandemia.

Recentemente a taxa de desemprego no país chegou a 14,2%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice é o maior desde maio, quando a pesquisa Pnad Covid, para mensurar os impactos da pandemia, começou a ser feita.

Em contrapartida, no entanto, uma notícia é recorrente, especialmente em nosso segmento: o número de vagas e a falta de profissionais para a área de tecnologia.

Mesmo os bons salários e as condições de crescimento parecem não atrair candidatos e as empresas travam verdadeiras disputas para conseguir a mão-de-obra necessária.

E as oportunidades para essa área não param de crescer. Segundo o Banco Nacional de Empregos, entre janeiro e setembro do ano passado, em meio à crise, mais de 8 mil postos de trabalho foram abertos.

Um levantamento da GeekHunter, especializada em recrutamento para oportunidades no setor, mostrou que as vagas do setor cresceram 310% no ano passado.

Sobram vagas, faltam profissionais. E o motivo para que a conta não feche, salvo raras exceções, é um só: a falta de qualificação profissional. Ainda caminhamos a passos lentos na formação dos jovens. A academia não acompanha a evolução do mercado, os cursos técnicos tentam amenizar o problema, mas, ainda assim, não conseguem suprir a qualificação requisitada. 

Surgem então, iniciativas privadas, em que empresas se unem a projetos de formação para que, dentro da própria estrutura, preparem os futuros colaboradores. Estes projetos poderão resolver, futuramente, o problema que temos hoje, mas ainda assim escancaram a deficiência de formação que o brasileiro enfrenta.

Como bem pontuou o matemático americano, Richard Hamming, “professores deveriam preparar o aluno para o futuro do aluno, não para o passado do professor”.

Soma-se a esse cenário a educação básica abaixo do esperado, o número inexpressivo de brasileiros com hábito da leitura e aprendizado, apenas metade da população considera-se leitura, segundo a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil.

Tudo isso vira uma bola de neve sem solução em curto prazo. Investir na formação profissional apenas para apagar o incêndio já se mostrou ineficaz, embora pareça a única saída para que as empresas garantam seu quadro de colaboradores. 

E, neste cenário, grande parte dos 14 milhões de brasileiros desempregados sequer conseguem disputar uma boa vaga de trabalho porque simplesmente não preenchem requisitos mínimos de contratação.  

Além da questão cultural, há ainda casos em que o próprio profissional, mesmo quando se depara com a oferta por formação, não se interessa por ela.

Como líder de empresa, não é raro me deparar com pessoas que recebem, de graça e frequentemente, oportunidades para desenvolvimento da carreira e simplesmente as ignoram.

Colocam-se em uma posição de conformismo e deixam de evoluir profissionalmente, correndo o risco de caírem na estatística do desemprego, não por falta de incentivo, mas sim, por não se dedicarem à própria formação. Investem em bens, em diversão e lazer, mas esquecem do próprio futuro.

Que em 2021 mais pessoas estejam abertas às oportunidades que o mercado oferece. Que a formação contemple quem está disposto a mudar esta realidade que, quando sobrarem vagas, seja por falta de mão-de-obra apenas, e não por baixa qualificação.

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