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O que faz de Florianópolis a segunda melhor cidade do país para empreender

Iomani Engelmann, presidente da ACATE. Foto: divulgação

Florianópolis é a segunda melhor cidade para se empreender no Brasil, é o que aponta o Índice de Cidades Empreendedoras feito pela Endeavor em parceria com a  Escola Nacional de Administração Pública (Enap).

A capital catarinense ficou somente atrás de São Paulo, que tem população quase 20 vezes maior.

As condições de inovação e capital humano foram os destaques da cidade, que ocupou a primeira posição nos dois pilares.

Um conjunto de ações contribuem para o desenvolvimento de Florianópolis e do estado como um ecossistema empreendedor.

No pilar inovação, em que a capital ocupa o primeiro lugar e Joinville, no norte catarinense, o quarto, foram examinados os indicadores como proporção de mestres e doutores em ciência e tecnologia, assim como de funcionários nessa área, investimentos do BNDES e da Finep, número de patentes registradas, representatividade da indústria inovadora e da economia criativa, entre outros.

O movimento empreendedor ganhou expressão na capital desde a década de 1990, quando houve um aumento do número de empresas de tecnologia e inovação se instalando e sendo criadas, o que rendeu, mais recentemente, o apelido de  “Ilha do Silício”.

Segundo dados do ACATE Tech Report 2020, a região metropolitana possui 3,9 mil empresas do setor, com faturamento de R$ 9,9 bilhões. São mais de 7 mil empreendedores e cerca de 28 mil colaboradores. 

Há dois anos, uma parceria entre a Prefeitura de Florianópolis e a Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) criou a Rede de Inovação, uma iniciativa pioneira no país que reúne quatro centros de inovação com o objetivo de estimular a cultura de inovação e empreendedorismo, ativar o ecossistema de inovação e gerar e escalar negócios inovadores no município. 

“O Índice vai ao encontro do que constatamos no Tech Report, e demonstra o quanto o setor de tecnologia e inovação são fundamentais para o desenvolvimento de uma cidade. Hoje é a principal atividade econômica do município, e Florianópolis também tem a maior taxa de empresas de tecnologia por habitante do país, com cinco empresas para cada mil habitantes”, explica Iomani Engelmann, presidente da ACATE. 

CAPITAL HUMANO DE QUALIDADE MAS AINDA ESCASSO

Conectado diretamente a isso, Florianópolis também ficou em primeiro lugar na dimensão capital humano.

Fatores como alto desempenho dos alunos no Enem, alta proporção de adultos com ensino médio completo, de matriculados no ensino técnico e profissionalizante, de adultos com ensino superior completo e de alunos com formação superior em cursos avaliados como sendo de alta qualidade compõem  o resultado.

“Certamente o setor de tecnologia e inovação impulsionou este resultado, pois as empresas de tecnologia atraem um grande número de profissionais altamente qualificados”, observa o presidente da entidade.

A startup de biotecnologia BiomeHub exemplifica bem esta realidade. Fundada em 2019, é uma das únicas healthtechs a desenvolver soluções tecnológicas baseadas no microbioma humano no Brasil e, com menos de dois anos no mercado, já é reconhecida nacionalmente como referência em tecnologia e conhecimento sobre o tema para a promoção da medicina preventiva e de precisão. Também foi pioneira no país ao desenvolver uma metodologia de testagem em massa para o coronavírus.

“Um dos pontos que fazem com que tenhamos uma alta capacidade de inovação é a qualidade e quantidade de colaboradores com mestrado e doutorado na nossa equipe”, explica o CEO da startup, Luiz Felipe Valter de Oliveira.

Apesar da boa colocação no ranking, assim como o restante do país, o estado também enfrenta um gargalo para contratação de profissionais altamente qualificados no setor. 

Entidades e a iniciativa privada estão se mobilizando para capacitar mais pessoas para a área, mapeando uma jornada e sensibilizando os jovens desde a escola para que tenham interesse pela tecnologia.

ACESSO A CAPITAL

Outro pilar que a capital catarinense ocupa uma boa colocação no ranking é o acesso a capital. O diretor do grupo de investimento da ACATE, Marcelo Wolowski, comenta que no setor de tecnologia e inovação a oferta aumentou muito no último ano, mesmo em meio a pandemia:

“Foram quase R$ 100 milhões de investimento em 2020. Atualmente, existem dois fundos na cidade para investimentos em empresas inovadoras, e a ACATE também está apoiando um fundo de R$ 100 milhões da Invisto. Além disso, a Rede de Investidores Anjo se fortaleceu muito nos últimos anos”.

Ainda que tenha obtido um bom resultado geral, a 23ª posição no pilar ambiente regulatório, 15ª em infraestrutura, 42º em mercado; e 87º em cultura empreendedora mostram que os desafios são inúmeros.

Ao menos no ambiente regulatório, a cidade já vê alguns avanços. O projeto Floripa Simples, lançado no ano passado, permite a abertura de uma empresa de baixo risco em  quatro horas, tempo mais rápido do país entre as capitais.  

“Existem algumas particularidades por se tratar de uma ilha, que impede a construção de grandes indústrias, mas precisamos avançar muito na questão da conectividade, que precisa ser ampliada, assim como na infraestrutura. O levantamento é um bom parâmetro para toda a sociedade avaliar e elencar as prioridades para o desenvolvimento”, conclui Iomani.

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