Por Silvio Kotujansky, diretor de Inovação e Novos Negócios da Associação Catarinense de Tecnologia
Quando a Associação Catarinense de Tecnologia criou o programa de inovação aberta LinkLab, em 2017, sabia do grande potencial de uma metodologia estruturada para criar conexões entre os atores envolvidos no ecossistema de tecnologia. Em uma ponta estão as startups, com muitas ideias, criatividade e produtos para serem desenvolvidos e testados no mercado, porém por vezes com poucas oportunidades e dinheiro para desenvolvimento. Na outra ponta, as grandes empresas. Negócios consolidados, governança, capital e necessidade de aprimoramento tecnológico, mas com alguns entraves burocráticos comuns de uma corporação. O LinkLab nasceu justamente com esse objetivo, criar a conexão entre as duas partes, gerando valor para todos. As corporates conseguem atingir seus desafios de inovação com maior rapidez, enquanto as startups têm a oportunidade de conhecer melhor seu mercado e gerar negócios.
Ao longo destes três anos de programa, a metodologia foi sendo aprimorada e inúmeros cases de sucesso foram desenvolvidos. Corporates como Ambev, WEG, AcelorMittal, Engie e Tigre – atualmente são mais de 30 -, encontraram no LinkLab a oportunidade de desenvolver novos projetos e alavancar seus negócios. O Governo do Estado de Santa Catarina também buscou a tecnologia para trazer mais eficiência à administração pública e instalou seu laboratório de inovação, o NIDUS, dentro da sede do LinkLab Primavera, em Florianópolis.
O ano de 2020 começou com um planejamento e muita expectativa, até que fomos surpreendidos pela pandemia. Junto a ela, a crise econômica, que trouxe novos desafios, acelerando a transformação digital de muitas empresas para sobrevivência, impulsionando a busca por tecnologia e inovação para resolver antigos e novos desafios. Nesse aspecto, o LinkLab ganhou ainda mais relevância. No mês de abril, foi lançada a iniciativa Reinvent, que ajudou muitas empresas a se reinventarem no cenário da Covid-19. Foram realizadas ações de Inteligência coletiva, trilhas de ação e mentorias.
No cenário da crise, quebramos a barreira do físico, e lançamos o hub virtual para empresas de todo o Brasil, além das três unidades físicas (Florianópolis, São José e Joinville). Com isso, foi fortalecida a atuação nacional e, 54% das startups inscritas em 2020 são de fora de Santa Catarina. Essa expansão também foi possível devido às parcerias com nove ecossistemas do país na divulgação dos desafios das grandes corporações. O Grupo de Transformação Digital também realizou processos em grandes empresas do setor de energia, como a CTG Brasil (China Three Gorges Corporation) e a Energisa. Iniciamos, ainda, um projeto em parceria com o Sebrae, para ajudar o Ceará a estruturar o ecossistema de tecnologia do estado.
Ao longo do último ano, foram 559 startups inscritas no programa, mais de 150 desafios coletados entre as corporates, gerando mais de 600 interações entre corporates e startups. Um exemplo é a startup de logística Equilibrium que, com pouco mais de um ano de atuação, conseguiu crescer 1.900% em 2020, fechando contrato com grandes empresas e recebendo seu primeiro aporte de R$ 1 milhão. Outro case de sucesso do ano passado é o da Evoluum junto ao Koerich, um dos maiores varejistas do estado. A startup ajudou a desenvolver o aplicativo financeiro do grupo.
Essa aproximação de sucesso só é possível devido à metodologia estruturada pelo LinkLab para criar inovação. O relacionamento entre as corporates e startups pode acontecer de diferentes formas, desde a validação de um MVP; aprimoramento da solução; parceria comercial; corporate venture capital; validação de POC; mentoria; venda direta B2B; OEM/ White Label; parceria de tecnologia; e co-desenvolvimento. Cada projeto é analisado individualmente e acompanhado por uma equipe de especialistas para definir a melhor estratégia de open innovation.
Para 2021, a inovação aberta deve ser ainda mais desenvolvida. Vivemos a maturidade digital de grandes empresas, que por muitas décadas faziam pesquisas somente internamente, ou em poucos casos com universidades, e passaram a se abrir para o mercado e para os ecossistemas de inovação. O Brasil ainda tem uma lição de casa para fazer, que é aprimorar essa visão e utilizar cada vez mais os conhecimentos dos atores que já estão conectados com o mercado, e a inovação aberta é uma ponte poderosa para isso. A necessidade de transformação para sobrevivência acelerou muitos processos em 2020. Agora, é hora de aprimorarmos os projetos, com entregas cada vez mais concretas para a sociedade.