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Uma “fábrica” de criativos inovadores

Foto: divulgação

Por Luiz Salomão Ribas Gomez, professor da UFSC e criador da pré-incubadora Cocreation Lab

O brasileiro é antes de tudo um criativo – e disso há provas incontestes nas mais variadas áreas. Que o digam os dribles e passes do Zico, os desfiles do Joãosinho Trinta, as músicas e a poesia do Vinícius, as linhas de Niemeyer, as cores e formas de Tarsila do Amaral ou o 14 Bis de Santos Dumont. Também há que se valorizar o espírito livre de amarras do universitário que sentou à mesa do café com os colegas e (vai a seguir um diálogo hipotético, mas não inverossímil) arriscou: “por que não unimos nossos conhecimentos e criamos uma empresa inovadora, capaz de desenvolver aqui mesmo, onde isso é prática quase desconhecida, um novo mercado, o de marketing digital?”.  

A criatividade é elemento essencial para a transformação de qualquer realidade. Na prática, porém, ela não se basta em si mesma. Artistas, esportistas, cozinheiros, músicos e empresários que rompem barreiras e criam o novo são também estudiosos, dedicados, ousados, organizados, focados e disciplinados. Tudo bem: nem sempre essas características são preponderantes no indivíduo, mas eles estão lá, em algum ponto do cenário onde a criatividade brilha e se transforma em inovação. 

Uma pré-incubadora de projetos de economia criativa assume a tarefa de acrescentar pitadas de “pé no chão” ao sonho criativo de pessoas com enorme potencial para pensar o futuro. Com metodologia específica, os participantes tem apoio na fase inicial do desenvolvimento de suas ideias e colocam seus projetos no papel, testando hipóteses, errando e aprendendo. No fim, tornam-se empreendedores mais bem preparados para enfrentar o mercado. Uma transformação apoiada por especialistas, que ocorre em ambiente de estímulo ao aprendizado coletivo e ao compartilhamento de experiências, mas que jamais pode tirar dos participantes a ousadia e o entusiamo típicos do inovador. 

Santa Catarina é um polo de economia criativa, conceito que alguns de forma equivocada imaginam como sinônimo de tecnologia, mas que na verdade é muito mais amplo e inclui, além da tecnologia, também especialidades como  design, arquitetura, moda, publicidade & marketing, artes, música, artes cênicas e expressões culturais e biotecnologia. Áreas bastante diversas entre si – ainda que interligadas pela necessidade da presença da criatividade, que movimentaram mais de R$ 171 bilhões em 2017 no Brasil segundo estudo da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). E o mais importante a lembrar: atividades que cada vez mais estão interligadas ao dia a dia das pessoas e a atividades “não criativas”. Ou há como negar o papel essencial do design na indústria de eletrodomésticos? 

Justamente por isso, formar novos empreendedores criativos é tão importante. E Santa Catarina tem muito a comemorar. Com apoio do Programa Nascer da Fapesc (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa CAtarina) e do Sebrae/SC, nos últimos anos a metodologia aplicada no Cocreation Lab ajudou a implementar 211 projetos desenvolvidos em 15 cidades do Estado por 831 cocreators. 

Ou seja: graças ao trabalho conjunto desses parceiros, Santa Catarina ganhou novas empresas e, principalmente, deu mais ferramentas para pessoas altamente criativas desenvolverem seus talentos – seja empreendendo por conta própria, seja ajudando outros negócios a prosperarem. Ainda há muito a ser explorado e um ecossistema fortalecido é essencial para que projetos inovadores se desenvolvam. Mas é inegável que contribuímos muito, e em todas as regiões do estado, para o desenvolvimento de uma cultura de inovação em Santa Catarina.  

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