Se tem um segmento que faz jus ao ditado de que o Brasil não é para amadores, é o de logística. O custo efetivo do processo de distribuição é um dos maiores gargalos das empresas brasileiras que, cada vez mais, buscam alternativas para tornar o processo de entregas viável.
Só no último ano, o sucessivo aumento no preço dos combustíveis refletiu nas tabelas de frete, reajustadas a cada seis meses pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). No início de 2021, esse reajuste foi de até 8,58%, a depender do tipo de carga.
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Para driblar a elevação de custos e manter a rotina de distribuição, a aposta em soluções de controle de cargas vem crescendo entre as empresas brasileiras.
Os chamados sistemas TMS, que proporcionam a gestão de todo o processo de transportes, da contratação da transportadora, desenvolvimento de rota e auditoria do frete, estão em alta e são considerados uma das tendências do setor.
Só pelas soluções da Lincros, uma das principais empresas de tecnologia para a gestão de transportes no Brasil, são monitorados mais de 23 mil veículos.
No ano passado, cerca de R$ 11 bilhões em mercadorias tiveram suas entregas geridas pelos sistemas da empresa.
“A automação é um caminho sem volta e essencial para a competitividade no setor. É com o histórico de todo o processo que o gestor inicia a melhoria contínua, melhorando suas rotas e, consequentemente, reduzindo devoluções, paradas não programadas e aproveitando melhor o espaço nos veículos e as rotas utilizadas”, destaca Gilson Chequeto, CEO da Lincros.
Uma das marcas que aderiu às soluções de automação da empresa foi a Oxford. Referência no mercado de itens de mesa, a marca registrou aumento substancial nas vendas de e-commerce no último ano, subindo de 200 pedidos/mês em 2019 para cerca de 200 pedidos/dia em 2020.
“A empresa foi buscar no mercado um sistema aderente, que pudesse ser gerido de forma integrada ao ERP utilizado. Hoje a Lincros apoia na gestão de cerca de R$ 20 milhões em conta frete ao ano”, complementa Marcelo Correa, gerente de logística da Oxford.
Já no grupo Hope, a automação também chegou como um ponto forte para a melhoria no processo de distribuição dos pedidos.
A companhia de moda íntima feminina atua tanto nas entregas para lojas próprias e parcerias, quanto para o consumidor final.
Diminuir os custos deste processo era um dos objetivos com a adoção de tecnologia para a gestão do frete.
“Atualmente temos uma economia mensal de 1,82% na conta frete por conta do processo de auditoria. Antes da contratação da solução, era impossível verificar os CTEs, que são os documentos relacionados ao transporte, um a um, pois o volume é muito grande. Fechamos as faturas a cada 15 dias e recebemos cerca de 500 CTEs por fatura de cada transportadora – são 10 empresas. Então antes esse controle ocorria por amostragem, o que levava cerca de dez dias. Só identificávamos erros ou pagamentos duplicados se aparecessem na amostragem. Hoje esse processo é assertivo e totalmente automatizado, e em poucos minutos temos identificadas eventuais inconsistências em uma análise de todos os CTEs”, ressalta Luciane Silva, gerente de logística da Hope.
Para Gilson, a competitividade dos custos das operações de transportes está diretamente relacionada à capacidade de gestão administrativa, financeira e operacional, desafio que precisa ser suportado com o devido apoio tecnológico:
“Tanto em operações B2C quanto B2B, a logística tem papel fundamental na percepção de valor dos clientes, o que torna ainda maior os desafios dos gestores que, além de precisarem manter boas margens operacionais/financeiras, precisam garantir um excelente nível de serviços. Sem uma boa gestão de dados e o cruzamento de informações cruciais, esta tarefa torna-se quase impossível”.