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Uma cidade de cultura industrial transformada em um centro de inovação em SC

Foto: divulgação

Por Fernando Salla, CEO da Effecti

Sempre que falamos em inovação em Santa Catarina, Florianópolis recebe os holofotes por conta de seus diversos parques tecnológicos e cases de sucesso. A capital conseguiu, com a união de empresas, universidades, governo e sociedade (o que chamamos de quatro hélices da inovação), se tornar referência nacional nesse quesito. Entretanto, existem 13 centros de inovações reconhecidos pelo governo estadual atualmente, e muita coisa aconteceu ao longo dos últimos anos para que outros ecossistemas fossem criados. Dentro dos 13, está  Rio do Sul, com o seu centro nomeado de CINF (Centro de Inovação Norberto Frahm), em homenagem a um dos primeiros empreendedores que levaram o nome da cidade para todo o Brasil.

Foi nessa cidade do interior que nasceu um novo centro de inovação. Também foi ali que nasceu a Effecti, uma startup pequena no início, mas com ambições empreendedoras que se tornaram realidade. Hoje, a Effecti é parte do grupo Nuvini, holding de internet responsável pela plataforma de Software as a Service (SaaS) que mais cresce no Brasil. Tenho muito orgulho de onde chegamos como empresa, e mais orgulho ainda em dizer que pudemos crescer em inovação tecnológica junto à nossa Rio do Sul.

Tudo começou cerca de dez anos atrás, quando o entendimento de negócios em Rio do Sul começava a mudar ao passo que seus habitantes almejavam viver em um ambiente empreendedor. A partir da necessidade de criar um centro de inovação para fomentar a indústria criativa, trabalhadores, executivos e servidores se colocaram à frente na idealização de um projeto. Os rio-sulenses interessados começaram a se reunir para discutir como impulsionar o município e ganhar destaque no mapa de Santa Catarina, assim como Florianópolis.

Nessa época a Effecti ainda era uma ideia de negócio. Tanto eu como meu sócio, Everton Porath, já trabalhávamos com desenvolvimento de soluções web e estávamos dedicados a aprender e aplicar os novos conceitos e metodologias que surgiam na época. Mesmo com muito conhecimento tecnológico e de mercado, os pensamentos “do interior” nos deixavam inseguros para inovar e tentar algo diferente, tanto como empreendedores como para evoluir o ecossistema da cidade. Além de nós, outras pessoas com uma visão criativa e progressista também se encontravam no mesmo lugar de pensamento.

Nossa cultura empreendedora intrínseca foi, de fato, o pontapé inicial para impulsionar estratégias reais na cidade. O que faltava era a coragem e prática para implantar um ambiente regulatório que unisse a tecnologia, o capital e todo fundamento da academia.

Então, há dez anos, a comunidade inovadora do município sabia que precisava incentivar esses eixos, mas os encontros iniciais ainda eram irregulares na época. O grupo contava com reuniões entre a comunidade, instituições de ensino e pessoas do poder público, o que dificultou algumas ações que dependiam do governo, já que as trocas de cadeiras e interesses acabavam atrasando os projetos. Discutir como inovar e criar um ecossistema empreendedor para a região era simples, o problema estava em como executar as ideias.

Gabriel de Borda Neto, meu colega e hoje coordenador do Conselho Estadual de Núcleos de Inovação (CENI/SC), lembra que levaram alguns anos de discussões e prospecções para entendemos que, pela falta de um hub de inovação na cidade, teríamos que buscar eventos corporativos para sediar em Rio do Sul. “Com esses encontros, a região conseguiria finalmente assimilar como desenvolver suas capacidades criativas, além de atrair executivos e possíveis investidores para as empresas locais”, faço minhas as palavras do Gabriel.

Foi em 2015 que, finalmente, foi dado o primeiro passo definitivo com a criação do Núcleo de Inovação da ACIRS (Associação Empresarial de Rio do Sul), uma iniciativa para estimular a discussão da cultura empreendedora na cidade. Em 2017, o núcleo realizou sua estreia pública a partir do Prêmio de Inovação ACIRS. Com 38 inscrições, a primeira edição da premiação resultou em grande repercussão das empresas premiadas, projetando-as para fora do Vale do Itajaí. Não à-toa que os projetos inovadores que ganharam esse primeiro prêmio, disputaram e ganharam outros concursos ainda maiores.

O Núcleo de Inovação foi o começo de tudo. Talvez tenha demorado um pouco para finalmente acontecer, mas a comunidade empreendedora nunca desistiu do sonho e não mediu esforços para trazer a inspiração e despertar a capacidade da região. De lá pra cá, a cidade sediou diversos eventos inovadores, as empresas e projetos evoluíram significativamente e até se conseguiu um lugar no legislativo municipal com a Lei Complementar 402/2018, determinante para que pequenos negócios da cidade pudessem firmar parcerias com instituições públicas ou privadas. O incentivo à inovação e à criatividade foram regulamentados.

Hoje olho para trás e me orgulho de ter participado dos primeiros debates e movimentos para o amadurecimento de Rio do Sul, de como saímos de uma cidade de cultura industrial para um importante centro de inovação em Santa Catarina.

Desde então, temos estimulado as novas empresas de tecnologia da cidade e da região a aplicarem para participação em programas de capacitação dos quais já participamos e nos auxiliaram muito com conhecimento e desenvolvimento. São eles, Inovativa Brasil do Governo Federal, Startup SC do Sebrae SC e ScaleUp da Endeavor. Também buscamos estimular constantemente o crescimento e desenvolvimento destes novos empreendedores oferecendo mentorias, apresentações e até bate-papos informais, compartilhando os conhecimentos e aprendizados que adquirimos ao longo da jornada empreendedora.

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