A profissão de tech recruiter está entre as 30 carreiras em alta em 2021, segundo levantamento feito pelo PageGroup.
O profissional é responsável pela seleção e contratação de pessoas desenvolvedoras para os times de tecnologia dentro de uma empresa.
Com a pandemia, a aceleração da transformação digital impulsionou ainda mais a demanda por profissionais da área e, consequentemente, por tech recruiters, uma especialização dentro da carreira de Recursos Humanos que, inclusive, é celebrada no próximo dia 3 de junho.
Com formação em psicologia, Maria Amélia Viana atua há 10 anos com recrutamento e há 5 se dedica às seleções de talentos na área de tecnologia.
Já passou por empresas como Intelbras, Involves, Everis e, atualmente, faz parte da equipe da Neoway.
Ela é uma tech recruiter sênior, profissional disputado no mercado e explica que a diferença do recrutador tradicional para o recrutador tech é o nível de conhecimento sobre tecnologia:
“O profissional de RH entende muito de pessoas e avaliação comportamental e, geralmente, conhecimentos de tecnologia não estão no seu escopo. Mas quando precisa contratar um profissional de TI, há a necessidade de entender minimamente sobre esse universo, as diferenças de linguagens e tecnologias e como isso impacta na rotina de trabalho das pessoas”.
Lorena Locks Coelho também é psicóloga e começou a trabalhar em empresas de tecnologia em 2015 e como tech recruiter em 2019. Na época, tinha pouquíssima experiência com recrutamento tech, mas seu perfil chamou a atenção pelo conhecimento em tecnologia. Hoje, ela chega a receber, pelo menos, duas propostas de trabalho por semana.
“A demanda está muito alta. O problema é que as empresas, muitas vezes, querem o profissional pronto, sênior, com muita experiência, mas essas pessoas não estão disponíveis no mercado. Por isso, é importante se destacar pelo conhecimento tech e mostrar que tem potencial de desenvolvimento”, destaca.
Jorge Mallet, Head de People da GeekHunter, startup especializada na contratação de profissionais de tecnologia, explica que até meados de 2018, pouco se falava de tech recruiter, mas naquela época já existia um paradigma de como escalar o número de contratações de pessoas desenvolvedoras sem perder qualidade e sem baixar a conversão:
“De lá para cá, cada vez mais surgem startups que precisam escalar, companhias de diversos segmentos que estão se digitalizando e, consequentemente, vagas relacionadas a digitalização e desenvolvimento de software. Para preencher essas oportunidades precisamos de profissionais especializados em recrutar essas pessoas, que entendem essa linguagem e do processo como um todo”.
COMO INGRESSAR NA CARREIRA
1. Interesse por tecnologia e inovação
Para quem se interessou pela área e quer começar na carreira, a primeira dica, segundo Jorge Mallet, é ter interesse por tecnologia e inovação:
“Ao longo da minha trajetória percebi que a pessoa de recrutamento em empresas de tecnologia não precisa dominar comportamento humano, pelo contrário, geralmente as pessoas que se destacam como recrutamento tech, seja numa startup ou big company, são muito curiosas, gostam de aprender coisas novas e estão ligadas nas novidades do mundo tech. Resumindo, a pessoa tem que ser apaixonada e consumir tecnologia de maneira indireta. Dessa forma, treinar as skills técnicas, as hard skills, é muito mais fácil”.
Este profissional precisa saber a diferença, por exemplo, entre back-end e front-end, conhecer sobre Stack overflow, github, devs, devOps, UX, entre outros termos comuns.
Claro que não é necessário saber codar, mas é importante se sentir à vontade nesse meio. Ter conhecimento em inglês também facilita muito.
2. Participar de comunidades tech
Outra dica é participar de eventos e comunidades tech. Para Lorena, tech recruiter da Ambev Tech e consultora externa da GeekHunter, este foi um dos principais fatores que abriu oportunidades na carreira.
“Sempre estive no meio tech, gosto de jogos de tabuleiro e online, RPG, leio muitos artigos sobre tecnologia, participo de alguns meetups, hoje sou embaixadora do Women Techmakers e líder do GDG Floripa, uma comunidade da Google Developers Group. Então, o ponto principal para quem quer começar é participar de eventos, se conectar com pessoas e comunidades de tecnologia”.
3. Estude dados e métricas
Para ser um profissional tech recruiter não existe uma formação formal exigida, geralmente são pessoas que já trabalham com RH e se especializam em tecnologia. No entanto, há conhecimentos que impulsionam e diferenciam o profissional, dados e métricas são alguns deles.
“Trabalhar com números, esse é um déficit que temos muito no time de recrutamento e faz falta na hora de tomar uma decisão mais assertiva, de analisar os dados para saber o motivo de rejeição, de ter uma visão mais estratégica”, afirma Lorena.
Jorge acrescenta que entender de métricas faz com que o recrutador ganhe em produtividade e consiga solucionar problemas o mais rápido possível:
“É preciso ter familiaridade com o funil de recrutamento, hoje mais do que nunca tem que ter os dados de conversão do funil para saber onde está perdendo as pessoas, seja na inscrição, etapa de desafio técnico ou propostas. Como o mercado está muito aquecido, a pessoa precisa entender de métricas do processo para que ela consiga melhorar rápido onde tá errado”.