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A importância da representatividade feminina na tecnologia

Foto: divulgação

Karen Santos, CEO da UX para Minas Pretas

Quando falamos de mulheres na tecnologia precisamos ressaltar a importância da presença feminina na construção da economia digital, onde para além da representatividade, temos o desafio da quebra do esteriótipo de gênero construído historicamente que tende a dizer que mulheres não estão aptas para trabalhar com tecnologia. 

Em uma pesquisa realizada pela Kasperky com mulheres da Europa, América do Norte, América Latina e região APAC em 2020 revelou que 10% apenas trabalham em uma equipe majoritariamente feminina, com 48% em um ambiente dominado por homens e 39% em um ambiente de trabalho dividido uniformemente. E quando se trata de carreira 44% delas concordou que os homens progridem mais rápido do que as mulheres na organização.

TECNOLOGIA AVANÇA E DIVERSIDADE RECUA

Segundo a Accenture Brasil a proporção de mulheres trabalhando em tecnologia é hoje menor, de 32%, do que era em 1984, 35%. Atualmente, mulheres desempenham somente 16% dos papéis em engenharia e 27% em computação nas companhias nos EUA.

  • 50% das mulheres em papéis de tecnologia largam seus cargos aos 35 anos.
  • Líderes seniores de RH (cerca de 45%) são duas vezes prováveis do que mulheres (cerca de 21%) de dizer ser “fácil para mulheres prosperar na área de tecnologia.”
  • Com culturas mais inclusivas, cerca de 3 milhões de jovens mulheres poderiam estar trabalhando em tecnologia em 2025.

As empresas que contratam diversidade, com pessoas de diferentes origem social, étnico racial, pessoas com deficiência, crenças e religiões, identidade de gênero, diferentes gerações ou orientação sexual e também de uma variedade de experiências educacionais e profissionais, geram mais receitas de inovação.

De todos os fatores, a diversidade de gênero também tem a maior influência na eficácia das equipes. Isso significa que, ao abordar a desigualdade de gênero, as empresas não estão apenas lutando para superar uma preocupação ética, mas também aumentando sua eficiência.

A TECNOLOGIA NÃO PODE SER INCLUSIVA SE FOR DESENVOLVIDA SEM MULHERES

A indústria de tecnologia precisa muito das mulheres, para atender a demanda por talentos, para inovar, visto que em locais de trabalho mais diversificados e inclusivos, as pessoas têm 11 vezes mais probabilidade de impulsionar a inovação do que em locais de trabalho menos diversos e inclusivos.

E do ponto de vista de criação de novas soluções, a diversidade de gênero pode garantir que novos produtos e serviços sejam projetados para funcionar para todos nós (por exemplo, a falta de bonecos de teste de colisão “femininos” contribui para que, em acidentes de carro, as mulheres têm 47% mais hipóteses de sofrer lesões graves e 17% mais probabilidade de morrer.

Bem como a importância da diversidade de raça, onde na falta dela, por exemplo, através de algoritmos racistas, temos diversos sistemas que contribuem para a exclusão de pessoas negras, como o Google que identificou dois amigos negros como “gorilas” em suas fotos juntos ou o caso onde um homem negro, gravou um vídeo sobre a webcam da HP que se tornou viral depois que mostrou que a câmera pode rastrear o rosto dos usuários, exceto quando eles são negros e até mesmo dispensador de sabão, carros automáticos e relógios que não reconhecem o tom de pele negra para o seu funcionamento.

Às vezes, respeitar as pessoas significa certificar-se de que seus sistemas são inclusivos.”, diz Joy Buolamwini, cientista da computação e ativista digital enfrentou grandes empresas de tecnologia provando que os serviços de reconhecimento facial apresentam erros na identificação de pessoas negras. Assista Coded Bias na Netflix.

Brasileiras representam 51,6% da população e mais da metade é formada por mulheres negras e 27% da população, segundo o IBGE, entre os donos de negócio apenas 36% são do sexo feminino, segundo o Sebrae. E esse número é ainda menor quando se fala em startups.

Além disso:

  • 21% das equipes de tecnologia do Brasil não têm nenhuma mulher – época
  • Mulheres negras recebem menos da metade do salário dos homens brancos no Brasil – elpais
  • Empresas lideradas por mulheres negras são as mais atingidas na pandemia – agência Brasil
  • Recessão gerada pela pandemia impacta mais mulheres no mercado de trabalho – G1
  • Mulheres negras ganham menos e sofrem mais do que pessoas brancas no trabalho – folha

QUAIS MEDIDAS EMPRESAS DEVEM TOMAR PARA ASSEGURAR A INCLUSÃO DE MULHERES NEGRAS NO MERCADO DE TECH?

A responsabilidade de ações deve ser compartilhada e dividida entre a empresa e sua liderança, então, certifique-se de que as mulheres são encorajadas e tenha certeza elas estão em um espaço inclusivo, acolhedor e com possibilidades de desenvolvimento e crescimento.

As empresas devem definir metas e objetivos para a diversidade nas equipes e também na liderança. Deve oferecer às mulheres suporte de local de trabalho direcionado como mentores, profissionais e time de apoio e redes que ajudam a compensar o campo de jogo desigual.

Também é importante aproveitar a bagagem, vivência e diferença de pensamentos e recompensar essa criatividade e inovação que são refletidos como criação de novos mercados, experiências, produtos, serviços, conteúdo por pessoas diversas, tenha também uma equipe de liderança diversificada que apoiem e suportem as práticas elaboradas para nivelar o cenário e ambiente capacitador. 

A diversidade é boa para todos e gera diversos benefícios, tornando as empresas mais lucrativas e competitivas, mantendo funcionários mais engajados e colaborativos, cria maior senso de pertencimento, estimula mais criatividade e inovação e mantém a atração e retenção de talentos que na área de tecnologia tem sofrido muito com evasão de profissionais.

REPRESENTATIVIDADE IMPORTA

A luta por uma representatividade diversificada e positiva faz parte da necessidade de rompimento, com as imagens de controle que o tempo todo nos indica um lugar social, como se tivesse inscrito em nossa identidade como se fosse um lugar essencializado.

Representatividade e se ver representado na tecnologia e em outras áreas é empoderador, pois não só valida a nossa existência, como amplia nossas noções do que podemos ser e fazer, e desafia aquela implicação, sutil de que temos menos importância. Além disso, representatividade pode ser um meio de ampliar espaço e voz para grupos minorizados que não conseguem se fazer ouvir ou mesmo que são fortemente incompreendidas e hostilizadas.

Por esse motivo a UX para Minas Pretas surgiu em 2019, somos uma empresa que gera inserção, apoio e fortalecimento educacional e profissional de mulheres negras na área de UX (User Experience), conectando-as entre empresas e escolas. Assim promovendo a equidade no mercado de tecnologia e auxílio na mudança de cenário de oportunidades econômicas para mulheres negras.

Posicionar mulheres negras como protagonistas na criação da economia digital foi a motivação para Karen Santos fundar a UX para Minas Pretas, hoje gerido também por Aline Santos, Patricia Gonçalves e Germanna Rosa. A iniciativa insere mulheres no mercado de User Experience (UX), cujo foco é a experiência que o usuário tem ao utilizar o site, aplicativo, serviço ou produto de uma marca e empresa. O projeto conta com uma comunidade de 1.500 mulheres, tendo o apoio de mais 9 voluntárias na equipe e já treinou mais de mil mulheres negras e lidera ações de empoderamento e articulação com uma rede que engaja mais de 20 mil pessoas.

A representatividade é vital, sem ela a borboleta rodeada por um grupo de mariposas incapaz de ver a si mesma, vai continuar tentando ser mariposa. – Rupi Kaur

É preciso que a representatividade esteja em todos os lugares, em todos os detalhes, se eu não me vejo, aquilo automaticamente não me representa e infelizmente ainda estamos com pouquíssimos espaços representativos e ter representatividade na tecnologia é importante para as diversas borboletas que estão saindo do casulo agora e poderão enxergar novas possibilidades de carreira, crescimento e liderança, tendo modelos de outras borboletas onde elas possam se inspirar.

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