Por Raquel Schürmann, gerente executiva da Fundação Fritz Müller.
A pandemia trouxe um despertar no ser humano. Além disso, potencializou uma revolução tecnológica que já vinha se desenhando e que se tornou realidade nos comportamentos e hábitos até então ainda pulverizados. Com um mercado de trabalho cada vez mais automatizado e mais veloz, a exigência é de gestores melhores preparados – e mais do que isso, requer dos líderes uma postura lapidada que se adapte às circunstâncias e às constantes mudanças que são provocadas pelo movimento da economia.
Os desafios do líder estão ainda maiores. Além de se ocupar dos processos burocrático-administrativos, está atribuído ao gestor a necessidade de gerenciar o capital humano da empresa. Não que isso não fosse responsabilidade dele até pouco tempo atrás. Mas é que o tom mudou. As novas posturas do ser humano resultaram em colaboradores mais exigentes daquilo que o trabalho pode lhe proporcionar; eles estão mais críticos com relação ao seu papel dentro da empresa. O colaborador atual não tem mais a postura mecânica de realizar o seu trabalho. Ele questiona e quer ser ouvido. Cabe ao líder ceder esse espaço.
Podemos até arriscar dizer que enfrentamos uma fase de ruptura dos modelos da hierarquia tradicional dentro das corporações. O profissional de hoje quer ter a liberdade de discutir qualquer assunto com seu gestor, sejam questões profissionais ou pessoais. Isso exige do líder um posicionamento flexível, que permite uma nova relação de trabalho, baseada nas soft skills.
O líder precisa se preocupar com a saúde psicológica da sua equipe. Deve estar antenado ao bem-estar dos seus colaboradores. E praticar a empatia em todas as circunstâncias, sem deixar de impor o respeito do seu cargo. Fala-se muito na nova pegada criativa que o colaborador deve ter para se manter no mercado. Mas essa criatividade, aliada à flexibilidade e á resiliência, também são requisitos a serem preenchidos pelo gestor contemporâneo.
As ferramentas digitais estão aí para serem usadas a favor desse novo momento cultural dentro das empresas. Os instrumentos tecnológicos são, inclusive, importantíssimos para estabelecer os caminhos da comunicação corporativa mais ágil e mais dinâmica – mas que requer mais atenção e sensibilidade.
A aceleração tecnológica provocou na outra ponta da postura social a necessidade de dimensões humanas presentes em um nível potencializado. Ter inteligência emocional é decisivo para a condução de equipes engajadas no seu propósito. Assim, o gestor precisa lançar mão de ações que façam com que o colaborador enxergue suas possibilidades de crescimento junto à empresa, que se sinta ouvido, percebido, valorizado e com liberdades de escolhas.
Um bom clima organizacional gera alta performance, produtividade e crescimento do negócio e da comunidade que o compõe. Um empreendedor só alcança sucesso e consolidação quando todos os setores remam na mesma direção. É uma questão de novos hábitos, de educação corporativa – à qual devem se submeter desde o mais simples colaborador até o alto escalão.