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Pandemia e retração no varejo têxtil impulsionam automação industrial da cadeia produtiva

Foto: SGr/AdobeStock

O cenário econômico global, impactado especialmente pela pandemia, afetou diretamente os resultados do setor têxtil.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no último ano as vendas do segmento caíram 22,7%.

Grandes marcas do varejo de moda no país divulgaram recentemente perdas na casa dos dois dígitos no último ano.

Reverter esse cenário, resultado também de novas tendências de consumo, com clientes mais exigentes e preocupados com a origem dos produtos, é uma iniciativa cada vez mais amparada por novas tecnologias.

A automação industrial, de acordo com o relatório da Transparency Market Research deve atingir uma valorização de até US$ 352,02 bilhões, até o final de 2024, em todo o mundo.

Soluções alinhadas com a indústria 4.0 garantem, cada vez mais, o melhor aproveitamento de insumos, dados atualizados do processo de produção e agilidade em todas as etapas de desenvolvimento dos produtos.

Para Fábio Kreutzfeld, sócio-diretor da Delta Máquinas Têxteis, companhia brasileira especializada em soluções de automação para a indústria têxtil, a perspectiva de retomada econômica é outro fator que irá impulsionar a adesão a novas tecnologias:

“Grandes indústrias do mercado de moda já buscam iniciativas para otimizar a produção. Da malharia ao beneficiamento e confecção, a redução de processos convencionais é crescente. Soma-se ao aumento do volume produtivo a qualidade aplicada às peças em processos alinhados com a indústria 4.0. No caso de confecção temos clientes, por exemplo, que não só reduziram o tempo de preparo das malhas em mais de 30% como passaram a ter mais precisão no processo de enfesto e corte. Isso é fundamental para a redução de desperdícios de insumos e, consequentemente, mais lucratividade”.

De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a digitalização dos processos produtivos deve atingir 21,8% das indústrias brasileiras na próxima década.

“É uma tendência global que também impacta o mercado têxtil. Na América Latina, os investimentos em automação já fazem parte da cadeia e devem crescer ainda mais neste processo de reaquecimento do setor”, avalia o executivo.

Companhias internacionais já acumulam ganhos

Um dos exemplos de indústria que tem apostado na automação industrial para a melhoria dos resultados é o grupo colombiano Supertex, responsável pela fabricação e exportação de peças que compõem marcas internacionais como Adidas, Under Armour, Patagoion, entre outras.

As quatro plantas da companhia possuem capacidade produtiva de 1,7 milhão de peças ao mês. Entre as iniciativas de automação produtiva da empresa está a adoção de relaxadeiras da Delta, que atuam no processo de preparação de malhas e tecidos planos.

A solução elimina a necessidade de descanso antes do enfesto e corte, reduzindo em mais de um dia o tempo para execução dessa etapa.

A precisão do corte também é uma das vantagens da automação, que dimensiona a matéria-prima para garantir aproveitamento total do insumo.

“Estamos em constante crescimento, sempre buscando soluções para aumentar a capacidade produtiva e a qualidade de nossas peças. À medida em que as demandas crescem, temos a intenção de trazer novas oportunidades de automação com as máquinas da Delta para a nossa empresa”, comenta Daniel Herrera, diretor de projetos da Supertex Group.

No Brasil, a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) estima que o setor seja um dos mais beneficiados com a recuperação econômica.

Dados da entidade apontam que o segmento deve fechar o ano com um crescimento aproximado de 25% nas vendas.

Resta às marcas estarem preparadas para este novo momento, garantindo a entrega ágil e uma produção baseada em boas práticas de digitalização e integração dos processos.

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