Por Roberto Vilela, consultor empresarial e mentor de negócios
Ainda que seja complexo projetar cenários futuros, visto toda a imprevisibilidade do atual momento, já é possível perceber que o Brasil vem iniciando sua caminhada em prol da recuperação econômica. O aporte estrangeiro, apontado no indicador de Investimentos Diretos no País (IDP) do Banco Central, sinalizou sua retomada, crescendo, de janeiro a maio, 30% a mais do que no ano anterior, atingindo US$ 22,5 bilhões. Esse crescimento demonstra a aposta de outros países na economia brasileira e pode auxiliar a aumentar volumes de negócios, estimulando a entrada de novas empresas em nosso território.
Em uma pesquisa livre, aplicada em meu perfil no LinkedIn, percebe-se que os gestores apostam em um cenário otimista, onde 70% dos votantes acreditam no aumento das vendas para o segundo semestre de 2021, seguido pelo desejo de estabilidade nos negócios, com 16% dos votos. Muito dessa animação está ligada à evolução da vacinação no país, que auxilia na projeção de um sólido crescimento.
Mas antes de iniciar as expectativas, temos que compreender os impactos do último ano. Ainda que os diferentes setores brasileiros tenham demonstrado sua resiliência, emergindo da crise apostando em novas perspectivas e metodologias, há de se ressaltar que, dentre todas as mudanças aderidas, não existem, neste cenário, novidades surpreendentes. Tudo que hoje ocorre no país, e no mundo, já estava em movimento, sendo tendências que já se propagavam com a quarta revolução industrial.
Uma rápida pesquisa já é o suficiente para demonstrar que o conceito não é novo. Surgiu há, aproximadamente, uma década, quando o governo alemão visava recuperar sua participação na indústria global, apostando na alta tecnologia e inovação como motor para elevar a competitividade.
Embora o Brasil estivesse defasado neste avanço, as vivências adquiridas no último ano e as mudanças de consumo aceleraram este desenvolvimento, levando o país ao cenário que percebemos hoje. E, ainda que as empresas precisem reformular suas práticas e modernizar seus processos para seguirem ativas, também se deve ressaltar que inovações não são ferramentas fantasiosas ou mirabolantes. A inovação, muito abordada ultimamente, nada mais é do que um novo olhar sobre o sistema, buscando a diminuição da complexidade para gerar resultados. Para tanto, cada caminho é único. Tortuoso? Talvez, mas não inalcançável e não precisa ser visto como assustador ou complicado.
Entre as tendências que se formulam, a experimentação é a chave. Além de trabalhar pelo reequilíbrio financeiro, gestores devem conciliar o presente com o olhar para o futuro e trabalhar em ferramentas que permitam um maior leque de possibilidades e oportunidades. Para tanto, além de explorar os recursos tecnológicos, buscar trabalhar a alta gestão, desenvolver políticas internas focadas na cultura organizacional e fortalecer o relacionamento com os clientes são passos que podem nortear os empreendedores neste percurso.
Por fim, o que determinará o seguimento do negócio nesta retomada é, mais do que nunca, a habilidade de gestão. Empresas que saibam gerenciar seus empreendimentos e escolher, sabiamente, seus investimentos terão mais chances de alcançar bons resultados. Já aquelas que se imergem apenas em sua própria realidade, sem analisar cenários ou se tardando na tomada de decisões, não chegarão a tempo para esta corrida.