O uso de produtos agrotóxicos formulados a partir do ingrediente ativo Fipronil será restringido em Santa Catarina, ficando proibida sua aplicação nas formas que envolvam o uso foliar deste produto.
A decisão foi discutida ao longo de dois anos, em sucessivas conversas entre a equipe técnica da Cidasc e representantes de produtores rurais, fabricantes de agrotóxicos, setor cooperativista, entre outros, antes de ser aprovada.
O documento analisado pela diretoria da Cidasc detalha como o Fipronil pode atingir as abelhas. A literatura especializada indica que o uso foliar do produto (aplicação sobre a lavoura já em fase de crescimento) é prejudicial às abelhas, devido ao contato delas com o pólen das plantas tratas e ao contato direto dos polinizadores com os produtos.
A Cidasc investiga todos casos de mortandade de abelhas, para verificar a possível causa do problema. Naqueles em que há relação com uso de agrotóxicos, a substância identificada foi sempre o Fipronil.
O gestor da Divisão de Fiscalização de Insumos Agrícolas, Matheus Mazon Fraga, destaca que a proteção das abelhas é primordial para a produção agropecuária catarinense:
“Somos os maiores exportadores de mel do Brasil, com mel premiado internacionalmente por sua qualidade. Ainda temos que considerar o mais importante, que é o trabalho ecológico das abelhas, na polinização. Sem elas é impossível produzir maçã, pêssego, ameixa e tantas outras culturas em nosso estado”.
Outro aspecto destacado por ele é que outras formas de aplicação deste agrotóxico, que não seja a foliar, foram mantidas na nova resolução. Isto inclui o uso mais comum desta substância no Brasil e em Santa Catarina, que é o tratamento de sementes.
Por ser uma aplicação em ambiente fechado e controlado, ela minimiza os riscos, evitando o contato com os polinizadores.
Quanto ao uso foliar, há outros produtos autorizados pela Cidasc, capazes de substituir o Fipronil e que poderão ser prescritos pelos engenheiros agrônomos, sem prejuízo ao agricultor.