Por Lucas Medola, CFO do PayPal Latam
Vamos falar sobre um assunto muito importante. Educação financeira e como ela contribui para uma economia global saudável. Isto porque ignorá-la representa (e representará cada vez mais) uma grande barreira à inclusão econômica.
No mundo acelerado e digitalizado de hoje, pessoas de todas as idades precisam conhecer as ferramentas que agora têm à disposição, e entender como elas podem ajudar na tomada de decisões financeiras sólidas e a criar hábitos financeiros responsáveis.
Trata-se de uma certeza comprovada empiricamente, capaz de promover o desenvolvimento integral de qualquer região do planeta.
Também é uma realidade que os jovens de hoje precisam ser capazes de se sustentar muito mais do que as gerações anteriores.
Nos últimos anos, governos e empregadores têm transferido cada vez mais a responsabilidade de poupar para os indivíduos, que devem garantir a própria segurança financeira após a aposentadoria.
Isso leva a meu próximo ponto. A educação financeira deve ser um dos alicerces do setor da educação, e seu principal objetivo deve ser o de garantir que as crianças e os jovens possam fazer a conexão entre o que aprendem na escola e como isso se aplica à vida real.
Nós, em nosso papel de pais, líderes de empresas, instituições e tomadores de decisão, devemos fornecer as ferramentas que os ensinem desde a mais tenra idade sobre dinheiro, da óbvia caderneta de poupança até as noções de planejamento de orçamentos e gestão de dívida.
Atualmente, os jovens aprendem sobre dinheiro de maneira muito incipiente, por meio dos amigos ou ouvindo os pais. Pouquíssimos recebem instrução mais formal em questões financeiras. Parte desse planejamento inclui manter-se informado sobre as metas e os benefícios de investimento para que possam dar os passos certos e construir um futuro financeiro saudável.
Nossa região está muito atrasada em educação financeira. De acordo com dados do Global Financial Literacy Excellence Center, a educação financeira em todo o mundo é mais forte em países com economias desenvolvidas e avançadas, especialmente a Europa Ocidental e países de língua inglesa.
Já do nosso lado do mapa, não há nações na América do Sul com mais de 50% de pessoas alfabetizadas financeiramente. Essa é uma tendência que tem sido consistente nos últimos anos e mostra poucos sinais de melhora.
E não são apenas os jovens que carecem de formação financeira sólida. Na verdade, em todo o mundo, apenas 1/3 dos adultos compreende tópicos financeiros básicos, de acordo com a Pesquisa FinLit Global, da Standard & Poor’s Ratings Services.
Por isso, temos um grande desafio pela frente. É extremamente importante que não apenas os pais, mas também os governos se esforcem para promover a educação financeira por meio de diferentes iniciativas e projetos que envolvam crianças e adultos.
Por sua vez, as empresas devem fazer da educação financeira parte de sua cultura interna, porque isso significará uma posição de protagonismo na luta pela inclusão financeira e pelo uso adequado dos serviços bancários básicos.
É preciso ter em mente que, em pleno 2021, apenas 54% da população latino-americana economicamente ativa tem conta em uma instituição financeira, de acordo com o Findex, índice do Banco Mundial.
Finalmente, é importante destacar que qualquer melhoria na educação financeira, por menor que pareça, terá um impacto profundo sobre os jovens da região e sua capacidade de vislumbrar um futuro mais seguro e digno.
Adquirir conhecimentos financeiros é fundamental, porque eles podem aliviar muito as dificuldades da vida, e elas surgem a todo momento.
Para a América Latina, é essencial incutir esse domínio sobre as questões financeiras nas gerações mais jovens, pois disso dependerá o fortalecimento da economia e o desenvolvimento dos países, desenvolvimento que só acontecerá se tivermos empresas e empreendimentos liderados por pessoas com os talentos e skills necessários para o sucesso.