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Economia SC Drops: Como a inovação contribui para o crescimento de agtechs em SC

Foto: divulgação

Foi-se o tempo em que campo e tecnologia eram realidades opostas. Inovação e agricultura se encontraram e têm transformado o setor: desde maquinários equipados com Inteligência Artificial até trazer jovens que apostam na agricultura, trazendo uma nova geração para a área.

Nesse Economia SC Drops, conversamos com o engenheiro agrícola Joel Risso, diretor da vertical agtech da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), para saber mais sobre o cenário atual das agtechs no estado. Confira abaixo:

Como o ecossistema de inovação de Santa Catarina opera no campo? Quais benefícios a tecnologia traz para a agricultura?

Joel: Em Santa Catarina, o ecossistema de inovação opera de uma forma muito conectada com o campo. Nós temos uma agricultura bastante diversificada, com cadeias produtivas muito organizadas e globalizadas. Estar conectado a cadeias globalizadas implica em exigências de padrões elevados, com adoção de  boas práticas, rastreabilidade, dentre outras características  que  intensificam a demanda por tecnologia e por produção, o que faz com que o estado atinja resultados ainda melhores. Ou seja, a tecnologia é um meio para que a agricultura se torne ainda mais produtiva em Santa Catarina. Assim, temos índices produtivos bem elevados em diversos segmentos, como o de suínos, aves e até mesmo na produção de soja, por exemplo, apesar do nosso território não ser extenso. O agronegócio catarinense é muito produtivo e é referência nacional em anos normais, sem intercorrências de eventos climáticos. E esses resultados expressivos também se  devem à adoção de tecnologia. Vale ressaltar ainda que parte dessas novas ferramentas e soluções inovadoras são levadas ao campo  pelas agtechs catarinenses.  

Segundo  o Radar Agtech Brasil 2020/2021, Santa Catarina lidera com a maior proporção do país de agtechs a cada 100 mil habitantes. A que se deve esse destaque?

Joel: Podemos dizer que Santa Catarina é um perfeito laboratório neste segmento e diversos fatores explicam esse resultado significativo na proporção de agtechs.  Temos uma agricultura  diversificada e altos índices de produtividades, o que é necessário para o sucesso diante de um perfil fundiário predominantemente médio a pequeno, mas com atividades produtivas rentáveis. Ou seja, de um lado temos os produtores rurais e o agronegócio catarinense, abertos a novas soluções e altamente produtivos. E, do outro lado, temos um ecossistema de inovação muito pujante. O estado conta com muitas associações, centros de inovação e iniciativas nesta área, tanto do Governo do Estado, como de universidades, entidades e empresas que nasceram e se desenvolveram aqui. Além disso, somos referência nacional no associativismo. Então essa consonância de fatores cria um substrato favorável para que as agtechs se desenvolvam e tragam ainda mais soluções para o campo catarinense.  

Como a tecnologia e inovação na agricultura agem na percepção de jovens quanto à agricultura? Isso está trazendo uma nova geração ao setor? 

Joel: A inovação e tecnologia alteram, naturalmente, o status quo e a forma de pensar mais tradicional no campo, porque proporcionam  menos empirismo e trazem mais dados para a tomada de decisão. E essa condição tecnológica acaba atraindo mais os jovens. Mas esse é um fenômeno relativamente recente, da última década. Não foi sempre assim, já que passamos algumas décadas perdendo os jovens do campo. Ao contrário do que era no passado, atualmente temos propriedades altamente tecnificadas, com muita automação e sistemas implantados. Esse cenário ajuda a despertar o olhar do jovem para esse segmento. Assim, há um rejuvenescimento do setor e isso cria ainda mais condições para disseminação da tecnologia.  

Que tipos de tecnologia estão disponíveis para o agricultor hoje? Elas são acessíveis a pequenos produtores e para quem vive da agricultura familiar?

Joel: São os mais diversos tipos de tecnologia disponíveis hoje. De olho nas principais tendências, podemos citar softwares que permitam análises e decisões orientadas a dados; monitoramento remoto, por meio de satélites, drones entre outros; sensores e automação embarcada voltados para a agricultura de precisão. Além disso, temos a biotecnologia e equipamentos autônomos, como máquinas que monitoram as condições dos animais na granja, por exemplo. São diversas soluções para otimizar, facilitar e tornar mais preciso o trabalho no campo. Essas tecnologias e soluções para o campo estão cada vez mais baratas,  tornando-se mais acessíveis aos produtores rurais, independentemente do porte e do segmento. Assim, agricultores familiares, por exemplo, também podem implementar esses recursos e ferramentas em suas plantações e criações. Porém, ainda temos alguns desafios quando falamos em tecnologia no agronegócio e os dois principais gargalos são mão de obra e conectividade.

Quais são as ações da vertical de agricultura de ACATE no estado? E quais os próximos passos?

Joel: A Vertical, que recentemente passou por uma reformulação e agora se chama Agtech, tem desenvolvido diversas ações. A primeira delas é dar visibilidade ao ecossistema catarinense e mostrar a empresas, produtores e investidores que somos referência nacional no segmento. Para isso, estamos realizando mensalmente Agtalks, que são webinars para tratar de diversos temas relacionados a esse universo. Também temos periodicamente reuniões de Plenária, nas quais temos muita troca de experiência entre empresas de diferentes portes. O ambiente da Vertical é de muito compartilhamento entre as empresas associadas. Estamos ainda com ações de aproximação com grandes empresas, para oportunizar negócios e parcerias, e participamos da Câmara 4.0 do Ministério da Agricultura, para debater tendências e tecnologias nesta área. E neste ano teremos a primeira edição do Agtech Summit, um grande evento aberto ao público. Ele será online e ocorrerá nos dias 16 e 17 de novembro. Será gratuito e  uma ótima oportunidade para conhecer mais sobre a Vertical, trocar experiências e fazer conexões. 

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