Após o recorde de novos negócios no último ano por conta da pandemia, o número de micro e pequenas empresas (MPEs) continua crescendo no país.
Só no primeiro semestre, foram abertos mais de 2 milhões de empreendimentos deste porte, o maior número do período desde 2015, segundo levantamento do Sebrae.
Para se destacar nesse mercado cada vez mais competitivo, a inovação tem sido uma das principais estratégias adotadas pelas empresas. Não à toa, 41,9% das MPEs passaram a utilizar recursos tecnológicos em seu negócio desde o último ano.
No entanto, apesar do avanço da transformação digital, a maioria dessas empresas ainda está em fase inicial no processo, como aponta uma pesquisa recente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
O principal obstáculo apresentado é a falta de recursos para investir: quase 40% dos entrevistados relataram essa motivação, enquanto outros 25% citaram a falta de conhecimento como a maior dificuldade a ser superada.
Para analistas do mercado, porém, é um equívoco acreditar que as tecnologias só estão disponíveis para grandes corporações e com alto custo.
“A transformação digital não precisa ser complexa para ser efetiva. Hoje, já temos diversas tecnologias acessíveis a qualquer tipo e tamanho de empreendimento. Democratizar esse acesso, aliás, é o objetivo de muitas startups, que buscam levar serviços digitais de forma simplificada para os pequenos negócios”, destaca Piero Contezini, fundador e CEO da fintech Asaas, que oferece serviços digitais focados em micro e pequenas empresas há quase 10 anos.
Pensando nisso, neste Dia Nacional das Micro e Pequenas Empresas, comemorado dia 5 de outubro, separamos 5 tecnologias acessíveis para quem quer modernizar seu negócio.
AUTOMAÇÃO NA ORGANIZAÇÃO FINANCEIRA
Apostar em uma ferramenta capaz de automatizar o controle de finanças é uma boa alternativa para quem quer começar a utilizar a tecnologia, considerando que a má gestão financeira é um dos principais motivos para fechamento de MPEs.
Além do gerenciamento mais eficiente, a automação reflete em benefícios como melhora no planejamento, na segurança e na produtividade do negócio.
Essa gestão de pagamentos e cobranças é um dos pilares do Asaas, que também permite a emissão de notas fiscais, a consulta e negativação de clientes via Serasa e a antecipação de recebíveis, tudo a um valor pensado para o micro e pequeno empreendedor.
“Nosso objetivo é ajudar os negócios a crescerem com o melhor custo-benefício. Não temos mensalidades ou taxas de adesão; só é preciso pagar pelos serviços que efetivamente são utilizados”, explica o empresário.
Um exemplo é a ferramenta para cobranças automatizadas, que envia lembretes e faz ligações de voz alertando sobre o vencimento dos pagamentos. O recurso já ajudou a diminuir em até 50% a inadimplência entre clientes da fintech e custa R$ 0,55 por ligação.
SOFTWARE PARA GESTÃO
Para ajudar na administração de empresas, especialmente as pequenas varejistas, softwares de gestão são essenciais. O Clipp360, ferramenta da Compufour Zucchetti, por exemplo, dinamiza o acesso a documentos e integra serviços, acelerando os processos administrativos e facilitando o gerenciamento do negócio, que pode ser feito de qualquer lugar e a qualquer momento, já que funciona na nuvem.
“O Clipp360 nasceu para dar toda a mobilidade que o varejo de hoje necessita, trazendo nele recursos simples e de fácil utilização. O sistema possui a emissão de NFCe em um ponto de venda, fazendo com que o usuário do software tenha maior clareza, facilidade e agilidade no preenchimento destes documentos”, explica Marcio Bellini, diretor de desenvolvimento da multinacional italiana.
GERENCIAMENTO DE PEDIDOS NO DELIVERY
O percentual de comércios que aderiram aos serviços de entrega passou de 54% para 66% depois da pandemia, segundo dados do Sebrae e da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).
Para os pequenos empreendedores, a solução amplia as oportunidades de vendas com um novo canal online, além de proporcionar uma melhor experiência ao consumidor com entrega rápida, permitindo aumentar a receita de restaurantes, bares, mercados, farmácias, pet shops e empresas de água e gás.
Pedro Judacheski, CEO e sócio fundador da Delivery Much, aplicativo de delivery que atua no interior do Brasil, comenta que muitos negócios de pequeno porte, principalmente no interior, ainda funcionam de forma manual, no papelzinho. Por isso, é importante oferecer tecnologias acessíveis, intuitivas e de fácil aplicação para digitalização.
“Ao aderir um aplicativo que funciona como marketplace, o empreendedor tem acesso a um software de gerenciamento de pedidos, pagamentos e entregas em uma única ferramenta, além de suporte para implantar a solução”, explica.
REDES ASSOCIATIVAS
Muitos empresários não sabem que é possível contar com a tecnologia no dia a dia por meio do associativismo. As redes associativas, que reúnem empreendedores com objetivo de ganhar competitividade e ter mais chance de crescimento, além de acesso a novos mercados por meio da compra conjunta, são um exemplo de entidade que pode facilitar o acesso à tecnologia para os pequenos negócios, já que ela se torna muito mais viável quando os custos são fracionados.
Empresa pioneira no segmento, a Área Central, além da aquisição de tecnologia e de outros serviços, também permite a troca de experiências entre os integrantes da rede.
Para o CEO da empresa, Jonatan da Costa, o associativismo empresarial também apresenta benefícios como redução dos custos operacionais, acesso a novos mercados, marca coletiva, estratégias de marketing coletivas, conceito de lojas com padronização de fachadas e de atividades internas, troca de experiência e boas práticas, tecnologias para gestão compartilhadas, capacitação pessoal e parcerias estratégicas.
CONTRATAÇÃO DE SISTEMA FINANCEIRO POR FRANQUIA DE SERVIÇOS
A modernização do sistema financeiro nacional, impulsionada por iniciativas como PIX e open banking, deve incentivar a criação de pequenos bancos digitais e fintechs.
A implementação de um sistema de banking as a service por essas empresas não precisa ser necessariamente cara e demorada.
A contratação por franquia de serviços é uma solução para que elas tenham à disposição todos os módulos de um sistema, sem a necessidade de grandes investimentos.
A CashWay usa o modelo para oferecer um melhor custo-benefício para os clientes. De acordo com Felipe Santiago, CEO da empresa, a cobrança é feita sobre o volume de transações que aconteceram durante o mês. Ou seja, o cliente só paga por aquilo que usa:
“Neste modelo nós estamos crescendo junto com nossos usuários, o sucesso deles vai gerar o sucesso da CashWay. Por exemplo, se fecharmos um cliente e não o engajarmos, o resultado será um baixo número de transações, o que não irá gerar receitas suficientes para a CashWay”.