Por Edson Silva, presidente do Grupo Nexxees.
Sabemos o que o crédito é – ou deveria ser: Um meio para que pessoas e empresas possam adquirir bens, produzir, gerar empregos e propulsionar a economia .
Também sabemos que o crédito não pode ser um modelo limitado de intermediação, organizado simplesmente com poupadores de um lado e bancos/fundos de outro. Quando isso ocorre, o processo passa a ser influenciado por ineficiências, como altos custos e burocracia.
Crédito, além de um objetivo do sistema bancário, deve ser a preocupação de qualquer entidade que deseja sustentar sua base de clientes. Vai muito além de uma análise “taxa/prazo” e está em plena expansão no Brasil, pois se traduz no impulsionador da economia e das empresas.
Diferente dos Estados Unidos, onde o principal motor da economia são os gastos de consumo – entenda-se varejo e serviços -, aqui a demanda por crédito dita a velocidade do nosso crescimento. De acordo com monitoramento do Banco Central do Brasil (Bacen), em 12 meses até junho deste ano, o crédito para pessoas jurídicas avançou 14,8%. Também em 12 meses até junho deste ano, o saldo das operações com micros, pequenas e médias empresas cresceu 36,4%, enquanto para grandes empresas o aumento foi de 2,9%. A inadimplência das menores caiu de 3,5%, em junho de 2020, para 3% em junho deste ano. Entre as grandes empresas, foi de 1,2% para 0,4%. Chama a atenção a expansão da modalidade antecipação de recebíveis. Só no primeiro semestre deste ano, o crescimento foi de 50%.
Emprestar dinheiro ou conceder prazos para pagar para empresas em meio a uma pandemia pode dar calafrios em alguns, mas o que deve ser levado em conta é a premissa da confiança. Afinal, quem toma crédito quer pagar. Dar crédito é algo que deveria ser trabalhado por todas as empresas que contam com clientes que precisam de algum tipo de financiamento ou prazo, seja para a compra de um insumo, ou pagamento de despesas ou o aumento da sua capacidade de produção.
O ponto sensível é que, atualmente, sempre que um fornecedor vende para uma empresa, ele acaba assumindo o risco de crédito desse cliente. O fornecedor, de certa forma, “financia” a empresa que está comprando dele. Equilibrar essa relação é o objetivo das empresas e das infraestruturas e serviços de crédito, que enxergam além da receita marginal a oferta de crédito no momento e nas condições mais adequadas.
Crédito é um ativo que estará cada vez mais presente na economia real. Faz parte do nosso dia a dia e está diretamente ligado a conquistas de objetivos individuais e coletivos. É você ou a sua empresa dispondo de um dinheiro ou prazo de outra pessoa – física ou jurídica – para fazer a roda econômica girar. Este ato, que envolve riscos e oportunidades inerentes a qualquer decisão financeira, cria um círculo virtuoso que impulsiona o desenvolvimento do país. Esta é a grande revolução que está em curso e também fundamental para o mercado financeiro e para o futuro da economia e das empresas.