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Empreendedorismo feminino: os desafios de ser sócia de uma startup voltada para a construção civil

Foto: Daniel Zimmermann.

O mês de novembro traz um tema que proporciona diversas discussões. Mulheres cada vez mais têm conquistado sua voz e seu espaço na sociedade, principalmente no empreendedorismo. Especificamente no dia 19 deste mês é comemorado o Dia Internacional do Empreendedorismo Feminino e, como um único dia não seria suficiente, produzimos uma série com 30 entrevistas de mulheres fantásticas para falar sobre o tema. 

A terceira convidada é Adriana Bombassaro, co-fundadora da FastBuilt, uma plataforma que permite a gestão de manuais dos proprietários, facilitando o acesso do cliente às informações sobre o seu imóvel, como fotos, projetos, fornecedores, garantias, além de solicitar assistência técnica.

Como surgiu a Fastbuilt e quais foram os motivos de você ter virado sócia da startup?

A FastBuilt surgiu há três anos com meu sócio Jean Ferrari, que desenvolveu uma solução para Manual Digital do proprietário. Nós nos conhecemos em 2019, quando palestrei no FastBuilt Experience organizado por ele, mas foi em  maio de 2020 que começamos a conversar sobre a possibilidade de uma parceria e como poderíamos unir forças e conhecimentos para que a FastBuilt crescesse. Foi aí que em julho de 2020 me tornei sócia da empresa, com a missão de incrementar novas funcionalidades à plataforma, entre outros desafios que assumimos juntos.

As soluções tecnológicas são um campo com baixa adesão feminina. Que desafios esse cenário trouxe na hora de assumir um negócio?

Eu já trabalho no ramo de tecnologia há 21 anos, comecei como estagiária de programação e fui direcionando minha carreira para gestão. Desenvolver projetos de tecnologia sempre fez parte do meu dia a dia e os maiores desafios que vejo são realmente os ligados à  gestão de uma empresa, como de estabelecer uma estratégia competitiva onde estejam muito bem alinhados os valores da empresa, os riscos a serem evitados com um bom sistema de limites, as incertezas estratégicas tendo bem definido um controle interativo e as várias críticas de desempenho no controle de diagnóstico e planejamento.

Que conselhos poderiam ter facilitado o início da sua jornada empreendedora que possa compartilhar agora?

Na verdade não são conselhos, mas minha forma de ver o que realmente fez a diferença na minha jornada: exercitar diariamente a resiliência, manter a coragem, ter sempre em mente seu propósito e mantê-lo alinhado em todos os níveis da empresa, isso facilita a comunicação e os resultados. Novas formas de agir e pensar, eu saí de um cargo executivo onde permaneci por 21 anos, então foi realmente necessário estar muito aberta e novas ideias, isso fez toda a diferença para mim.

Que habilidades são essenciais para desenvolver soluções inovadoras?

A habilidade essencial é exercitar sempre novas formas de pensar e ouvir, ouvir e ouvir, pois a inovação está acontecendo nas bordas. Quem tem acesso/contato com o cliente? Quem conhece a execução? Você precisa estar consciente e plenamente presente, ser capaz de desenvolver uma rede de colaboração para ter capacidade de responder rapidamente às oportunidades e ameaças.

Quais os principais obstáculos que mulheres encontram ao escolher este segmento e como superá-los?

As mulheres estão cada vez mais presentes no setor da construção e isso percebemos diariamente, hoje mais de 50% das nossas demonstrações acontecem para mulheres que são líderes de engenharia, qualidade e pós obra das construtoras. Vejo isso de forma muito positiva, mas superar os obstáculos para mim tem duas formas: demonstrando sua capacidade e ganhando os créditos merecidos. Se isso não for possível na empresa onde você está hoje, a empresa não merece ter você como colaboradora, esta empresa deve ser demitida por você.

Como a pandemia impactou o negócio?

Tivemos impactos na forma de organizar e gerir a empresa, pois foi necessário adaptações para o trabalho home office. Como todo o mundo, sofremos com as incertezas e com atrasos de nossos fornecedores que estavam passando o mesmo que nós. Nos negócios o setor da construção foi um dos mercados que mais rapidamente se recuperou e isso refletiu na nossa empresa, que vem apresentando um crescimento médio de 20% ao mês.

Quais incentivos faltam para que mais mulheres empreendam neste segmento?

Empreender não é fácil em qualquer segmento, então o maior incentivo é realmente acreditar no seu sonho e colocar ele em ação. As mulheres já vêm conquistando bastante espaço no setor, demonstrando suas competências. Dados da Rede Mulher Empreendedora mostram que o número de mulheres empreendedoras cresceu 40% só em 2020. Na minha opinião é questão de tempo para tudo isso ser sentido pela sociedade.

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