Facebook agora é Meta.
Um novo nome que serve de base para a nova estratégia da corporação para os próximos 10 anos: o Metaverso.
Uma mudança que acontece no momento em que a companhia enfrente crises sucessivas, em várias frentes.
E que precisa ser analisada tanto pelo lado positivo quanto pelo lado potencialmente negativo.
Problemas com privacidade, danos à saúde mental, propagação de discurso de ódio, entre outros, criam um cenário que precisa ser considerado ao analisarmos essa mudança de foco do Facebook.
Decisões da alta cúpula da empresa tiveram impacto negativo, que vem sendo revelado pelos Facebook Papers, expostos pelo jornal The Washington Post.
Em contrapartida, Mark Zuckerberg apresenta a visão arrojada para os próximos 10 anos, mostrando tecnologias que estão em laboratório e conceitos que ainda não tem aplicação prática.
Uma visão otimista de um mundo virtual perfeito. Uma nova plataforma que pode ser realmente revolucionária, para o bem ou para o mal…
Será que esse universo paralelo ajuda resolver os problemas, a aumentá-los?
Zuckerberg chegou a dizer que “privacidade será prioridade no Metaverso”. As atividades do Facebook nos últimos anos dão pouca credibilidade a esta afirmação…
A questão é bem mais profunda, vai além da mudança de nome de uma companhia, e precisa ser vista sob a luz da sua influência atual no mundo.
O metaverso pode ser uma forma transformadora para o trabalho e o lazer das pessoas, ou uma forma draconiana de controle social.
Se hoje as mídias sociais já mapeiam tanta informação, com o nível de interação do Metaverso, acesso a sensores medindo movimento, temperatura e reações das pessoas, e muito mais tempo conectados às pessoas com maior intensidade e captação de dados, será que vão resistir à tentação de usar isso da forma errada?
Podemos estar caminhando para um ponto de inflexão entre a possibilidade de uma vida estendida e uma potencial escravidão algorítmica, com consequências imprevisíveis.
Em relação à privacidade, à segurança de dados, à manipulação da opinião pública, e muitas questões que tocam direitos fundamentais das pessoas, e precisam ser consideradas e protegidas por um ambiente regulatório coerente e consistente.
É fato que a nova estratégia está sendo desenhada para faturar muitos bilhões com a criação do novo universo digital, e muitas oportunidades surgirão para os profissionais e empresas que explorarem esse novo mercado que será criado.
A corporação Facebook, agora Meta, precisa ir além da mudança do nome voltar à sua essência original de “conectar as pessoas”. E não repetir os erros do passado recente.
O Metaverso é praticamente inevitável. A convergência de tecnologias caminha para criar as condições para que a visão de Mark Zuckerberg aconteça de alguma forma. E, num ambiente de livre concorrência, poderá ser feito por outra empresa além do Facebook.
Eu acredito que, se for construído com bases sólidas e corretas, o Metaverso pode, sim, ser absolutamente transformador. Mas, precisamos estar atentos a tudo que ele pode oferecer, em todos os sentidos.