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Como se readaptar ao trabalho presencial

Foto: WavebreakMediaMicro/AdobeStock

Por Mírian de Oliveira Primon dos Santos, psicóloga do Sistema Hapvida.

Uma pesquisa da KPMG realizada neste segundo semestre apontou que 52% das empresas pretendem voltar com a sua operação ainda este ano. Com isso, muitos profissionais se veem novamente em um processo de adaptação com o potencial de gerar mais ansiedade, insegurança e picos de estresse.

Para os colaboradores, fica a missão de enxergar os pontos positivos dessa nova fase. Eu, por exemplo, tenho trabalhado nos dois formatos (presencial e online) nesse período de pandemia, mas minha preferência é pelo presencial, pois me proporciona uma comunicação mais direta e tempo de resposta favorável.

Mas não é possível afirmar que o processo de terapia seja bem sucedido apenas presencialmente. Há muitos casos de pacientes que tiveram coragem e sentiram a necessidade de buscar a terapia online inicialmente e, depois, se sentiram mais confortáveis para sair de casa e ir aos atendimentos. Podemos ter muitos ganhos nas duas possibilidades, depende de como direcionamos nossa percepção sobre isso, como podemos nos adaptar às mudanças e aprender mais.

Quanto ao teletrabalho para as demais profissões, pela observação e acompanhamento de vários casos durante esse período, é possível notar que há uma tendência a ter mais dificuldades no estabelecimento de limites e planejamento diários, seja pelo aumento de estímulos distratores ou pelo desafio de atribuir uma dupla função a um mesmo espaço, casa como local de descanso, mas também como local de trabalho.

Nesses casos, é típica a estratégia de compensação: “acordei mais tarde, então preciso trabalhar até mais tarde”, o que no decorrer dos dias leva a uma desorganização na rotina e até mesmo uma sobrecarga de trabalho e autocobrança. Ter um ambiente de trabalho separado do lar contribui para a organização da rotina e referência de limites (tempo de trabalho, tempo de descanso, pausas); diminuição dos estímulos distratores e, com isso, a melhora do foco atencional.

Estar em um ambiente presencialmente pode facilitar a comunicação: se, em algum momento, você já passou pela experiência de sua conexão online travar, perder o sinal, problemas no aplicativo de comunicação virtual, entre outros, consegue ter uma ideia sobre os impasses gerados. Além disso, o humano é um ser social. Está na condição básica de nossa existência. A ausência dessa interação e trocas sociais pode trazer uma série de prejuízos, como foi possível verificar neste período de pandemia, no qual houve uma ruptura com o padrão ao qual estávamos habituados.

Quanto ao trânsito, fator que volta a influenciar nosso cotidiano de forma mais intensa com a necessidade de deslocamento, a música é um ótimo remédio para atenuar o estresse. Ligue o rádio ou sintonize uma música mais calma e suave, pois ajuda a manter o controle e relaxar. Ignore os “brigões” que podem surgir no caminho: responder xingamentos e fazer gestos obscenos podem deflagrar comportamentos agressivos dos outros, e de você mesmo. Outra boa estratégia é recorrer aos alongamentos. Com o carro imóvel, faça alongamentos, mexa os braços, mãos e a cabeça, pois ajuda a ativar a circulação, diminuir o desconforto e trazer relaxamento.

Para aqueles que se adaptaram muito bem ao modelo de teletrabalho, algumas estratégias podem ser organizadas nesse sentido, como por exemplo: organização diária das tarefas e atividades; treino de atenção e diminuição da impulsividade. É relevante observar, ainda, os sintomas indicativos de ansiedade.

Chama a atenção o aumento da ansiedade e até mesmo o desenvolvimento da fobia social, seja no retorno ao trabalho ou no caso dos estudantes ao voltar à escola: recorrentes pensamentos de perigo, sentimento de impotência e incapacidade de reação, medo do desconhecido – sentimentos gerados pelo longo período de distanciamento social, preocupação e medo com as notícias de mortes e possibilidades de contágio pelo vírus.

Ao perceber sinais de aumento da ansiedade é importante fazer uma análise sobre quais pensamentos estão presentes, e o que tem gerado acúmulos de tensão e estresse. Dessa maneira, fica mais viável adotar estratégias de enfrentamento. Procure dialogar: quando as tarefas diárias forem mais complexas que o comum, pedir ajuda de um colega pode ser uma boa solução.

Faça pausas: inclua na rotina intervalos para tomar um café, lanchar e conversar com alguém. Essas atividades contribuem para o aumento da produtividade e diminuição do estresse. E lembre-se, você não precisa passar pelas situações sozinho. Caso o nível de ansiedade esteja mais elevado, procure a ajuda especializada de um psiquiatra e psicólogo.

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