– Tia Ellen, o meu cartão já chegou?
Esta foi a consulta que a gerente Ellen Tamae Sonda Iwamoto, da agência 4ª Avenida, em Balneário Camboriú, recebeu através de um simpático vídeo enviado pelo WhatsApp dias atrás.
Quem perguntava era a comunicativa Júlia, de 4 anos, nova cooperadinha da Unicred União. Ao assistir ao vídeo, a minha primeira reação foi escrever este texto para reconhecer pela iniciativa os pais da Júlia, os médicos Luciano e Paula.
E pensei no quanto a infância da Júlia tem tudo para ser mais construtora de autonomia em relação à minha e à da maioria de nós.
Ao conhecer desde cedo palavras como conta corrente e cartão, ela provavelmente será uma jovem capaz de gerir a própria vida financeira, sabendo planejar, comparar preços e evitar descontroles.
Li dias atrás que, na Bolsa de Valores de São Paulo, em 12 meses o número de investidores com 15 anos ou menos deu um salto. Entre outubro de 2020 e o mesmo mês deste ano passou de 13.070 para 21.630 CPFs, um crescimento de 65%.
Especialistas, porém, não recomendam iniciar a educação financeira dos filhos pelos investimentos. O primeiro passo é conhecer o valor do dinheiro, ter a noção de que ele acaba e entender que poupar é uma boa ideia para realizar sonhos no futuro.
Não é missão simples. No Brasil, assuntos como taxa de juros, inflação e planejamento financeiro não costumam ser abordados em casa ou na escola com a profundidade que merecem.
Nossa formação é mais voltada a conhecimentos técnicos do que à cidadania e à autogestão. E a noção reinante é a de que banco não é lugar para criança.
Mas será mesmo que não é? Com a ascensão dos serviços digitais, muitos bancos e cooperativas de crédito passaram a oferecer opções de contas para o público menor de 18 anos.
Foi-se o tempo do porquinho para guardar moedas e a mesada já pode ser paga através de PIX ou transferência para conta corrente. Além de mais seguro, uma vez que ninguém precisa andar com dinheiro por aí, é uma maneira prática de estimular a iniciação financeira.
Para quem está do outro lado do balcão é uma oportunidade e tanto. Uma criança ou adolescente que tem uma boa experiência com uma instituição financeira provavelmente a adotará como sua para o resto da vida.
Ao mesmo tempo, o banco para criança não pode se resumir àquele lugar onde tem espaço para desenhar e pintar. É preciso disponibilizar equipe capacitada e criar produtos que realmente façam sentido na vida do jovem correntista, como uma previdência para garantir a faculdade ou fazer um intercâmbio.
Se vale a dica, faça como os pais da Júlia. Na próxima vez que for à agência do seu banco ou cooperativa de crédito, conscientize-se de que lá também é lugar para criança.