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O melhor setor de investimento é o mesmo há 10 anos

Foto: divulgação.

Por Kaique Cedro, analista de relação com investidores da Invisto.

Apesar de não disponibilizarem o preço da cota nos homebrokers e os gestores não terem presença ativa nas redes sociais, investidores que escolheram fundos de investimento venture capital e private equity (VC/PE) receberam na média retornos acima do mercado.

Operando em balcão fechado, os deals e os resultados obtidos por esses fundos acabam sendo pouco divulgados, mas mostraram comportamento de crescimento mesmo em cenários econômicos recessivos.

Dados de um estudo da ABVCAP, em que foram analisados 1.140 deals ocorridos no Brasil entre 1984 e 2021, mostram resultados de 4,7x MOIC médio e TIR bruta estimada de 19% ao ano.

Mesmo avaliando o desempenho em dólar dos deals no período, que obteve um MOIC médio de 2,8x, a indústria de VC/PE brasileira superou o retorno médio da indústria global, que apresentou um MOIC médio de  2,2x, uma clara indicação de que o risco de moeda compensa parte do retorno alcançado por gestores de fundos brasileiros. 


A análise dos dados também mostrou que a partir de 2010, a tendência tecnológica que atingiu o gigante mercado brasileiro surgiu como uma oportunidade aos gestores de fundos VC, que em 2012 passaram a direcionar a maior parte do capital para empresas tech em detrimento a outros setores. Após 10 anos e muitos IPOs depois, as big techs são as maiores valorizações dos fundos PE/VC e das bolsas mundiais.

Atualmente aquecido, o mercado de investimentos em startups de tecnologia, chamada de bolha por alguns, cresce ininterruptamente há 10 anos.

A liquidez que vimos ao longo deste ano (e que provavelmente deve se manter pelos próximos 2 anos), é reflexo de fatores como câmbio e juros, mas é injusto dar o crédito apenas para isto.

Foram muitas instituições apoiadoras de startups, como aceleradoras, incubadoras e parques tecnológicos formadas ao longo de mais de 30 anos, em diversas regiões do país, que deram base para que isso acontecesse.

Mesmo com o aumento da disponibilidade de capital para os investimentos alternativos, não vimos o que aconteceu no Brasil se repetir em muitos países.

Com o recente aporte recebido pela Olist, já são 20 a “manada” de unicórnios brasileiros, startups avaliadas acima de US$ 1 bilhão, e o Brasil está entre os 10 com mais empresas com este status no mundo, mostrando ter surfado bem a tendência global.

O impacto brutal na economia real deste tipo de investimento vai muito além dos fundos ESG atualmente ofertados nas corretoras, mas passa longe das indicações dos influencers da moda ou da “carteira recomendada”, já para o investidor paciente que foge da dica de investimento da vez, a troca da liquidez por retorno tem valido a pena.

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