Especialmente na área de tecnologia, a expressão “ciclo de vida de um projeto” é muito comum. Ele é definido, comumente, por cinco etapas: início, planejamento, execução, monitoramento e encerramento do escopo.
Mas o que cada vez menos se vê é que esse tipo de organização para a produtividade e, especialmente, efetividade, ocorrem na vida profissional.
É claro que o perfil de trabalho e de interesses mudou drasticamente nos últimos anos. Hoje as pessoas estão mais suscetíveis a aceitar novos desafios e mudar de emprego ou mesmo de área.
Dificilmente se começa e se encerra a carreira em uma mesma organização, algo comum para gerações anteriores.
Mas é fundamental entender de que forma esse processo de maior liberdade e exposição ao risco ultrapassa a linha tênue entre crescimento e incerteza profissional.
Cada vez mais tenho visto profissionais super produtivos arregaçando as mangas para iniciar um projeto, um cargo, uma nova carreira.
Mas bastam os primeiros desafios aparecerem para que o brilho no olho seja substituído por uma insatisfação crescente, que culmina no abandono daquele sonho.
Seja no emprego, nos estudos, na carreira ou na vida pessoal, a efetividade tem um peso muito grande na satisfação que temos ao realizar nossos projetos.
É frustrante não conseguir concluir um planejamento, mas quando isso não ocorre por fatores externos e se torna um ciclo vicioso, a frustração se torna algo inerente à vida das pessoas.
Migrar no meio dos projetos para novos e nunca concluí-los é totalmente diferente de enfrentar e assumir novos desafios.
Aliás, para muita gente esse tem sido o grande desafio: ter perenidade nas escolhas e responsabilidades, entender quando é estratégico ou não abrir mão de uma oportunidade por outra, sem concluir as entregas necessárias da primeira.
Temos visto uma migração de profissionais para outras oportunidades, sem ter concluído os projetos, que prometeram entrgar.
Se tem uma coisa que todo esse processo de novos modelos de trabalho trouxe de negativo, foi o fato de potencializar o baixo compromisso com as próprias metas.
É claro que nem tudo o que nos propomos a fazer será entregue, muitas vezes a mudança de rota é necessária para se buscar mais reconhecimento, mais conhecimento ou se privar de situações que degradam nossa saúde psicológica.
Mas recomeçar não pode mais ser a desculpa para ciclos de desafios não concluídos. Sentir que nunca realizou nada de relevante será o peso que muitos profissionais carregarão em alguns anos e resiliência deve, sim, ser vista como um fator importante para a carreira.
Essa talvez seja a soft skill menos vista nos ambientes corporativos e a mais necessária em tempos tão voláteis.
Que tal aproveitar esse início do ano para fazer uma autoanálise: quantos projetos de vida você deixou pela metade, que hoje poderiam estar concluídos? Já parou para pensar na consequência disso para a sua vida e o impacto que ela causa no sucesso da sua carreira?