Por Ana Paula Pogere, tech recruiter na Supero.
Com a alta demanda do mercado por profissionais qualificados na área e a dificuldade de reter talentos, o turnover em tecnologia tem gerado um grande impacto nas organizações, principalmente entre as que visam a escalabilidade do negócio.
De acordo com o relatório de rotatividade disponibilizado pelo LinkedIn, o setor tem o maior turnover do mercado. Uma taxa de rotatividade é considerada boa quando está abaixo de 5%, na área de tecnologia ela está em torno de 15%.
O levantamento apontou que o profissional de tecnologia, em geral, busca uma empresa que tenha propósito e cultura alinhados com a sua realidade e, muitas vezes, esse fator influencia na saída do emprego.
A falta de oportunidade de evoluir na carreira é a principal razão para o profissional mudar de empresa, seguida pela insatisfação com a liderança e ambiente desmotivador ou cultura incongruente.
Com o mercado extremamente aquecido e várias oportunidades surgindo, os melhores talentos estão aproveitando para escolher as empresas que investem neles como profissionais, oferecendo uma série de benefícios, incluindo certificações e treinamentos.
Profissionais experientes e com alta qualificação são bastante almejados pelo mercado e disputados por grandes empresas nacionais e estrangeiras.
No segundo caso, há ainda o diferencial do salário mais competitivo, já que muitos são em moedas como dólar ou euro.
Apesar do cenário desafiador, abrir mão de estratégias para driblar o problema não é uma opção. A pandemia mudou o modo como as pessoas se relacionam com a tecnologia, fazendo com que ela esteja cada vez mais presente no dia a dia, em diversos produtos e serviços.
Por isso, ter talentos em tecnologia atualmente não é mais uma vontade de empresas que estão em processo de transformação digital, mas uma necessidade de todas as organizações que desejam avançar em seus negócios digitais.
PEQUENAS EMPRESAS SÃO MAIS AFETADAS
Gigantes como Google e Amazon também enfrentam o turnover em tecnologia, mas são as empresas menores as que mais sofrem para conseguir talentos na área.
Ainda de acordo com o relatório disponibilizado pelo LinkedIn, quase 60% das pequenas e médias empresas do Brasil não têm um setor interno de tecnologia e, quando sentem a vontade de inovar, não sabem como procurar profissionais e quais competências digitais realmente precisam.
Nesse caso, uma contratação desalinhada pode gerar outros desafios para a organização. Afinal, o alto turnover em tecnologia tende a gerar insegurança na equipe e passar uma imagem de fragilidade para os clientes, além de ser um alto custo para a empresa.
SOLUÇÃO COMEÇA NO RECRUTAMENTO
Organizar um processo seletivo eficiente é o primeiro passo para garantir um bom alinhamento entre candidato, desafio da oportunidade, gestor de tecnologia e empresa.
Nessa hora, os recrutadores precisam ser objetivos, ter em mente a cultura da organização e reforçar o employer branding nas descrições da oportunidade.
Além da análise do comportamento e dos conhecimentos técnicos do profissional, é importante que o fit cultural também esteja alinhado.
Enquanto as hard skills são avaliadas por meios mais técnicos, o fit cultural poderá avaliar as soft skills do candidato, ou seja, suas habilidades socioemocionais.
Para que esse processo possa acontecer, as lideranças deverão saber com clareza quais são os valores da empresa e promover ações internas e externas que corroborem com esses princípios.
Paralelamente, investir no engajamento dos profissionais, que esperam que a empresa invista neles, é outra medida indispensável.