Um estudo realizado pelo Grupo Globo aponta que 24% dos jovens até 30 anos já têm um negócio próprio. Esse número posiciona o Brasil como 4º país com mais jovens empreendedores.
Para saber sobre o que motiva jovens a terem seu próprio negócio, o Economia SC Drops conversou com a administradora Kamila Souza Laurindo, atual presidente do Conselho Estadual de Jovens Empreendedores (CEJESC), que também fala sobre os planos da entidade para este ano. Confira abaixo:
Como os jovens estão sendo incentivados para empreender?
Kamila: Eu acredito que o empreendedorismo vem para o jovem através da vivência. Ele vê as conquistas do pai, da mãe, de alguém próximo quando está trabalhando e conquistando o sucesso, a independência e isso serve como seu primeiro incentivo. Depois, é claro, ele vê ao longo da adolescência os amigos empreenderem. Nos dias de hoje, os e-commerces em pequenas cidades são comuns e ele vê um amigo abrindo uma loja online, vendendo celular, boné, camiseta e ele começa a pensar sobre isso. Há também aqueles que vêem alguém fazendo um curso se qualificando para abrir um negócio. Acredito que eles estão sendo incentivados a todo o momento, seja por um amigo, pela sociedade e, às vezes, até pela necessidade.
O que difere um jovem empreendedor de quem começa no segmento mais tarde? Que lições o jovem empreendedor precisa levar em consideração?
Kamila: Primeiramente, eu vejo que a experiência é o que mais difere um do outro. Geralmente, quem começa mais tarde observa mais, vê o que dá certo, possui mais experiências e, também, antes de empreender se qualifica. Já quem é jovem empreendedor, geralmente, tem sempre uma ideia ou um segmento na sua cabeça e ele vai aprendendo sobre isso durante o processo. Uma coisa positiva é ele selecionar o que pode usar daquele conhecimento ou plataforma antes de empreender e olhar onde os outros estão errando para que não faça o mesmo. O jovem tende a buscar por sócios que complementem as suas habilidades ou com mais experiência. Sobre as lições eu vejo que são muitas. Ele precisa, é claro, levar em consideração sempre o custo-benefício e se perguntar: Minha ideia é boa? Vou lucrar com isso? É necessário? Tenho potenciais clientes? Quanto de capital preciso para executar o meu plano?. Essas são as perguntas que estão envolvidas no meio racional, mas também precisa pensar no que está no seu sentimento empreendedor: Que problema estou resolvendo? Estou disposto a me dedicar ao meu negócio? Esse segmento é promissor? Então, essas lições e perguntas são extremamente importantes para o jovem analisar a sua ideia.
Como e onde o CEJESC atua para impulsionar o estado?
Kamila: Há muitas maneiras que o CEJESC atua para impulsionar o estado no desenvolvimento socioeconômico. Atuamos, principalmente, na qualificação dos jovens e para que estes através dos seus negócios possam fazer esse impulsionamento através da tecnologia, do desenvolvimento de ideias, startups, networking e muitas outras. Acredito que nós impulsionamos o estado sempre que atuamos dentro de qualquer projeto dentro deste movimento e, dele, saem muitas outras coisas que vão impulsionar outros setores e acaba que isso forma uma cadeia de empreendedorismo. No ano passado, lançamos o projeto Trilha de Desenvolvimento de Líderes, com o foco de treinar nossos diretores e coordenadores de núcleos nas principais habilidades e competências de um líder. O plano era uma turma com 30 participantes. Fomos surpreendidos com os feedbacks após o primeiro módulo e, juntamente em uma parceria com a Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina e o SEBRAE, treinamos quase 300 jovens empreendedores pelo estado. Para este ano, nosso objetivo é aumentar o número de jovens participantes desse projeto.
Houve uma mudança cultural para que jovens passem a pensar mais em empreendedorismo que seguir um caminho mais convencional, como faculdade e carreira em empresas?
Kamila: Facilmente o termo “empreendedor” é confundido com empresário. É importante fazermos essa diferenciação. Participam do CEJESC não apenas empresários, mas também colaboradores de empresas associadas que são intraempreendedores, assim como jovens em processo de sucessão familiar. Hoje, sem dúvidas, vivemos um momento em que o empreendedorismo ganhou uma notoriedade maior e se tornou um desejo mais comum aos jovens. Eu acredito que as redes sociais aproximaram essa realidade principalmente dos jovens que não possuem exemplos próximos. Atualmente, é fácil. Temos acesso ao conhecimento compartilhado por grandes empresários/empreendedores de nosso país e isso acaba instigando todos eles. Um exemplo que podemos citar é o nosso projeto Geração Empreendedora, que há mais de 5 anos atua diretamente no estímulo ao empreendedorismo jovem, o que carinhosamente chamamos de “plantação de empreendedores”. É um projeto 100% associativista e voluntário que busca despertar, estimular e orientar o desenvolvimento do espírito empreendedor nos estudantes de ensino médio. Lá na escola, através de uma metodologia desenvolvida por voluntários do nosso movimento e também do CEME (Conselho Estadual da Mulher Empresária), é que podemos mostrar como empreender. O Geração Empreendedora já qualificou mais de 2 mil jovens catarinenses e muitos que participaram já iniciaram seus negócios e, dentro dos seus contextos, estão empreendendo. Esse é um dos projetos, na minha opinião, mais encantadores do CEJESC. Através dele, o movimento está auxiliando na criação não só uma geração mais consciente, proativa e capacitada, mas sim de pessoas que transformem o cenário socioeconômico de nosso país.
Quais seus planos para a entidade este ano?
Kamila: Eu tenho, como propósito, atuar bastante no slogan atual do CEJESC que é: “Desenvolver líderes para as empresas e a sociedade”. Para este ano, nossos objetivos estão relacionados com a entrega efetiva e estruturada de líderes. Faremos isso através de ações que impactem diretamente no desenvolvimento destes líderes. Sabemos que o CEJESC é composto por vários empresários em seus diversos estágios de maturidade em relação ao seu negócio ou liderança e é nosso papel impulsionar para que cada um deles se desenvolva um pouco mais, alcançando assim o seu próximo nível. Hoje, somos 53 voluntários na diretoria do CEJESC, distribuídos em 16 diretorias e 12 vice-presidências regionais. Essa união tem o objetivo de apoiar, inspirar e entregar ferramentas aos núcleos locais para que estes proporcionem o desenvolvimento de líderes em seus municípios. Acredito que essa plataforma que estamos construindo juntos terá um reflexo espontâneo de amadurecimento, principalmente no ambiente empresarial catarinense. Esse é o meu papel como presidente. Atuar em conjunto e ser a guardiã dos pilares que inspiraram e motivaram a constituição do CEJESC há 23 anos. Também está no nosso foco a capacitação, o relacionamento e a representatividade. Dentro disso, podemos mostrar para toda a sociedade a nossa atuação e os projetos que carregam nossos valores e pilares, algo que fortalecemos todos os anos, empenhados principalmente no conhecimento e no empreendedorismo.