Aos 14 anos, Rosa Maria Miranda, aluna do nono ano do ensino fundamental do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), fez uma grande descoberta no universo: 7 possíveis novos asteroides.
Ela é integrante do projeto O Caça Asteroides MCTI, programa em parceria entre o Ministério da Ciência Tecnologia e Inovações e o International Astronomical Search Collaboration (IASC) da NASA, cujo propósito é popularizar a ciência entre cidadãos voluntários.
O Economia SC Drops conversou com a estudante para saber mais dessa trajetória e o que ela espera após a possível descoberta. Confira abaixo:
Como surgiu o interesse pela astronomia?
Rosa Maria: Desde pequena gostei do espaço. Comecei pela astrologia, confesso, mas comecei a ir para um lado científico. No início da pandemia, foi um momento difícil para todos. Comecei a estudar física e logo depois encontrei os cursos de extensão da UFSC de astrofísica.
Você faz parte do programa O Caça Asteróide MCTI e, recentemente, descobriu sete deles. Como foi essa descoberta e qual o impacto disso para a ciência?
Rosa Maria: Participei das campanhas de julho até outubro, analisava vários pacotes por semana. A cada pacote, emitíamos um relatório e enviávamos para análise. Se o asteroide passasse para a preliminar, ele tinha tudo para ser um asteróide. Sete dos meus foram. Essas detecções são muito importantes para, cada vez mais, conhecermos o universo e caso venha a vir alguma ameaça a Terra, a gente possa tomar as devidas precauções.
Como é o processo agora, para o reconhecimento desses astros?
Rosa Maria: Agora eles passaram por uma análise minuciosa e os relatórios validados serão submetidos ao IASC e depois ao Minor Planet Center (MPC), em Harvard. Todo esse processo pode levar de 6 a 10 anos.
Jovem de 14 anos em um grande projeto encabeçado pela NASA. Você sente que pode se tornar um exemplo para outras meninas na ciência? Como é isso para você?
Rosa Maria: Espero que eu siga crescendo e fazendo muitas descobertas e, assim, incentivando mais meninas a ingressarem na ciência. Tudo é muito novo, onde, do nada, as pessoas começaram a me ter como exemplo. Não sinto que fiz grande coisa, mas se isso puder inspirar as meninas de alguma forma, estarei sempre lá para incentivar.
Quais são as cientistas mulheres que mais te inspiram?
Rosa Maria: Mulheres e meninas com a Malala Yousafzai, Alyssa Carson, Greta Thunberg, Jaqueline Goes, Gladys Wets, Marian Croak, Vera Rubin, Marie Curie são uns dos meus grandes exemplos. Temos que lutar pelo nosso lugar de fala. É triste ver que precisamos gritar para sermos ouvidas.
Você sente que já achou o seu caminho profissional? Qual o seu sonho dentro da ciência?
Rosa Maria: Acho que sim. Sou apaixonada pelo universo. Se tudo correr bem, continuarei nessa área. Meu sonho é que outras meninas tenham oportunidades para estudar para que cheguem bem alto. Adoro que, nesse ramo da astronomia, podemos dizer “o céu não é o limite”.
