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Tecnologia: ONG está capacitando jovens da periferia na Grande Florianópolis

Foto: divulgação.

Conforme dados da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), Santa Catarina conta com 17.720 empresas de tecnologia, posicionando-se como o sexto maior ecossistema do país. Com isso, o setor aumenta a estimativa de vagas de trabalho de 5,3 mil este ano para 6,6 mil vagas no próximo.

Pensando em aproveitar essa larga oferta, uma ONG da Grande Florianópolis, a Prototipando a Quebrada, tem trabalhado com a capacitação de jovens da periferia em tecnologia. Ao todo, já são mais de 20 comunidades em todo o Brasil com o projeto, impactanto, desde 2018, mais de 400 famílias.

Para conhecer mais do trabalho da PAQ, o Economia SC Drops conversou com Jeff Lima, fundador e CEO da organização. Confira abaixo:

Como vocês atuam em Santa Catarina?

Jeff: Nosso objetivo é atuar nas regiões ao entorno das nossas unidades, atendendo e trazendo cada vez mais jovens para dentro desses espaços com estrutura para seu desenvolvimento. Na unidade Pedra Branca, em Palhoça, as comunidades mais atendidas são o Brejaru, uma das comunidades com menores IDHs de Florianópolis e situada a, aproximadamente, 1 km de distância das unidades Jardim Eldorado, Ponte do Imaruim e São Sebastião. Já na Ilha de Florianópolis, estamos no Passeio Primavera, na SC-401, e atendemos, no Norte da Ilha, a Vargem do Bom Jesus, comunidades no entorno dos Ingleses e Canasvieiras. Nessa região, temos o foco de atingir a região do Monte Verde e outras comunidades conectadas pela SC 401, a qual facilita o acesso e trânsito entre as áreas.

Quais os diferenciais?

Jeff: O PAQ é uma ONG de educação tecnológica e direcionamento para o mercado de trabalho, focada em jovens moradores da periferia. Dentro deste processo, os maiores diferenciais do projeto estão na estrutura (computador, internet, alimentação, transporte) e na potência que existe em ter os jovens presentes fisicamente dentro dos espaços de inovação, o que possibilita uma vivência muito mais próxima com profissionais da área. Dentro disso, a estrutura de ensino também é um grande diferencial, além da conexão entre o educando e o conhecimento técnico necessário para áreas de tecnologia, valorizamos e investimos no desenvolvimento sócio-emocional (soft skills). Nesse processo, a organização do projeto como uma comunidade de aprendizagem abre portas para diferentes formas de trocas e vivências dos jovens dentro de espaços de inovação ou virtualmente, construindo, assim, um lugar feito para gerar oportunidades de crescimento para todes.

Qual a importância desse serviço para jovens e comunidade?

Jeff: A importância do PAQ para os jovens e comunidade se materializa na vivência dentro dos espaços de inovação, que, para a grande maioria, nunca tinham sido visitados antes. A normalização da presença de jovens de periferia nestes espaços transforma uma visão da sociedade acerca de quem são as pessoas que podem ocupar estes espaços, possibilitando que novas pessoas se sintam parte e também queiram fazer parte deste movimento. A transformação causada por este processo é avassaladora e sistemática, atingindo diretamente a base de uma estrutura de desigualdade social e possibilitando que jovens da periferia ascendam socialmente e ocupem espaços antes impossibilitados pela falta de acesso. Assim, em um processo de retorno, levam prosperidade financeira e de conhecimento, junto com toda a capacidade crítica e habilidades de solucionar problemas, transformando a história do lugar de onde vieram.

Quais os principais desafios vividos pelo PAQ e pelos jovens que atende?

Jeff: O PAQ, como uma organização que tem um projeto de crescimento de impacto, enfrenta o desafio de construir mais conexões com empresas apoiadoras e colaboradores, incluindo voluntários, para aumentar tanto as possibilidades de ação quanto a dimensão dos resultados. Dentro disso, outro ponto importante, que é um desafio que vem sendo superado, é a nossa penetração dentro das comunidades, trazendo-as, junto dos representantes e jovens, para dentro dos espaços de inovação e ações de transformação social. Por consequência desse processo, outro desafio é a criação de inserção dos jovens dentro das empresas após a etapa de contratação, estabelecendo uma metodologia e um cuidado específico para os jovens do PAQ. Por parte dos jovens, os desafios estão associados à jornada tripla que muitos se encontram, o que dificulta, de forma considerável, seu desenvolvimento. Assim, o jovem tem a missão de se adaptar ao ritmo de atividades, mesmo tendo que, algumas vezes, faltar a aula para trabalhar, por exemplo, o que é o caso de alguns de nossos estudantes.

Que apoio a ACATE dá ao projeto? Quais ações são realizadas e como isso ajuda os jovens do PAQ?

Jeff: O apoio institucional da ACATE conecta o PAQ a empresas e processos de formação de muito valor para o projeto, constrói ações estratégicas com parceiros e outras instituições e, além disso, credibiliza a presença e o trabalho da organização. Algumas ações já realizadas com a ACATE, que representam este grande apoio, são: pitch de apresentação do PAQ para empresas associadas, o programa de captação de cotas para apoio direto dos parceiros ao PAQ, expedições de aprendizagem com tour pelo espaço físico e explicação de pontos importantes aos jovens.

Quantos jovens já foram atendidos pelo PAQ em Santa Catarina? Quais os próximos passos?

Jeff: Desde 2020, quando iniciamos os programas de formação e encaminhamento para o mercado de trabalho, já atendemos mais de 150 jovens na Grande Florianópolis. Em paralelo, o processo de expansão para outras comunidades e cidades de Santa Catarina está no nosso plano estratégico para este ano, tendo seus primeiros passos com a articulação com alguns centros de inovação e empresas do estado.

Confira outras entrevistas do Economia SC Drops clicando aqui.

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