Por Michel Robert Weigmann, CEO da Edusoft.
Preocupações com a educação brasileira não são de hoje. Antes mesmo da pandemia, os dados sobre desigualdade educacional e abandono escolar já eram alarmantes. Um mapeamento realizado em 2019 pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em conjunto com o Instituto Claro apontou que cerca de 623.187 estudantes das redes municipal e estadual do país abandonaram a escola naquele ano, com maiores índices registrados nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.
Em 2020, com o início da pandemia e a necessidade de isolamento e distanciamento social, cerca de 5,5 milhões de crianças e adolescentes ficaram sem acesso à educação, e o abandono escolar passou para a ordem de 1,38 milhão de alunos, em dados também da Unicef.
Com as escolas fechadas, a mudança para o ensino remoto era a opção que permitia aos alunos continuarem estudando seguros do vírus. Por parte das escolas, foi necessário uma readaptação para poderem operar de forma satisfatória nesse novo cenário, facilitando o acesso à educação por meios digitais. A União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) em parceria com o Itaú Social e a Unicef, realizou um levantamento envolvendo 4.272 redes municipais. Um dos resultados obtidos foi de que 96% delas afirmaram que ofereceram atividades pedagógicas não presenciais aos estudantes durante o período de isolamento social e afastamento das aulas presenciais, como o acesso a plataformas educacionais, videoaulas online e ao vivo e TV educativa.
Neste contexto, nunca foram tão importantes os aplicativos de comunicação e gestão escolar, em um país que figura entre os cinco maiores em número de aparelhos celulares. O levantamento da Newzoo mostra que são 190 milhões de smartphones em uso no Brasil atualmente, o que mostra que majoritariamente o acesso às plataformas digitais são feitas por esse tipo de dispositivo e não pelo computador.
O Dia da Educação é celebrado em 28 de abril. A data foi instituída em 2000 no Fórum Mundial de Educação realizado no Senegal, que reuniu líderes de 164 países, incluindo o Brasil, para firmar compromissos de como levar a educação básica e secundária a todas as crianças e jovens do mundo até 2030. Na ocasião, as nações assinaram o Marco de Ação de Dakar (cidade onde o Fórum aconteceu).
Um estudo feito pelo IMD Competitiveness Center comparou dados de 64 países a fim de analisar como está o ambiente econômico e social de cada um para gerar inovação e se destacar no cenário global.
No eixo referente à educação, o Brasil teve a pior avaliação entre as nações analisadas, alcançando, então, a 64ª posição. O mau desempenho é reflexo dos gastos públicos totais em educação. Segundo a pesquisa, os outros países avaliados investem em média US$ 6.873 (cerca de R$ 34,5 mil) por estudante anualmente, enquanto o Brasil aplica US$ 2.110 (em torno de R$ 10 mil).
As únicas saídas possíveis para a situação são, além do efetivo investimento financeiro no setor público de educação, com aplicação em políticas que acolham os estudantes também das minorias brasileiras, uma geral mudança de mindset e o olhar para a tecnologia na educação.
As edtechs, empresas que criam soluções de tecnologia para a educação, têm sido fundamentais principalmente nos últimos dois anos, na transição para a educação híbrida ou remota – e aqui não só para a educação básica, mas também superior e corporativa. Por meio do uso de inteligência artificial, realidade aumentada, aplicativos de gestão educacional, sugerindo um currículo mais flexível e adaptado às demandas da atualidade, essas startups têm tido crescimento exponencial e muitas já recebem investimentos milionários.
Um levantamento do Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB) em parceira com a Associação Brasileira de Startups do Brasil (ABStartup), considerando dados coletados entre 2019 e 2021, apontou crescimento de 26% do mercado de edtechs, com pelo menos 566 empresas ativas no mercado de educação do país.
O sucesso mostra que a resposta para a educação é através da tecnologia e inovação. Se aproximar do universo já conhecido por milhares de crianças e adolescentes – com uso de aplicativos de aprendizagem e gamificação das aulas – é imprescindível para conseguir o engajamento e atenção necessários para uma jornada de aprendizagem fluida e eficiente.
Não é só o aprendizado que ganha, mas toda a gestão escolar é beneficiada e se torna mais eficiente e simples com acesso da administração da instituição a uma plataforma de gestão que possibilita o gerenciamento de todo o ciclo de vida do estudante, desde informações comerciais e financeiras, até inscrições, avaliações, biblioteca e todo o relacionamento entre família e escola.
Educação é primordial, é revolucionário e encontrar formas de aproximá-la de todos os públicos é um dever nobre de todos, e as edtechs são o caminho para isso.