Em Joinville, pelo menos 61% das startups nascem em programas de fomento à inovação, segundo o Mapeamento de Startups de 2022 realizado pelo Join.Valle, movimento que atua na consolidação do ecossistema de inovação da cidade.
Uma dessas iniciativas que têm alavancado negócios de diversos setores é a Jornada de Empreendedorismo, Desenvolvimento e Inovação (JEDI), promovida pela organização para incentivar a geração de novas empresas com ênfase em problemas relevantes do mercado e da sociedade. Criado em 2019, o programa já teve mais de 500 participantes e está com as inscrições abertas para sua 8ª edição.
A jornada já ajudou a desenvolver ideias que surgiram no meio acadêmico e torná-las acessíveis ao mercado. Um exemplo é a DBM Eletrotech, que começou com o projeto de um equipamento de eletrofiação concebido em um trabalho de conclusão de curso por professores e um estudante da universidade UniSociesc.
Em 2019, a equipe participou do JEDI para o desenvolvimento de uma membrana eletrofiada a partir de nanofibras, com potencial para aplicação em curativos para queimaduras ou lesão por pressão. No mesmo ano, conquistaram o primeiro lugar na categoria empresa do Prêmio de Inovação de Joinville 2019.
“O mundo JEDI é amplo e possibilita passear em várias áreas, ampliando sua visão do negócio. Conhecemos pessoas que foram importantíssimas para o crescimento da empresa, como um mentor de um hospital que nos auxiliou no produto voltado para a saúde e uma mentora que até hoje nos dá assessoria em regulamentação e processo documental”, relata Márcia Duarte, CEO da empresa.
Nos anos seguintes, a DBM participou dos programas de aceleração Inovativa Brasil e Mulheres Inovadoras, dos quais recebeu o selo de conclusão.
A empresa também recebeu recurso da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), da FAPESC e uma bolsa do Programa de Formação de Recursos Humanos em Áreas Estratégicas (RHAE) do CNPq.
Atualmente, a startup vende equipamento de eletrofiação e faz pesquisa e desenvolvimento de membranas eletrofiadas que podem ser aplicada na área da saúde, veterinária, têxtil, sensores, filtros, embalagens.
A Routech Tecnologia, software de roteirização de transportes para pequenas e médias empresas, também surgiu a partir de fundadores do meio acadêmico, mas tem uma história curiosa de conexão.
Murilo Palomares, hoje CEO da startup, participou do JEDI com outra ideia de negócio e lá conheceu aqueles que seriam seus futuros sócios:
“Depois de ouvir a apresentação deles, eu indiquei um caminho que poderíamos seguir. Por serem da academia, eles entendiam muito da parte técnica, enquanto eu consegui trazer uma visão de mercado”.
Para ele, os diferenciais do JEDI são a participação de empreendedores de diferentes perfis e a duração mais longa da jornada:
“É sensacional escutar pessoas de grandes empresas colocando seus pontos de vista e falando sobre suas dores, sendo que você tem a oportunidade de ajudar com base no seu know-how. A partir daí podem surgir produtos, pois você conta com mentores e um potencial cliente. Com mais tempo disponível, consegue verificar se o negócio é viável e o que é preciso para fazer ele acontecer”.
Os próximos passos da empresa são captar recursos com fundos de investimento para crescer e fomentar a área de tecnologia na região.
“Já faturamos e empregamos pessoas, é um círculo virtuoso fantástico em que uma coisa puxa a outra. No ecossistema, onde uma semente foi plantada, começa a girar uma engrenagem muito maior”, celebra o empreendedor.
Além das vantagens que o network e as mentorias proporcionam aos participantes, a premiação em dinheiro e serviços dá apoio ao crescimento das empresas que têm seus projetos aprovados.
A Investcode, aprovada na edição online do programa, em 2020, também aproveitou a premiação para alavancar o negócio.
“A jornada foi essencial para o nosso começo. Abrimos a empresa, passamos a utilizar um escritório parceiro do JEDI e a trabalhar em tempo integral”, conta João Paulo de Freitas, CEO da startup, que oferece uma plataforma web de viabilidade financeira que ajuda no desempenho econômico de incorporadoras, que são responsáveis pela construção e entrega de empreendimentos imobiliários.
Junto com Everton Boing e Lucas Arruda, ele chegou no programa com a ideia e um protótipo funcional:
“Participar da iniciativa nos deu legitimidade e confiança para nos dedicarmos à startup. A energia que os fundadores aplicam ao negócio é muito importante no começo de uma empresa. Além disso, conhecer mentores, metodologias, desenvolvedores e outros fundadores faz a jornada acelerar e ser mais efetiva”, explica.
Alguns meses depois, a empresa foi umas das 15 selecionadas para participar da primeira turma da incubadora Softville Ágora, unidade da Softville que conta com metodologia da Associação Catarinense de Tecnologia e apoio do Sebrae/SC.
Desde então, a equipe desenvolveu duas plataformas voltadas ao mercado imobiliário, uma de análise de investimentos e outra de captação. Agora, o foco é crescer. Nos próximos 15 meses, a empresa espera captar cerca de R$ 60 milhões em investimentos para seus clientes.