Por Roberto Vilela, consultor empresarial e mentor de negócios.
Quem é fã de jogos de cartas sabe que o blefe é um dos elementos mais importantes para uma boa performance.
Junto da experiência e da linguagem corporal, apostar, muitas vezes, naquilo que ainda não se tem, faz toda a diferença para o resultado final da partida.
Não raro, o blefe corporativo também tem sido uma cartada de muitos profissionais, incluindo aqueles em cargos de liderança, em apostas para ganhar mais mercado, novas posições de atuação ou manter clientes em carteira.
O que, como consequência, acaba se tornando um problema recorrente das corporações é que na hora de dobrar as apostas, nem todo profissional pode bancá-las em médio ou longo prazo.
E é neste momento que a coragem, sempre necessária para se escalar oportunidades, vira uma ação kamikaze que coloca em risco não só o apostador, mas muitas pessoas à sua volta.
Aposta sem comprometimento, no jogo corporativo, é uma das ferramentas mais prejudiciais para os negócios e a carreira.
Porque quando se colocam na mesa cartas altas em relação a entregas que não poderão ser cumpridas ou habilidades das quais não se domina, coloca-se em risco o sucesso de um negócio e, não obstante, o sustento de diversas famílias.
Ao blefar, no sentido positivo da expressão, projetando-se para projetos que neste momento não temos a capacidade de entregá-los, precisamos ter a ciência e o comprometimento para a realização daquilo que se conquistou mediante aposta.
Isso significa que estudo, busca de parceiros qualificados, formação de times engajados e melhoria contínua devem ser regra para o profissional que lança mão deste artifício em uma negociação.
Não arrisque o ecossistema em que você está inserido se não estiver preparado para atender ou não estiver realmente comprometido em estudar e se dedicar ao trabalho pela qual apostou.
Não se sente à mesa de um jogo que vai comprometer muitas outras pessoas e empresas que estão depositando confiança em você se não for para buscar a melhor performance assim que se levantar dela.
Ser proativo e ter coragem é importante, desde que estas características sejam pautadas pela responsabilidade. Uma atitude altiva gera negócios, mas não pode comprometer as entregas.
É preciso ter a capacidade de entender que somos corresponsáveis pelos projetos com os quais nos comprometemos.