Quando leio um livro, geralmente um marca-texto faz sua arte entre as partes que eu mais gosto ou considero importante lembrar mais tarde. Portanto, trago hoje na minha coluna as marcações feitas nas 206 páginas do livro A coragem de ser imperfeito – Como aceitar a própria vulnerabilidade, vencer a vergonha e ousar ser quem você é, escrito por Brené Brown. Espero que gostem e leiam também!
PÁGINA 10: Quando passamos uma existência inteira esperando até nos tornarmos à prova de bala ou perfeitos para entrar no jogo, para entrar na arena da vida, sacrificamos relacionamentos e oportunidades que podem ser irrecuperáveis, desperdiçamos nosso tempo precioso e viramos as costas para os nossos talentos, aquelas contribuições exclusivas que somente nós mesmos podemos dar. Ser “perfeito” e “à prova de bala” são conceitos bastante sedutores, mas que não existem na realidade humana. Devemos respirar fundo e entrar na arena, qualquer que seja ela: um novo relacionamento, um encontro importante, uma conversa difícil em família ou uma contribuição criativa. Em vez de nos sentarmos à beira do caminho e vivermos de julgamentos e críticas, nós devemos ousar parecer e deixar que nos vejam. Isso é vulnerabilidade. Isso é a coragem de ser imperfeito. Isso é viver com ousadia.
PÁGINA 17: O que torna os filhos felizes nem sempre os prepara para serem adultos corajosos e comprometidos.
PÁGINA 23: A escassez, portanto, é o problema de nunca ser ou ter o bastante. Ela triunfa em um sociedade onde todos estão hiperconscientes da falta. Tudo, de segurança e amor até dinheiro e recursos, passa por uma sensação de inadequação ou falta. Gastamos uma enormidade de tempo calculando quanto temos, não temos, queremos ou poderemos ter, e quanto todos os outros têm, precisam e querem ter. O que torna essa avaliação constante tão desoladora é que, quase sempre, comparamos nossa vida, nosso casamento, nossa família e nosso trabalho com a visão de perfeição inatingível propagada pela mídia, ou então comparamos nossa realidade com a visão ficcional de quanto alguém próximo de nós já consquistou.
PÁGINA 27: Vulnerabilidade não é algo bom nem mau: não é o que chamamos de emoção negativa e nem sempre é uma luz, uma experiência positiva. Ela é o centro de todas as emoções e sensações. Sentir é estar vulnerável. Acreditar que vulnerabilidade seja fraqueza é o mesmo que acreditar que qualquer sentumento seja fraqueza. Abrir mão de nossas emoções por medo de que o custo seja muito alto significa nos afastarmos da única coisa que dá sentido e significado à vida.
PÁGINA 34: Desde telefonar para um amigo que passou por uma terível tragédia até começar seu próprio negócio, passando por ficar aterrorizado ao experimentar uma sensação de libertação, a vulnerabilidade é a grande ousadia da vida. O resultado de viver com ousadia não é uma marcha da vitória, mas uma tranquila liberdade mesclada com o cansaço gostoso da luta.
PÁGINA 41: Quando as pessoas que amamosou com quem temos uma forte ligação param de se importar conosco, de nos dar atenção e de investir no relacionamento, a confiança começa a se extinguir e a mágoa vai crescendo.
PÁGINA 42: A jornada da vulnerabilidade não foi feita para se percorrer sozinho. Nós precisamos de apoio. Precisamos de pessoas que nos ajudem na tentativa de trilhar novas maneiras de ser e não nos julguem. Precisamos de uma mão para nos levantar quando cairmos.
PÁGINA 42: Só depois de aprendermos a receber com um coração aberto é que poderemos nos doar com um coração aberto.
PÁGINA 44: Nada transformou mais a minha vida do que descobrir que é uma perda de tempo medir meu valor pelo peso da reação das pessoas nas arquibancadas. Quem me ama estará ao meu lado, independentemente dos resultados que eu possa alcançar.
PÁGINA 49: A autovalorização nos inspira a ser vulneráveis, a compartilhar sem medo e a preservar.
PÁGINA 57: A resposta está na resiliência, que é a nossa capacidade de nos recuperar rapidamente de um revés ou de nos adaptarmos a uma mudança.
PÁGINA 57: Se conseguirmos compartilhar nossa história sofrida com alguém que responda com solidariedade e compreensão, a vergonha perderá força.
PÁGINA 67: Mas a maior dificuldade para as mulheres – que amplifica a vergonha independentemente da área de atuação – é que todos esperam que nós sejamos perfeitas, e não nos é permitido nem sequer parecer que estamos trabalhando para isso. A perfeição simplesmente tem que se materializar. E tudo deve parecer fácil e sem esforço. Espera-se que sejamos beldades naturais, mães natas, líderes natas, e ainda precisamos pertencer a famílias naturalmente encatadoras.
PÁGINA 67: Quando penso nos meus esforços para ser tudo para todos – algo para o qual nós mulheres, fomos educadas – vejo como cada movimento que faço me retém ainda mais. E depois, quando tento me livrar, cada esforço para sair da teia me leva a ficar ainda mais presa. Isso porque toda escolha tem consequências ou leva alguém a ficar zangado ou decepcionado com você.
PÁGINA 92: Quando passamos a vida fugindo da vulnerabilidade, nós no fechamos para a incerteza, o risco e a exposição emocional da alegria. Queremos muito sentir mais alegria, mas, ao mesmo tempo, não suportamos a vulnerabilidade.
PÁGINA 93: Mesmo aqueles que aprenderam a se render à alegria e abraçar a experiência não estão imunes aos tremores incômodos da vulnerabilidade que muitas vezes acompanham os momentos felizes. Eles apenas sabem usá-los mais como um lembrete do que como um sinal de advertência.
PÁGINA 98: Perfeccionismo é um escudo de 20 toneladas que carregamos conosco, achando que ele nos protegerá, quando, de fato, é aquilo que realmente nos impede de sermos vistos.
PÁGINA 98: O perfeccionismo não é a chave do sucesso.
PÁGINA 99: O perfeccionismo é autodestrutivo simplesmente porque a perfeição não existe. É uma meta inatingível. O perfeccionismo tem mais a ver com percepção do que com uma motivação interna, e não há maneira de se dominar uma percepção, por mais tempo e energia que se gaste tentando.
PÁGINA 99: Para alguns, o perfeccionismo pode surgir apenas quando estão se sentindo particularmente vulneráveis. Para outros, o perfeccionismo é compulsivo, crônico e debilitante – ele parece um vício. Independentemente de nos encaixarmos num ou noutro tipo, se quisermos estar livres do perfeccionismo, precisamos fazer a longa travessia do “o que as pessoas vão pensar” para o “eu sou o bastante”.
PÁGINA 100: O amor-próprio tem três elementos: generosidade consigo mesmo, humildade e consciência.
PÁGINA 103: Uma das estratégias mais universais de entorpecimento é viver “loucamente atarefado”. Nossa sociedade aceitou a ideia de que, se estivermos sempre muito ocupados,a verdade de nossas vidas não nos alcançará.
PÁGINA 103: Precisamos refletir sobre tudo o que fazemos diariamente para nos anestesiar de alguma coisa: as doses de bebida alcoólica que tamos enquanto preparamos o jantar ou durante as refeições, as nossas 60 horas de trabalho semanais, o consumo abusivo de açúcar, o longo tempo passado diante da TV, o excesso de remédios e as várias xícaras de café que tomamos para tirar o torpor do vinho e do analgésico.
PÁGINA 107: Todos nós lutamos contra a ansiedade. É claro que existem tipos diferentes e, com certeza, diferentes intensidades.
PÁGINA 109: Viver uma vida emocionalmente saudável tem a ver com impor limites, gastar menos tempo e energia se preocupando com pessoas sem importância e enxergar o valor de se trabalhar para ter um vínculo de maior qualidade com a família e os amigos mais próximos.
PÁGINA 117: Como esperar que alguém desista de um modo de ver e entender o mundo que lhe tem mantido física, cognitiva ou emocionalmente? Ninguém é capaz de abrir mão de suas estratégias de sobrevivência sem ajuda consistente e sem o desenvolvimento de estratégias substitutas.
PÁGINA 118: Em geral, quando nos aproximamos de alguém e nos abrimos – revelando nossos medos, esperanças, dificuldades e alegrias – nós criamos pequenas possibilidades de vínculo.
PÁGINA 119: Grande parte da beleza da luz se deve à existência das trevas. Os momentos mais fortes de nossas vidas acontecem quando amarramos as pequenas luzinhas criadas pela coragem, pela compaixão e pelo vínculo, e as vemos brilhar na escuridão de nossas batalhas.
PÁGINA 123: Não importa se a sua grande ousadia for um artigo para o jornal da escola, uma promoção no emprego ou vender uma peça de cerâmica que você fez: estará na mira de alguma desconfiança ou de alguma crítica.
PÁGINA 136: As pessoas acham que só são boas se suas ideias forem boas, que suas ideias não podem parecer “estranhas” demais e que elas não podem deixar de saber algo. O problema é que as ideias inovadoras geralmente parecem loucas, e o fracasso e o aprendizado fazem parte da revolução.
PÁGINA 137: Nenhuma empresa ou escola pode ter sucesso sem criatividade, inovação e aprendizado permanente, e a maior ameaça a esses três elementos é a falta de motivação.
PÁGINA 138: A reumanização do trabalho e da educação exige uma liderança corajosa. Conversas honestas sobre vulnerabilidade e vergonha são pertubadoras. O motivo pelo qual não costumamos ter essas conversas nas empresas é que elas lançam luz em cantos obscuros.
PÁGINA 138: Vergonha produz medo. Ela diminui nossa tolerância à vulnerabilidade e com isso atrofia a motivação, a inovação, a criatividade, a produtividade e a confiança. E, pior ainda, se não soubermos o que estamos procurando, a vergonha pode destruir uma empresa ou organização antes mesmo de enxergarmos o sinal exterior de algum problema.
PÁGINA 139: Culpa, fofocasm favoritismo, apelidos pejorativos e assédio são comportamentos indicadores de que a vergonha impregnou a cultura de um lugar.
PÁGINA 145: Não solucionaremos as questões complexas que enfrentamos hoje sem criatividade, inovação e aprendizad estimulante. Não podemos permitir que nosso incômodo com a questão da vergonha nos impeça de reconhecê-la e enfrentá-la nas escolas e nos locais de trabalho.
PÁGINA: 145: As quatro melhores estratégias ára desenvolver empresas e organizações resilientes à vergonha são:
1- Apoiar líderes que desejem ousar, facilitar conversas honestas sobre o tema da vergonha e incentivar uma cultura de combate a ela.
2- Estimular um esforço consciente para detectar em que pontos a vergonha possa estar atuando na empresa e de que forma ela se dissemina na maneira como nos relacionamos com nossos colegas de trabalho e alunos.
3- Estabelecer padrões como forma de combater a vergonha. Líderes e gerentes podem criar motivação ajudando as pessoas a saberem o que querem. Quais são as dificuldades em comum? Como as pessoas lidam com elas? Quais têm sido suas experiências?
4- Levar todos os funcionários a conhecer a diferença entre vergonha e culpa, e ensiná-los a dar e receber feedback de maneira que isso encoraje o crescimento e a motivação.
PÁGINA 145: Apoiar uma cultura em que há feedback sincero, construtivo e compromissado é viver com ousadia.
PÁGINA 145: As empresas de hoje estão de tal forma focadas em avaliações de desempenho que dar, receber e solicitar feedback de qualidade se tornou raro.
PÁGINA 148: A vulnerabilidade está no âmago do processo de feedback. Isso vale para quem dá, recebe ou solicita feedback.
PÁGINA 149: Um dos maiores equívocos que vejo as pessoas cometerem no processo de feedback é se armarem. Para se protegerem da vulnerabilidade de dar ou receber retorno, elas se preparam para a briga. É fácil presumir que o processo de feedback só parece vulnerável para a pessoa que recebe o retorno, mas não é verdade. Um compromisso honesto em torno de expectativas e atitudes é sempre repleto de incerteza, risco e exposição emocional para todos os envolvidos.