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Lucratividade deve vir antes da busca por investimentos, acredita Wagner Muller, head de varejo da Zucchetti Brasil

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Foto: divulgação.

Em uma negociação de R$100 milhões, a Compufour, empresa que nasceu em Concórdia, foi integrada em outubro de 2020 ao grupo italiano Zucchetti.

Como uma pequena empresa atuando no interior, com clientes de micro varejo conseguiu chamar atenção de uma gigante multinacional italiana, presente em diversos países é uma pergunta cuja resposta tem uma forte ligação com a história do ex-CEO da Compufour, Wagner Muller

Hoje, atuando como Head POS Business Unit da Zucchetti no Brasil, ele sustenta o pensamento de que uma empresa tem que gerar lucro antes de receber investimentos, e foi isso que ele buscou para a Compufour, que já tinha 40 mil clientes ativos no Brasil e sistemas que movimentavam cerca de R$ 36 bilhões anualmente  quando atraiu o olhar da Zucchetti

“Sempre pensei que a empresa precisa se sustentar e ter rentabilidade. Isso se mostra importante quando a sua ferramenta é boa e está adequada ao mercado ao qual você se propõe atender, pois ela se sustenta. Nós vimos essa oportunidade no micro e pequeno varejo, um setor que muitas vezes é bombardeado pela oferta de ferramentas complexas, mas que na prática precisa apenas de soluções simples, mas que atendam às suas necessidades. Ele não precisa de um banquete, muitas vezes um prato de feijão e arroz (bem temperado) é suficiente”, destaca

Na história de Wagner, porém, o que fez a diferença foi não deixar de ter ousadia. Ele entrou na empresa em 1996, quando deixou um emprego em um escritório de contabilidade para ser office boy na nova empresa.

O que chamou atenção dele foi a possibilidade de usar um computador para testar o código que ele desenvolveu por hobbie em um bloco de papel.

Com grande interesse em trabalhar com código fonte, arriscou mudar de emprego para ter o direito de acesso a um computador. 

Em contato com sistemas e softwares, o interesse de Wagner por programação aumentou. Ao mesmo tempo, a Compufour cresceu, e chegou um convite para participar da Fenasoft, em São Paulo, pelo Governo do Estado.

“Não tínhamos noção de que uma feira é um evento para se mostrar, construir network. Na nossa visão, queríamos vender. Então fizemos umas caixinhas com o software em disquete, uma espécie de kit e vendemos todas, mais de 200 unidades. Por isso eu digo que, às vezes, a ignorância é aliada da ousadia. Nós não sabíamos como uma grande feira funcionava, e, por isso, acabamos inovando e vendendo muito bem”, aponta. 

Foi também neste evento que nasceu o modelo de negócio que daria espaço para a expansão da empresa. Wagner conta que, na feira, um visitante comprou dez unidades do software, para revender em sua cidade, mas pedindo um desconto:

“Para nós era uma oportunidade e fizemos a metade do valor. Até hoje, nossos 1.700 canais em todo Brasil vendem com no mínimo 100% de lucro”.

Ele foi se desenvolvendo com a empresa. Em 2005, virou programador e comprou 1% da empresa. Depois, teve uma experiência fora do Brasil, onde visitou Vale do Silício e NRF, em Nova York, por vários anos seguidos, se aperfeiçoou, mas principalmente, conheceu a mentalidade das pessoas e empresas referência em tecnologia.

Em 2015, tornou-se sócio majoritário, em 2018 foi promovido a CEO, até que, em 2020 ocorreu a integração à Zucchetti

“Hoje temos 45 mil CNPJs conosco e almejamos ser a maior do Brasil no setor de micro e pequeno varejo. Pretendemos fechar o ano com o dobro de funcionários, um salto de 150 para 300, e com mais de 90 mil usuários”, comentou. Wagner contou sua história no Varejo Tech Day,  que ocorreu no mês de julho, em Florianópolis, conta.

FUTURO

A compra foi um passo importante para o crescimento da Zucchetti no Brasil, mas a pretensão da empresa italiana é continuar expandindo no país. Dentro dessa estratégia, novos M&As devem ser anunciados neste ano.

A empresa está investindo cerca de R$ 150 milhões, buscando expandir os negócios e aumentar em 50% seu faturamento. 

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