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O dilema do inovador e seu impacto no futuro dos negócios

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Foto: Daniel Zimmermann.

Um grande desafio para as empresas se apresenta quando um ou mais concorrentes começam a capturar o mercado com novas tecnologias, novos modelos de negócios e novas formas de se conectar com as pessoas.

E, vemos muitos casos em que a empresa demora a reagir a essa mudança de paradigma, porque esses novos entrantes ainda são pequenos e, a princípio, não oferecem risco, enquanto a empresa continua crescendo, mesmo que em ritmo desacelerado. 

Uma nova tecnologia, processo ou modelo de negócios com potencial revolucionário começa necessariamente em pequena escala, e isso pode fazer com que os gestores das empresas estabelecidas não considerem essa ameaça, por ela ser ainda pequena.

Ou pior, nem exploram a possibilidade de entrar nesse mercado, porque o mercado ainda é muito restrito em relação ao tamanho da própria empresa. Essa avaliação, a princípio, é racional e faz sentido.

Mas tem um erro fundamental: não considera o potencial de crescimento, muitas vezes exponencial, dessa nova solução, e não consegue ter uma visão clara da real ameaça ao longo do tempo.  

O exemplo clássico é o da Kodak, que dominava toda a cadeia de produção de imagem em película e, ao mesmo tempo, inventado a patente original da fotografia digital, não conseguiu adaptar seu modelo de negócios para as novas plataformas tecnológicas, porque o modelo antigo era muito rentável. Quando tentou mudar, era tarde demais. 

Outro exemplo é o da Blockbuster, que era a rede de locadoras de vídeo que dominava o mercado americano e, ao ver o surgimento da Netflix, não deu a devida atenção.

A Netflix começou a operar com um modelo de entrega de vídeos pelo correio, até o momento em que a infraestrutura da internet tinha capacidade suficiente para que as entregas fossem feitas online, em tempo real.

A partir disso ela cresceu numa velocidade e num tamanho que a Blockbuster não conseguiu acompanhar. Hoje, a Blockbuster simplesmente não existe mais. 

Esse fenômeno se chama o Dilema do Inovador.

A falta de visão de longo prazo para conseguir perceber até onde as novas tecnologias poderão prejudicar e até destruir o seu modelo de negócios atual é uma grande ameaça para os empresários de hoje.

E o dilema do inovador está muito mais próximo do que imaginamos…

Seja uma empresa de tecnologia que tem sistemas legados e reage lentamente à evolução da concorrência, seja uma marca de moda que não se adapta a novos canais e novas formas de se conectar com os públicos.

Em qualquer segmento a ameaça existe, é real, e está presente a cada momento. 

E temos que ter consciência que a aceleração das mudanças não vai parar. Muito pelo contrário, ela só vai aumentar. 

Então, o que fazer?

Ficar muito atento aos sinais fracos, às mudanças que começam pequenas e podem desencadear transformações  disruptivas no mercado e gerar crescimento exponencial para uma nova solução do mercado, que complica a vida das empresas que estão estabelecidas. 

Porque a curva exponencial pode ter duas formas. A exponencial positiva, que começa pequena e depois se acelera rapidamentem, isso está acontecendo com as empresas que criam novos modelos de negócios com essas novas tecnologias.

E a exponencial negativa, que começa com desaceleração de crescimento, depois uma pequena diminuição de mercado, cancelamentos de clientes e, em um dado momento, despenca rapidamente e pode destruir a empresa que não soube responder ao dilema do inovador. 

As empresas, para reagir a esse dilema, precisam dividir sua atuação em duas frentes: Explorar e Prospectar.

Explorar: manter e ampliar os negócios atuais que estão estabelecidos, garantindo receita para financiar a operação e as atividades de inovação.

Prospectar: avaliar constantemente novos negócios, para reagir em tempo às mudanças de paradigma. 

Isso significa investir em novas tecnologias, mapeando tendências, acompanhando os movimentos dos concorrentes e observando atentamente novos entrantes, que podem surgir de qualquer lugar, com novas soluções disruptivas para o seu mercado-alvo.

Considerando o potencial de sistematização, padronização e geração de escala das novas soluções, a empresa tem que ter a mentalidade de criar dentro de casa, a nova tecnologia, o novo produto, processo ou modelo de negócio que vai matar o seu antigo modo de ganhar dinheiro.

Ao mesmo tempo em que a empresa mantém e amplia suas operações atuais e se prepara para enfrentar o processo de transição com o mínimo de impacto. Essa é uma tarefa gigantesca, mas, quando bem realizada, faz toda a diferença para o futuro da empresa. 

Investir para criar uma cultura de inovação é fundamental para preparar a empresa para esses desafios.  É com essa filosofia que vemos as empresas centenárias sobrevivendo, transformando seus negócios para se adaptar às novas realidades, às novas plataformas tecnológicas e às novas demandas dos clientes.

E, mais do que reagir às mudanças disruptivas, as empresas precisam buscar sua própria disrupção constantemente, mas dentro de um ambiente controlado, que não prejudique os negócios atuais, enquanto não tiverem massa crítica para conquistar o mercado.

É preciso ter um ambiente que incentive a criação de soluções para substituir os seus próprios produtos e serviços com novas bases tecnológicas e trabalhar efetivamente para lançá-los no mercado antes da concorrência, ou com consistência suficiente para superar os concorrentes no novo paradigma.  

O dilema do inovador é um dos maiores desafios da liderança atual. Não saber como reagir a essa situação pode destruir rapidamente uma empresa, mas por outro lado, saber como fazer a virada inovadora pode revolucionar a entrega de valor e multiplicar os resultados. A atitude dos líderes diante desse ponto de inflexão determina o futuro da empresa. 

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Estrategista de marcas, especialista em inovação de marketing e fundador da Nexia Branding.

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