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Uma cooperativa é o que faz pela comunidade que a acolhe

Crédito da foto: Mariana Andrade.

Um dos mais consagrados autores contemporâneos, o historiador israelense Yuval Noah Harari afirma que a humanidade só conseguiu deixar as cavernas e chegar aos quase 8 bilhões de habitantes atuais graças à nossa capacidade de cooperação.

Para o autor dos best-sellers Sapiens e Homo Deus, o ser humano é o único animal capaz de cooperar em larga escala porque constrói as bases dessa cooperação em conceitos que não existem de modo bruto na natureza, como o trabalho, a política ou o dinheiro.

“Todas as grandes conquistas da humanidade, da construção das pirâmides ao voo à lua, não foram o resultado de um gênio individual, mas da cooperação entre incontáveis estranhos. Sabemos que somos capazes deste tipo de colaboração”, afirma. 

O cooperativismo é uma das formas de organização humana que mais escancaradamente aplica essa característica humana, pois reúne pessoas em torno de interesses comuns.

Porém, embora sustente que cooperar é a essência da nossa coletividade, Harari adverte para os diferentes tipos de cooperação existentes.

Assim como a ajuda mútua é essencial para chegar à lua ou fazer uma descoberta científica, ela também está presente na trama de um golpe que possa prejudicar pessoas, por exemplo.

É por isso que o cooperativismo fixou como princípio há quase 200 anos o interesse pela coletividade, pois a união só faz sentido se, além de solucionar as questões práticas que justificam o nascimento de uma cooperativa, também alimentar o propósito de melhorar a vida ao redor.

Isso define o que chamo de sobrenome de uma cooperativa. É como ela se torna conhecida não apenas pelos seus cooperados, mas por toda a comunidade que a acolhe, e isso vai muito além do marketing.

Vou dar um exemplo: a cooperativa onde atuo há 25 anos, a Unicred, pertence ao ramo crédito e oferece soluções financeiras aos seus cooperados. O índice de satisfação de quem utiliza os serviços é excelente, superando os 90%, mas todos nós temos o compromisso de lançar um olhar para a coletividade.

Investimos em programas de educação financeira para crianças e de incentivo a estudantes universitários, temos projetos sociais voltados ao estímulo da arte e da cultura junto a alunos das escolas públicas e lançamos ações recorrentes de parceria com entidades assistenciais.

Temos compromisso com a sustentabilidade e neste momento estamos construindo uma usina para geração de energia solar que vai abastecer todas as nossas 19 agências.

São apenas alguns exemplos de responsabilidade social e ambiental presentes na nossa organização. Muitas outras cooperativas trilham de modo elogiável esse caminho.

A quem se interessa por conhecer o universo do cooperativismo, costumo destacar que não basta a cooperação pela cooperação, somente.

É preciso acrescentar sobrenomes que façam a comunidade identificar e reconhecer a atuação daquela cooperativa. E, é claro, esses sobrenomes deve vir acompanhado de atributos positivos.

Todo ano, ao prestar contas aos cooperados em seu relatório de atividades, a cooperativa precisa se orgulhar do que está contido no capítulo “comunidade”.

Essa natureza de cooperação entre seres humanos, como definiu Harari, é a mola-mestra da evolução.

Leia outras colunas do Marcelo Vieira Martins clicando aqui.

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CEO de cooperativa de crédito, autor de livros sobre cooperativismo e Influenciador Coop do Sistema OCB.

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